2016/12/27

Dia 2347


Às vezes paro, relaxo e começo a escutar o silencio. Por muitas vezes ele me disse coisas incríveis, apaixonantes, invejáveis. Em seus dias de raiva ele preferia ficar calado, mas eu sempre o sentia. Alguns me julgavam como louco, mas mal sabe eles o bem que eu sentia ao conversar com meu coração. Você pode até achar estranho, mas tenta ficar 5 minutos em silencio, sem nenhum barulho, controla tua respiração e escuta o que teu coração tem pra te dizer. Não que ele vá dizer tudo o que tu precisa fazer, mas tu descobre o quão pequeno tu é, mediante a imensidão do que pode sentir. O coração meu caro, não é nada complicado, ele é simples, claro… Somos nós que nos afundamos naquilo que achamos que é melhor e não naquilo que o nosso coração grita pra sermos, e sabe para o que é? Para sermos felizes.
Desde o inicio da minha vida eu sabia como queria ser. As palavras me disseram isso. Eu fui criado onde via meus pais trabalharem duro com serviços simples do tipo que não ganha gratificação por não ser um Dr ou Dra. Minha mãe nos arrumava sempre pra ir para escola, queria que fossemos impecáveis e exemplares. Reparava em cada detalhe. Posso dizer que herdei os olhos dela. Sempre procurando, sempre olhando. Por isso hoje eu gosto de fotografia, eu acho. Muitos detalhes. Mas não foi só isso. Foi a música, a galera alternativa, a arquitetura da minha vida que mudou completamente. 
Começar a explorar o inexplorável. Encontrar a minha paixão. Eu queria ver o mundo subindo, ansiava para ver a estrada selvagem sob os meus pés. Isso fez com que eu vencesse alguns medos e temores. Ganhasse equilíbrio. Conhecer meus pés e mãos. Queria sair por ai, fogueira, contando histórias, cantando músicas. Tudo isso coloquei na minha mochila e a vagar por ai. De alguma forma isso me seduziu, dando-me uma direção a seguir, um propósito. Eu poderia ser qualquer coisa. Um barbeiro ou um garçom. Um artesão ou um fazendeiro. Mas sou escritor e brinco com as palavras. Há 25 anos venho fazendo isso. 
E então aconteceu, ela chegou. Minha musa, parceira de crime. Me senti apaixonado pela última vez e meus sonhos como se estivessem se realizando. Encontrei meu lugar. Meu lar. Mas agora, isso me assusta. O estilo de vida que uma vez me inspirou me tira de casa por longos períodos. Minha ohana, minha família... Tenho medo do que vou sentir falta. Dos sorrisos, dos choros. Eu não quero perder esses momentos. Eu penso sobre isso, tenho mais cinco ou seis verões. Então decidi transmitir aos meus mais próximos quem eu sou realmente.
Falar sobre respeitar nossos recursos naturais para que possamos apreciar a beleza deles um dia a mais. Para poder ver a beleza de todas as coisas e todas as cores. Sobre os detalhes da vida. Eu queria dar-lhes meus olhos. Encontrar a própria alma na música e se divertir. Podem cantar e dançar. E se podem dançar. Quando você dança, você comemora. Esta tudo conectado. Isso tudo nos ensina a expressar. Construir. E podemos construir qualquer coisa dentro de nós, com trabalho duro. Dedicação. Integridade. Código moral. 
Desde o momento que sai da casa da minha mãe para construir uma casa com a minha esposa, todas as sensações me levaram a sentir que algo não mudou. Algo ficou em mim através de tudo e que levo pela estrada. Um conforto, um disfarce, uma armadura. Isso é cheio de gargalhadas e risos gravados. Marcados de memória. Cada lágrima que faz com que eu viva sempre. Tudo que eu sou. E chegará um dia que vamos embora. Meus filhos ou meus netos vão saber que esse é o campo da batalha da minha vida onde levei todas as minhas memórias. E a vontade deles de saber que esse é o campo da minha vida.

