2023/01/06

Dia 2507

Deitei devagar, com meus fones de ouvido tocando um velho rock dos anos 90 onde a letra falava sobre um amor intenso. Abri os olhos e foi como se eu estivesse caindo, caindo pra cima. Como se eu pudesse me ver lá do alto. 

Eu deveria estar me preocupando menos, me apaixonando e aprendendo a tocar aquele violão. Deveria estar bebendo na mesa do bar ou na calçada em frente de casa. Eu deveria estar abrindo as portas que fechei anos atrás. 

Preciso de um beijo, de um abraço, de um refrão de Los Hermanos em Ana Júlia gritando dentro do carro com o som no máximo. Preciso de uma prece, uma oração. Preciso de um café, primeiro de tudo, um café. 

Esse é um pequeno bilhete de socorro de mim para mim mesmo tentando desesperadamente me encontrar nessas linhas novamente. 

A caneta caiu, o café esfriou e a música parou. Ainda pressiono suas cartas em meus lábios mas não lembro o som da sua voz. Então volto a deitar e ouvir aquele velho rock dos anos 90 e as lembranças são como ondas batendo sobre as pedras. Uma a uma batem forte e se quebram. Mas no fim, eu fecho meus olhos e finjo que ainda estou lá. Ainda estou lá, caindo pra cima.