2014/09/27

Dia 1974

Espera ai, segura as páginas dos sonhos que não li. Eu estou apaixonado. Mas calma, era pra ser um processo mas foi repentino. Quando eu vi, já foi. Rolou um beijo, um abraço, um sexo e um amor inteiro de vidas inteiras. 
Quando eu me dei conta, já estávamos de mãos dadas, de lábios juntos, de eternidades misturadas. Refrões compartilhados, café na minha xícara e chocolate pra TPM dela. Quando fui ver, eu estava colocando crédito no celular dela e ela cobrindo minhas costas no meio da noite. Ela sorria e eu fazia careta, combina sabe? 
6 bilhões de almas buscando uma que esquente seu café e eu aqui fazendo o café da manhã dela. Ela andando de calcinha pela casa depois do banho e eu colocando Scracho pra ela escutar. Eu uso xadrez e ela listras, combina sabe? 
O tempo é mais curto, a vida é longa... A busca é sublime pra achar o sorriso dela quando ela não esta aqui. Mas calma! Tem o sexo. E o sexo, ah, esse é foda. É foda e amor ao mesmo tempo, combina sabe?
E hoje é sábado. E eu adoro os sábados. Porque aos sábados eu durmo na casa dela, na cama dela. Com ela. Então ela me ajuda a fazer a barba que eu nunca faço e eu faço massagem nos pés cansados da semana, combina sabe? 
Mesmo que eu acorde dolorido por dois dividir uma cama que é pra apenas um. Mas ai eu percebi... Ás vezes o amor é tão grande que cabe numa cama pequena.

Dia 1973

A melhor coisa que podemos dizer sobre uma fotografia é que ela vai ser sempre a mesma. Mesmo que as pessoas nela não.

Dia 1972

Eu vi crianças rastejando no chão, procurando algo pra comer. E eu vi grandes arvores, em pé ha dois mil anos, saudáveis.
Eu vi uma idosa chacoalhando a cabeça porque ainda não compreende a maldade no coração dos homens. E eu bebi da água mais fresca e mais limpa, na concha das minha mãos.
Eu estive em ruas tao sujas, que era difícil caminhar por conta disso. E eu peguei no sono ouvindo pássaros coloridos cantarem as mais belas melodias.
Eu vi muita dor e assassinatos nas telas das TVs. E eu senti os golpes das mais límpidas ondas no mar mais cristalino.
Eu vi pessoas gritando umas com as outras, raivosamente, dentro de seus carros. E eu respirei o ar das montanhas, que rejuvenesceu meu espirito.
Eu vejo as cadeias de fast food crescendo. E eu me alimentei de peixes pescados minutos antes de irem à mesa. Nesses tempos de guerra e consumo, em que nosso planeta esta aquecendo demais, é bom olhar à volta e perceber que ainda existem magicas, do chão ao céu. O amor é a única Revolução verdadeira.

Dia 1971

Cheguei a um ponto da minha vida por todas as experiências que tive, que se vejo alguém dando pra trás do que elas me disseram que fariam logo eu saiu da linha de rota delas. Algumas pessoas chamam isso de abandonar, eu, de não sofrer o efeito colateral.
Sei como é foda você depositar idéias, sonhos e tudo mais em um ponto e esse ponto desviar do caminho. Você pensa "Então, pra que eu estou fazendo isso?". Somos capazes de sobreviver a essas coisas horríveis, pois somos tão indestrutíveis quanto pensamos ser.
Quando o bagulho fica foda, a maioria corre ou fica esperando. Eu não sou do tipo que fica esperando sabe? Tudo meu é pra ontem. Esperar não é da minha natureza, então se quer me surpreender é só fazer algo que ninguém espera que você faria... Inclusive eu.

