2020/08/19
Dia 2490
2020/08/16
Dia 2489
A minha é essa: Quando eu era criança costumava girar e girar no mesmo lugar, depois deitar no chão. O mundo inteiro rodava e parecia que eu estava caindo. Caindo pra cima. E quando tudo parava, só restava o silêncio e a imensidão do telhado do mundo inteiro lá no alto. Não sabia, mas ali eu estava feliz.
Eu olho o céu toda noite mas já faz muito tempo que não encontro silêncio em meio a esse monte de letras tropeçadas tentando escrever alguma coisa que fizesse sentido. Para mim. Para você. Quando escrevemos algo, nunca sabemos quantos corações vão ler aquilo. Mas sei que escrevi esse texto cruel demais para ser lido rapidamente afinal eu quis sempre dizer mais coisas e desde que criamos a noção de tempo, a espera nos mata.
Espera. Fico aqui sentado esperando você me dizer qual vai ser a hora que vai quebrar meu coração. Porque no fim do dia continuo sem saber seu CEP, qual seu cheiro, qual seu gosto e se prefere andar de pijamas ou de calcinha e camisetão descalça nas noites de verão. Se eu deveria discar seu número e dizer que estou indo e ainda se o grave da minha voz arrepia os pelinhos do seu braço.
Fico preocupado se quem beija seus lábios esta reparando no desenho que eles tem e em como é fácil fazer você sorrir. É realmente fácil, você gosta de palavras pequenas, elogios simples, inesperados e sinceros e piadas instantâneas com um pouco de sarcasmo. Mas só um pouco. Fico preocupado também se quem segura sua mão sabe que esta segurando meu mundo inteiro. Ainda, fico preocupado se quem toca seu corpo se importa em fazer isso ser perfeito.
É a coisa mais maravilhosa e terrível que pode acontecer com a gente. Como se só houvesse a escolha de nadar ou se afogar. Você sabe que encontrou algo incrível e quer levá-lo consigo para sempre. Um segundo depois de ter aquilo, fica com medo de perder. Essa coisa, essa coisa bonita que todo mundo quer é a dúvida mais gostosa de se ter. Mas moça, você não sabe quantos sorrisos eu dei hoje só por lembrar de você. Pode não saber mas aqui estou eu, caindo de novo pra cima e pode acreditar... Feliz.
Se isso tudo é verdade? Você nunca vai saber. E no fim, eu deixo a luz acesa só para ver você sorrir mas, me conta uma história antes?
2020/08/06
Dia 2488
Se eu fosse escrever uma carta sobre minha vida seria meio um manifesto raivoso, meio uma carta de amor. Passei anos difíceis aprendendo que a vida é boa, embora tenhamos momentos ruins. Momentos durante o dia, a semana, o mês, o ano, sim. E assim como peças de dominó caindo em sequência sem o desenho ter terminado, a vida para mim é aquela vontade de começar um novo desenho colocando a primeira peça novamente de pé.
Hoje é 06 de agosto. Acordei com vontade de transar. De gozar e sentir aquele relaxamento que vai até o dedo do pé. Depois passar um café fresco e apreciar o cheiro do pó desfalecer na água quente. Tomar um banho e de cabelos molhados ir ao mercado, comprar flores novas e coloridas para o vaso da sala. Ficar parado dois minutos a mais no farol só para terminar de cantar o estrofe daquela música do Marrom 5 que fala sobre domingo de manhã.
Colocar a chave sobre a mesa e tirar os sapatos. Pisar descalço sobre o tapete fofo e confortável. Contrair os dedos e ligar a tv para assistir qualquer programa aleatório. Pegar no sono, acordar 9 da noite. Ficar na varanda fazendo amor com a noite. Pensar nela, mas ta chovendo dentro dela, quase que um temporal.
Beije-me. Se você vai partir meu coração, este é um bom começo. Não me dê espaços. Espaços são ruins e tristes. É o vazio que machuca a alma. É o procurar e não achar algo que estava logo ali, como a sensação desesperadora que é não conseguir lembrar de um pensamento recente, ou uma palavra fácil. Já é o fim do dia. O foda é o fim do dia, cara. E aqui estou eu, colocando novamente a primeira peça em pé.