2016/12/26

Dia 2346

As pessoas por quem me apaixono nunca são pessoas apaixonáveis - é uma espécie de lei. Porque de alguma forma eu sinto que essas pessoas precisam de amor e fogo, então eu as afago e queimo. Embora isso nem sempre seja aceito de bom grado, eu perdoo repetidamente e depois sigo em frente. Quando você cuida muito de alguma coisa e traz o calor e a vida de volta, essa coisa se torna mais especial. Você a salva. Não é um favor e nem carece de gratidão alguma. É como eu sei amar e pronto. Amo o que tem de mais quebrado no mundo. Às vezes dá na telha de consertar, quando é possível. Depois eu prossigo. Na minha. Meio exausto do trabalho manual e das pancadas todas e cortes. Do tipo “você não é fundamental aqui” ou “ninguém te pediu pra ser assim”. E eu sei. Mas é como eu sei ser, então sou. Não sento esperando um perdão ou uma validação por isso. Sigo meio calejada como qualquer outra pessoa. Amanhã ou depois passa e eu caio na lábia de amar de novo. Como se eu pudesse curar o mundo com a minha saliva ou algo assim.
Te amo. Só isso. Tudo isso. E é essa minha resposta quando você me pergunta por que eu ainda estou aqui. É simples, sem enrolação, sem respostas complexas e filosóficas: Só te amo. E te amar já basta. E te amar me revigora e me dá forças pra aguentar o resto. Mas a minha maior questão ainda não respondida é: E quando só o amor não for suficiente? 
Amigo, o amor vale a luta. 

Dia 2345

Então, é dia 25 de dezembro outra vez. As luzes, eu adoro as luzes de Natal. Ás vezes paro em frente as vitrines iluminadas a noite só pra ficar vendo elas piscarem. O vermelho e o azul intercalando com o branco. Eu gosto muito. Ano passado eu me sentei em uma cafeteria na Av. Paulista, dava pra ver o prédio do Bradesco enfeitado e mais longe um pouco o prédio da Gazeta. Tomava um expresso, muito bom por sinal. Mas o foda era a companhia. Não havia nenhuma para ver as luzes da cidade. E naquela noite a cidade parecia mais iluminada do que nunca.
Encontre alguém que veja as luzes da cidade com você. Assim, sem pressa. Sem compromisso. Apenas que aceite seu convite inesperado e que venha. Pessoas que apenas vão realmente é o que anda faltando por ai. Imagina que louco seria você fazer um convite pra deitar e ver estrelas e essa pessoa aceitar? Algumas pessoas esqueceram como é ter esse tipo de coisa, estão mais preocupadas com o horário do ônibus ou o valor do almoço. Mas é dia 25 de dezembro outra vez. 
E as luzes da cidade ficavam tão bonitas refletidas naqueles cabelos amarelos quase brancos. Era tudo quase uma poesia visual. Poderia eu lê-la a noite inteira. Claro, se ela estivesse lá. Não precisava nem dizer nada, apenas estar lá. A maioria das pessoas imagina que o importante, no diálogo, é a palavra. Engano, e repito: – o importante é a pausa. É na pausa que duas pessoas se entendem e entram em comunhão.
Por fim, é dia 25 de dezembro outra vez. E quantos amores estão durando até hoje?

Dia 2344

Você sabe. Eles dizem que vai passar, e tudo que você consegue pensar é na sua dor e se eles têm coração para falar algo tão absurdo. Porque dói, porque sangra, porque não é algo que se restrinja à adolescência e a juventude, mas pode marcar toda a vida. Eles dizem que é pouco, o que você faz é fugir e se livrar dos julgamentos porque você não quer chorar, você não quer ser visto, você só deseja não sentir tanto. E o pior, você sente mais e eles não param de tentar consolar o inconsolável. Você sabe, ou apenas eu passei por isso?
Queria ser parágrafo resumido mas acabo sendo uma longa história. Ninguém chega nem na metade e acabo ficando ali empoeirando na prateleira com um marca páginas bem na parte decisiva. Quem vai saber que o desfecho que leva ao ponto final esta cruzando a página 122? Ninguém lê aquilo onde o livro que a contra-capa não diz algo interessante. Minha contra-capa é um resumo inútil das 25 páginas iniciais. Para saber na íntegra, cada linha diz um ponto principal e o final? Ah, o final é de matar. 
Acontece que não sou essa pessoa risonha que as pessoas costumam ver. Na verdade, gostaria que soubessem que quando dou risada, é quando mais preciso de um abraço. E eu ando sempre sorrindo nesses últimos meses.