2014/09/19

Dia 1970

Espera ai. Cheguei agora da rua, passei no mercado e trouxe alguns congelados, batatas smile - sou viciado nelas - e alguns macarrões instantâneos. A vida de quem mora em apartamento sozinho se torna um pouco instantânea não é verdade? O bolo de caneca é instantâneo, o macarrão é instantâneo. Até a sopa em dia de gripe se torna instantânea. E agora nesse apartamento eu tenho que dizer que as coisas mudaram. Bom, desde que ela foi embora eu acho.
Mas pra você entender tudo eu tenho que contar como tudo começou. 
Estou esquentando um café e esse não é instantâneo, você quer?
Quando fiz 23 anos eu consegui comprar meu primeiro apartamento. Ainda estou pagando na verdade. Mas ele já é meu. Ele não tem nada de "Nossa!" ou "Uau!", ele é só meu. Algumas paredes e um piso de azulejo branco. Com o tempo ele foi ficando mais respeitável. Um sofá bacana que pegava a luz que vinha da sacada. Alguns discos de vinil na parede e quadros faziam a decoração. Aquela flor, como é mesmo o nome? Copo de leite. E tinha um vaso com 2 delas. Mesa de jantar. Algumas revistas e livros na estante. Estatua de buda e alguns símbolos indianos. Fotografias... Só da Marilyn Monroe em um quadro e duas de paisagens das viagens que fiz. Um sofa-cama na sala de couro preto. Um tapete peludo pra ficar style. E a mesa de centro de madeira escura com aqueles enfeites.
Era um sonho sabe? Afinal, que Paulistano não gostaria de morar no centro? Meu condomínio ficava no bairro da Consolação. Procura no google. É legal aqui. Tem bons bares. Grafite nas paredes. De vez em quando tiro foto de alguns e posto na internet. Clima agradável nas ruas e é só subir a rua e eu acabo na Av. Paulista pra tomar algo no Starbucks. Pessoas passeiam com seus cachorros na rua e recolhem a sujeira, o que é melhor.
No começo eu não ligava muito pra limpeza do AP. Era apenas eu. Mas sempre havia musica tocando em casa. O Rappa, Engenheiros do Hawaii. Paralamas. Titãs. Los Hermanos. Ultraje... De vez em quando até tocava um Oriente, Ponto de Equilibrio, Forfun, Haikaiss. 
Ás vezes eu ficava a noite na varanda vendo as luzes da cidade, brincando em tentar descobrir o que a pessoa que esta com a luz ligada no apartamento da frente esta fazendo. Ás vezes ela acabou de sair do banho ou esta falando com o namorado ao telefone contando como foi seu dia. Ou então esta arrumando as coisas pro próximo dia de trabalho. 
Nunca fui bom com palavras. Não sou poeta, mas escrevo como se fosse um. Queria ser. E se fosse, escreveria sobre as luzes da cidade. 
Então veio essa garota. Que começou a frequentar meu apartamento. Acho que foi nessa parte que eu comecei a arrumar meu AP. E regar as plantas. E passar o aspirador. Essas coisas.
E ela, essa garota, vinha me visitar com frequência. Então a casa sempre estava limpa. A geladeira farta, nada rápido de fazer porque eu queria que ela ficasse por muito tempo ali. Então eu cozinhava pra ela ficar pro jantar. Escolhia o melhor playlist de Engenheiros porque ela adorava Engenheiros. Dai a gente sentava na varanda e ficava vendo as luzes da cidade juntos. 
Quando eu chegava da rua, tinha a mania de passar a chave na porta e colocar a chave em cima da bancada em frente a porta. Tinha um espelho grande e redondo nela. Para aquela ultima olhadinha antes de sair sabe? O telefone da casa ficava nessa bancada também e um bloquinho de anotações com uma caneta. 
Ela já tinha vindo tantas vezes que passava direto pela portaria. Quando sabia que ela vinha eu deixava a porta aberta enquanto eu cozinhava. Entrava como se morasse ali. Eu gostava disso. 
Mas então simplesmente um dia ela parou de vir. Só nao veio mais. Talvez tenha se enjoado de ouvir Engenheiros do Hawaii ou sei lá.
Eu parei de ouvir a risada dela cruzando a porta. Não tem mais música no apartamento, agora é só silêncio. As comidas são instantâneas. As luzes parece que se apagaram todas e eu nem acho mais meu controle remoto nessa sala enorme. 
Mas sabe que, eu ainda deixo a porta aberta. Eu ainda sento na varanda. Eu ainda espero ela entrar.  

