2023/02/21

Dia 2508

As pessoas estão sempre buscando algo maior, melhor. Algo que as desafie a dar mais um passo. Eu, por outro lado só estou sentado aqui, fumando um cigarro e tentando ter um momento de paz. Assim, sozinho mesmo. Já disputo tantos desafios comigo mesmo que cansei de querer competir com o resto do mundo.

Rir como criança, ouvir canto de passarinho, sarar de resfriado, escrever um poema de amor que nunca será rasgado. Um café fresco, um abraço apertado, uma música favorita no carro com uma companhia gostosa. Encontrar aquele doce favorito na prateleira de uma loja aleatória, uma moeda no chão e um verso na parede da rua. 

Quero uma cabeça leve e um coração cheio, sem essa turbulência do mundo de querer o próprio mundo e acabar sem ter nada e acabar de mãos vazias. O grande mau de hoje é que tudo dura tempo suficiente para ser esquecido rapidamente. Substituído depressa demais, não há tempo para luta e as vezes a mesma luta nem começa e já estamos em outra. O grande problema dessa geração é que quando algo quebra ninguém concerta. Eu sou da época que quando algo quebrava a gente concertava e não jogava fora. Isso era para tudo, copos, aparelhos, brinquedos e pessoas. 

As pessoas que passaram pela minha vida com certeza deixaram uma marca em mim - boas ou não - e eu espero ter deixado uma marca boa nelas também. Garanto que tentei concertar algo naquele tempo mas as vezes era eu que precisava de concerto e por isso parti. Naquela fração da linha da vida foi eternizado um momento, um sorriso, um olhar. Isso valeu. A gente aceita e segue em frente e se ficou algo para trás, hoje faz companhia para a saudade. Uma saudade boa, gostosa, daquelas que faz a gente se sentir bobo.

Se eu quebro você cola, se você quebra eu espero mas se precisar eu concerto. Se quebrar de novo eu fico. Se nada der certo eu te ouço, te abraço e fico aqui. Eu continuo aqui.