2016/12/23

Dia 2343

Era mais uma daquelas cenas de bar onde o cheiro do Whisky era tão forte no ambiente que chegava a carregar o estomago. Aquelas mesas de madeira rústica, as prateleiras com garrafas de líquidos coloridos. Os quadros envelhecidos na parede. As luzes brancas e meio amareladas decorando o lugar. Chão de madeira rangendo com os passos das botas dos bêbados e solitários que ali entravam. Homens que vinham de todas as partes com várias histórias para contar. Alguns já vencidos pelo álcool no canto do salão principal. A minha barba por fazer e a roupa que... Bem, eu não lembro o dia que eu coloquei essa roupa.
As garotas eram bonitas e sensuais. Se movimentavam que parecia em câmera lenta. As roupas coladas e algumas com botas de couro até o joelho. Os perfumes eram suaves e só dava pra sentir o cheiro quando elas chegavam perto. Carolina Herrera, Gabriela Sabatini... Porque os melhores perfumes já tem nome de mulher? Boa parte dessas garotas só estavam ali pra curtir. Encontrar um cara descolado, dar uns amassos no canto do bar e contar para todas as amigas da mesa que ficou com ele. Algumas delas estavam atrás de uma foda carente, de uma noite só. Uma ou outra vinha e pedia meu cigarro. Colocava o meu na boca pra acender o dela e então deixava a marca de batom e o gosto dos lábios dela na minha próxima tragada. 
Você tira a camisinha e acha que a noite acabou. Você apaga o cigarro na calçada e acha que a noite acabou. Você da uma última golada na garrafa verde brilhante e ainda acha que a noite acabou. Mas quase sempre, nessa vida... A noite acaba. Na hora que você para o mundo começa a rodar. Você se sente enjoado. Parece que é o pior dia que você já teve, mas outros sequencialmente vem posteriormente. E ai fica a dúvida de qual foi o pior de todos eles. 
Ontem cedo eu acordei e tudo isso que acabei de falar foi um sonho que tive. Eu acordei porque tinha uma pequenininha cheirando a talco com menos de 5kg se mexendo no meu peito. Ela mexia os lábios ainda dormindo como se quisesse dizer algo. Quando acordei ela foi a primeira imagem que vi. Eu nem lembro como fomos parar ali, acho que foi ontem por volta das 2 da manhã que ela chorava de cólica. Não queria acordar a mamãe então fui para sala. Quando a cólica passou acabamos pegando no sono juntos. Mamãe ainda não acordou, precisava descansar. Nem sabe a aventura que tivemos até a cólica passar. Mas eu conto assim que ela acordar.
Com o passar dos anos vou ter que ensinar que não há monstros debaixo da cama. Vou ter que ensinar a amarrar os sapatos. Vou ter que ensinar o caminho de volta da escola. Vou ter que ensinar até a pedir desculpas para a mamãe quando ela estiver errada. Quando recebi a noticia á principio pensei "Uau, eu vou ser pai... Mas como se troca uma fralda?" Eu não sabia fazer isso e também não sabia a temperatura da mamadeira. Alguns dias liguei pra minha mãe. Alguns dias vi na internet. Alguns dias descobri sozinho mesmo. Ás vezes o choro é porque tem um dentinho nascendo e não é cólica ou fralda suja. Aprendi que é sempre bom ter um paninho perto na hora do arroto. Aprendi que quando ela olha pra mim é como se nada no mundo fosse ruim e eu estivesse sendo perdoado por cada erro só por estar ali, cuidando dela sem pedir nada em troca a ninguém. Mamãe também sabe como é isso.
Passei muito tempo da minha vida procurando um sentido que fizesse lógica a minha. Procurei nas pessoas uma companhia e nos meus relacionamentos uma direção. Não encontrei nenhum dos dois. Anos depois percebi que as coisas só vão acontecendo. Sem uma ordem lógica e explicativa que faça sentido de inicio. Você pode perder o primeiro ônibus do dia e nem imaginar que por isso acontecer você se livrou de um acidente na esquina da Av. Principal. E no meio dessa falta de lógica eu me encontrei. E encontrei ela também. Ela é algum tipo de salvadora. Acho que no fim, nós acabamos nos salvando um ao outro. No começo foi tipo "Então, agora estamos casados." Como fazer isso dar certo? Como fazer ela ficar? Como eu posso fazer ela se apaixonar por mim todos os dias?
Eu ainda não encontrei respostas para essas perguntas e só fui fazendo as coisas. Compramos um móvel novo para a sala essa semana. Ela fala que esta ficando velha. Eu não consigo mais dormir tão tarde. Ela me beija toda noite como se não pudesse dormir sem isso. Eu ainda beijo a mão dela toda vez que demoramos demais em alguma fila. Ás vezes a gente reveza pra ver quem vai trocar a fralda e ás vezes a gente vai junto. Todo dia é um novo dia e agora vou trabalhar com as calças sujas ou de talco de bebê ou de papinha de banana. Tem mais sorriso dentro de casa agora. Tem uma outra coisa acontecendo também mas que não sei explicar. É como tivesse um anjo junto com a gente e ele abraçasse cada um, nos confortando. Agora sou eu e elas. Estou feliz. Estou em paz.