2014/09/16

Dia 1969

Falar de sexo é sempre um pouco complicado, certo? Errado. Sexo é fácil de falar. Sexo também é fácil de fazer. Na verdade, sexo é foda. É tão foda que você acha muito fácil. Uma foda barata, uma foda sem sentimento, sem o se apegar. Aquela foda rapidinha numa noite de quarta feira sem lembrar nomes nem trocar números de telefone. Tem até aquela foda de um feriado solitário. E a foda de aumentar o ego. E até a foda de pensamento.
Mas e fazer amor? 
Fazer amor é diferente, você liga no dia seguinte e diz que ela foi incrível e que ela é linda. Ou então nem precisa ligar pra deixa-la dormir, mas manda uma mensagem pra ela ler quando acordar. Você dorme o sono dos anjos depois de fazer amor. Assalta a geladeira, fuma um cigarro, fica abraçado na cama e abre a janela pro ar entrar. Quando você faz amor não sente culpa como se fosse algo errado ou, politicamente incorreto. Porque afinal, é amor e quem julgará o amor?
E há aqueles que são pateticamente evasivos, vivendo a vida como um gozo que nunca é ejaculado, fodendo a vida como um sexo que nunca fará. Existem os que trepam, os que correm e os que amam. Simples assim.

Dia 1968

Quando você sente uma dor pela primeira vez ela parece insuportável. Parece que você vai morrer ali e que nada vai parar aquela dor. Uma pedra no rim por exemplo, quem teve sabe como é. A dor do parto também. E até mesmo a dor do coração partido.
A primeira dor é mortal e nos faz morrer - inevitavelmente -  pela primeira vez. Conforme sentimos a dor com mais frequência acabamos nos acostumando com ela. E ela já não se torna um mal tão grande assim. O grau de dano é bem menor do que o da primeira vez. 
Nisso vem a segunda, terceira, quarta vez. Porém apenas um coração. Sim, eu confesso. A dor pior é de um coração partido. Depois de uma, duas, três vezes o coração já fica calejado de tanta dor e ela acaba se tornando sua amiga. Sua aliada. E você aprende a lidar com ela. A cuidar da sua dor. Porque ela é sua e de mais ninguém. Fundamentalmente, sem possibilidade de odiá-la ela é totalmente sua. E não a reneguem, pois ela é muito boa. Nos lembra, muitas vezes de que ainda estamos vivos. 
Tem dias que somos a dor que causaram na gente e tem dias que somos a dor que causamos em nós mesmos. 

Quantas vezes eu não senti vontade de sair do corpo e encarnar um objeto sem vida. Um lápis talvez, ou qualquer coisa inanimada, silenciosa, parada, sem vida. Pois era assim que eu me sentia. Mas passou. Eu chorei, as lágrimas acabaram, tudo acabou. Meus olhos secaram, e eu descobri a inutilidade de chorar por coisas que não valiam à pena. A dor é igual um barco que você observa da praia, parece que está parado, você se distrai com outra coisa, e quando vai ver o barco está longe. Se você estava sentindo uma dor quando começou a ler isso, agora ela é menor do que antes. É difícil de acreditar quando se está mal, tudo vira dúvida, mas eu entendo. Você pode não saber, mas supera. Sua cama parece o melhor lugar, então deite, durma, esqueça. Ou não esqueça, mas deite e coloque sua música predileta no fone, escute e ignore um pouco essa sua vontade de sair por ai, gritando aos sete ventos metade das coisas que sente. Também não publique a dor em redes sociais, ninguém liga pra isso realmente. Não é errado não saber tudo, só não se esqueça de saber o essencial, que é esquecer. Tudo passa, e não são só os momentos perfeitos. Por mais que a dor te lembre e te incomode, ela nunca diz a verdade completa… Ela nunca diz que vai passar.
Em dias tristes, todo café é amargo, todo livro é chato, o clima é frio, as roupas incomodam, a comida perde o sabor, e a vida é cinza, mas isso é apenas a ótica de uma pessoa decepcionada, pois é capaz que nem esteja tão ruim assim, mas as lágrimas são capazes de obstruir a visão.
E quantas vezes eu quis ser um lápis ou qualquer coisa assim?
Por fim, concluímos que ás vezes aguentamos mais dor do que somos capazes de suportar. 

