2024/02/18

Dia 2538

 

Os azuis oceano me queimavam, seu hálito quente deixava meu corpo em brasa, seu gosto me tirava de órbita, mas seu corpo... Esse me desmontava. 

Me beija na rua, me leva pra tua casa, me deixa nu e diz que eu sou o que você procurava. Fale a eles sobre essa garota dos olhos pretos e de seu sonho louco. Meu coração ainda te quer, te busca, dispara só com o som da sua voz, mas tenho medo de todas as feridas cicatrizadas que nos causamos e que ainda estão marcadas em mim. 

A chave debaixo do tapete, uma desculpa só para te ver no meio da semana. Fazer amor na sacada, a batida no som do carro, o excesso de álcool na festa e a ressaca no sofá. A janela do ônibus e as mensagens no celular. Éramos tão jovens. Hoje eu pensei tanto, mas tanto em você, que tive que pausar tudo o que estava fazendo, fechar os olhos com força e respirar fundo. Sentei um pouco esperando o coração parar de doer. Não parou.

2024/02/13

Dia 2537


Há uma quietude inexplicável em uma xícara de café. E sentado aqui apreciando isso, o mundo parece quieto. Eu larguei o celular, voltei a escrever no caderno com uma simples caneta preta. Entrei no meu laboratório mental. 

Querido eu, me desculpe por não ter te salvado do caos do mundo até aqui. As coisas ficaram meio bagunçadas, mas vamos consertar tudo. São 7:00hs e o sol invade a casa pela janela da sala de estar sem pedir permissão. Como que um dia novo começa sem o anterior nem ter terminado ainda? Nem o dia, nem a vida esperam. Essa é a real. 

Estou sempre vivendo um dia para trás, pensando em um dia para frente. Entende? É necessário alinhar para o hoje, agora, às 8:20hs. A caneta vira pincel e com a tela em branco pincelo as dúvidas da minha vida ouvindo as músicas dos anos 2000. A cada batida, três estrofes de memórias misturadas com um jardim da sacada. A cada batida uma oração, um coração quentinho e uma sensação de felicidade. Um número digitado que nunca ligo, uma mensagem que nunca envio, um refrão que nunca canto. Tem dias que só no outro dia mesmo.

Olhar com calma aquilo que quero entender depressa. E quando fui ver, já me perdi em devaneios novamente. Já escrevi algumas linhas e lá se foram alguns minutos. Droga, eu não consegui parar o tempo naquele instante. Ou naqueles tantos outros instantes. E já foi, o café esfriou. 

2024/02/04

Dia 2536

 

Pra quem é de silêncios, qualquer barulho é trovão. Se eu sou maré baixa e calmaria, ela é uma tormenta e tempestade. Um abraço seu resolve tanta coisa. Me quer, eu me entrego. Não sinto nada pela metade, eu exagero. Somos de muitos, do contrário porque se conectar?

Imagine alguém dizendo "não posso te perder, vamos consertar isso" e provar isso um pouquinho por dia, mesmo não fazendo ideia de como fazer. Mesmo não tendo a ideia que já está fazendo só por estar ali. 

O mundo está cheio de metades, mas precisamos de inteiros. Mesmo que esse inteiro esteja faltando uma parte, nos encaixamos, nos preenchemos. Porque me envolver com alguém tão raso se sou tão profundo? 

Te amo, de um jeito cliche. Te amo café, flores e ouvir você respirando ao meu lado em mais uma noite de terça feira qualquer. Te amo pijamas esquisitos e pantufas de personagem. Te amo pipocas, mãos pequenas e olhos grandes. Te amo 23:00hs, mensagens carinhosas e textão. 

Eu abracei você pela primeira vez, de novo.