2014/09/13

Dia 1965

Ja deve ter ouvido falar naquela frase de "é você e sempre vai ser você" certo? Mas sabe de onde vem a origem dela?
Senta aqui um pouquinho. Pega um café ali, acabei de fazer... deixa eu te contar tudo como foi.
Eu era bem pequeno em relação ao descobrimento do mundo, em particular o meu. E não entendia muita coisa e até hoje eu não entendo. Bom, é... sobre ela, eu não entendia muita coisa sobre qualquer coisa ou, coisa alguma. Mas eu sabia. E não era o tipo de coisa que você aprende com o tempo e convivência sabe? É mais uma das coisas que eu não entendo e nem forço a entender. Eu só sabia e eu sabia tudo sobre ela. Tudo que tinha pra saber. Desde de qual picolé ela queria comer ali na hora até a aflição ao separar o bombril nas mãos dela. E eu não precisei aprender nada disso. Eu só sabia cara... eu só sabia.
Acho que é porque eu era igual a ela ou porque a amava de verdade. Não sei direito dar um significado do porque, mas sabia de tudo. É o tipo de conexão rara, pura e especial. Única. Quase extinta. E é, temos isso. Muito disso.
Não faltava o essencial, eramos felizes apenas porque o dia nasceu. 
Começou ai entende? Se ontem ela era meu crime hoje ela é minha sentença. Estava feito. Todo dia em meio as cenas vazias ela me dava um ponto de equilibrio, uma coisa pra ser visionária. Todo dia eu tenho que me levantar e ir trabalhar. Todo começo de mês eu tenho que pagar minhas contas. Toda dia tem algo que se torna rotineiro e ela me faz sair disso. 
São 23:50 dentro desse busão vazio voltando da casa dela e tudo que eu quero é pegar o sentido contrário e voltar. Voltar pra casa dela, pro sofá dela, para os braços dela. Pra ela. Pra ela cara!

2014/09/08

Dia 1964

Eu queria que as pessoas parassem de reclamar do amor que não deu certo e começassem a seguir em frente e procurar um amor que dê certo. Eu queria que as pessoas parassem de procurar motivos para não amar alguém e começasse a ver que viver é amar. Eu queria que as pessoas parassem de amar o passado e começassem a se apaixonar pelo futuro. Eu queria que as pessoas pensassem nas atitudes e nas palavras antes mesmo de pô-las em prática. Eu queria que as pessoas começassem a se amar primeiro, antes mesmo de pensar em amar alguém. Eu queria que as pessoas valessem o perdão que costumamos oferecê-las sempre que erram conosco. Mas, na verdade, eu queria mesmo era seguir os meus conselhos.

Dia 1963

Nós não demos certo. Nunca daremos. Nunca daríamos. Mas eu gosto de pensar que um dia demos certo. E que fomos felizes.

2014/09/01

Dia 1962


Antes de qualquer coisa eu digo que você não deveria ler esse texto até o final. Você tem dezenas de outras coisas mais interessantes para fazer que vão ocupar ao máximo seu tempo e a bateria do seu celular, o mesmo que você segura agora ao ler cada palavra aqui. 
E assim como a bateria do seu celular que já esta ultrapassando a barrinha verde para ir á "zona de perigo" muitas coisas acabam. A pergunta inicial de tudo isso é: O que é infinito?
Sim, eu assisti A Culpa é das Estrelas esse final de semana deitado debaixo da coberta na cama com a minha mulher comendo sorvete de chocolate branco, me julguem. Foi um pouco depois quando eu estava na padaria e mandei foto da geladeira pra ela escolher o sabor e ela disse pra levar o Laka branco. Eu pensei comigo "boa escolha", eu sou viciado nessa droga. Mas ela não sabia até eu comer duas travessas. Enfim... Colocamos o filme e eu não coloquei muita fé nele. E ele é bom sabe? Não é um clichê, ele me surpreendeu. Não é nenhum blockbuster mas conseguiu me fazer pensar. O garoto da história diz que seu maior medo é ser esquecido. É, quem não quer ser lembrado né amigo? 
As pessoas fazem isso desesperadamente todo o tempo com suas fotos de si mesmas. De uma forma incrivel tentando marcar o tempo todos os dias para que daqui, 10-20 anos pensem como mudaram ou o que conseguiram nesse tempo. Mas tenho que dizer, isso é um tanto quanto inutil. 
O primeiro questionamento que veio na minha cabeça foi: O que devemos fazer para sermos lembrados? Schopenhauer fez mais do que mudar o rumo da historia e você, aposto, que nem sabe quem é esse cara. Schopenhauer acreditava no amor como meta na vida, mas não acreditava que ele tivesse a ver com a felicidade. E ai podemos incluir o dizer de Shakespeare, dizendo que: "A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional." Significa que não necessariamente porque você ama, você esta feliz. E quer saber porque? Eu conto...
Por causa do medo. Voltando ao filme, podemos dizer que eles temiam a morte não por ser um fim, finito, mas sim... Porque iriam se afastar. Todo mundo tem medo de alguma coisa, não da pra negar. E o segundo questionamento que veio na minha cabeça foi: Do que você tem medo?
Eu, mais do que a maioria sei o que é ver algo ser finito. Eu já devo ter dito - é claro que eu já disse alguma hora - que perdi meu pai muito cedo. Eu tinha dez anos. Iria fazer onze, um mês depois que ele morreu. Naquela época, em frente ao jazigo dele por diversas vezes me vi pensando na vida e como ela é frágil. E ali, eu tive o primeiro entendimento do que é algo finito. E não digo de matéria, mas de algo que simplesmente não vai mais existir e somos obrigados a aceitar. Sabe, namoro que você terminou da pra reconstituir. Dinheiro que perdeu da pra conseguir de volta com bom trabalho. Uma bota velha da pra ser concertada. Mas tem coisas que não tem como voltar. Eu queria ter tido a oportunidade de dizer como eu o amo e como sinto a sua falta. Mas não tive. Ás vezes demoro mais no banho e fico falando comigo mesmo, como se ele pudesse me ouvir. Espero quando encontra-lo novamente ele me diga "é, eu ouvia tudo" assim não vou me sentir tão idiota por falar sozinho debaixo do chuveiro.
Não sei definir palavras como 'único' ou 'amor' e até mesmo 'tempo', mas sei definir palavras como 'saudade' e 'esperança'. Saudade é quando eu estou na fila do supermercado e vejo um pai brincar com seu filho no carrinho. Esperança é o que eu tenho quando penso que posso fazer isso mais pra frente. 
Assim, da mesma forma que eu não consigo algumas coisas porque entendo o que é o finito eu penso quando escrevo. Quero dizer, esse pode ser meu último texto. O que eu deveria dizer? Algo engraçado para fazer aparecer um sorriso nos lábios ao chegar no ponto final? Ou algo emocionante para que você retire trechos e cole no seu mural, na legenda da sua foto na praia ou algo assim? Ou os dois? Eu penso nisso por breves segundos e logo esqueço e continuo a escrever. Bom, mas nem sempre as coisas se acertam no próximo parágrafo não é mesmo?
Por isso, eu quero pedir desculpas a cada mulher que magoei porque fui um babaca. Em especial a minha mulher. Não que isso vá valer de alguma coisa mas, enfim... Se esse for meu último eu não quero pensar que não disse o que deveria.
Aliás, por favor nada de tristeza. Não é á toa que eu só tiro foto fazendo alguma graça, nada de sorrisos ou caras simpáticas. Eu gosto mesmo é das caretas. Não quero minhas fotos expostas em um video com alguma música triste de fundo e as pessoas chorando olhando aquilo. Eu morro de novo se isso acontecer. Mostrem as caretas e toquem Brasilia Amarela dos Mamonas. Nada de igreja ou padres passando mensagem de esperança em trechos da Biblia. Isso é pra quem quer pedir perdão ou agradecer pelo filho que sarou de uma doença. Me levem para o campo e um data-show enorme. Quero as pessoas tirando sarro de mim e rindo junto comigo. Ao fim, joguem minhas cinzas ao mar. Recebam isso como um pedido pessoal, isso claro, se esse for meu último texto. 
E... Lembram da mulher do sorvete Laka? Bem, depois de falar tanto de finito deixa eu falar um pouco de Infinito. Ela é meu infinito cara. E não há nada mais importante pra mim. Não há nada que eu faça no meu dia ou pense que ela não esteja ali. Eu fui embora e voltei e ela ainda estava aqui. As pessoas não fazem mais isso. As pessoas não fazem e ela fez. Depois de nós dois destruirmos nosso relacionamento, foi ela que nos salvou. E por isso eu vou ser eternamente grato. Ela nem faz idéia de que eu estou falando dela nesse exato momento, ela esta na faculdade e eu deveria estar estudando. Mas que se dane, ela é linda e tem o melhor abraço de todos. E de uma forma que não sei explicar, ela salva todos os meus dias. Antes, agora e depois. Tudo isso porque ela é meu infinito. 
Alguns são maiores que outros. Obrigado.
Eu te amo.