2016/12/21

Dia 2342



Todo cara precisa de uma pequena. É verdade. Mesmo que ela não seja tão pequena assim, afinal eu mesmo não chego nem aos 1,70cm de altura. Ainda sim, precisamos de uma pequena. Ela pode ser marrentinha, teimosa e calçar 34 mas vai ser a minha pequena. Ela pode ter uma tatuagem nas costas, pintar as unhas com esmaltes esquisitos e usar calças de pijamas que ainda sim vai ser a minha pequena.
Encontre uma pequena que mude a sua história, que apague o seu passado e construa com você tudo aquilo que um dia você sonhou. Uma casa, desde que você esteja dentro dela. Dois ou três filhos, desde que essa pequena seja mãe deles. Um cachorro - ou gato, desde que ela queira cuidar dele também. Um casamento, desde que ela seja a noiva. E uma vida, desde que essa pequena seja a minha vida.
Pode ter alma de pipa avoada e enquanto dormia eu fazia amor com a lua, mas quando solta o cabelo fica linda e acordando fica mais linda ainda. A gente só lava a alma e vai. Espera que nada dê errado e que todo mundo fique feliz, sem efeitos colaterais. Mas quando você encontra uma pequena que vale a pena acaba vendo coisas que ninguém mais vê. Isso porque você é o cara de sorte. Algumas pessoas ligam muito para aparência e status, além de tudo aquilo que o outro alguém pode oferecer. É o famoso egoísmo mostrando o que podemos ganhar dentro de uma relação. De tudo, isso não é tão errado embora o jeito que isso soe pareça. Mas não é assim. Há um outro lado secreto que quase ninguém sabe, mas que é o lado mais real de todos.
Bem, quado você encontra uma pequena que vale a pena vai perceber que ela algumas vezes não vai ter tempo para passar maquiagem ou escovar os cabelos. Não vai ter tempo de incrementar bijuterias e ás vezes fala que nenhuma roupa serve. Vai perceber que alguns dias ela acorda mau humorada e que alguns dias ela nem dorme direito. Vai perceber que o nescau dela tem que ser bem forte assim como o abraço que você for dar. Como comentário pessoal meu lugar predileto é um vão que fica entre teu peito e teu braço, um lugar chamado abraço só pra constar. Pra falar a verdade te abraçaria do avesso só pra ver quão linda você é.
Mas o barato de você ter uma pequena é que ela sempre vai te alcançar com os pezinhos esticados para alcançar no seu pescoço pra te agarrar e mostrar que é você que cabe dentro dos braços dela. Que ela vai se esticar toda só pra te olhar nos olhos. Que ela vai pedir sua ajuda quando for pra pegar os pratos na prateleira do alto. Entre outras coisas, ela vai ser sua pequena pra sempre.

2016/12/08

Dia 2341



E pensar que aos 25 anos estaria tudo no lugar. É engraçado dizer isso porque, porque esta tudo uma bagunça. Aos 18 anos era pra eu ter começado a faculdade como a maioria na época. Era pra eu ter tirado minha carteira de motorista também. Era pra eu ter ido para balada na sexta e estendido no sábado a noite. Era pra eu ter aprendido o que era Happy Hour. Era pra eu ter dormido com várias mulheres nesses lugares. Era pra eu ter fumado mais baseado e tido mais porres de não saber o que aconteceu no dia anterior. Era pra eu ter jogado bola aos domingos de manhã e essas coisas. Mas não fiz nada disso. Na verdade, só vim descobrir algumas dessas coisas no fim dos meus 23 anos. Acontece que ninguém te da um manual de como a vida tem que ser vivida. Não existe um passo-a-passo pra você seguir então, eu só fui fazendo as coisas.
Fotografando alguns instantes fui fazendo a minha história. Fotografia pra mim sempre foi uma expressão de liberdade. Em um click pude mostrar ao mundo como posso ver a vida com meus próprios olhos. Os expectadores porém, admiram a beleza das cores, das formas, do horizonte ali gravados. Mas nunca, jamais saberão a emoção de que dentro de mim, aquele momento foi eternizado. E não falo de algo palpável como uma fotografia revelada. Falo de algo mais profundo como o negativo que nunca revelarei. A distância para o meu horizonte no entanto, alcanço no zoom da máquina e o distante acaba se tornando o logo ali. 
Hoje, hoje estou velho. Velho demais pra algumas coisas. Meu cabelo caiu, minha barba cresceu. Agora eu faço coisas como exames periódicos e tomar aspirinas para dor de cabeça. Estou noivo. É, eu noivei no domingo. Da pra acreditar? Eu! Com o passar dos anos vi pessoas que estudei casando, tendo filhos e eu ali parado no tempo vendo os dias passar. Alguns foram viajar para o exterior, fizeram cursos, se formando e eu ainda ali. Dai tive a brilhante ideia de fazer faculdade também. O meu diploma eu nem fui buscar ainda e já vai fazer um ano que me formei. Ganhei experiência, não posso dizer que não. Profissionalmente também. Ah é, por falar em profissional, trabalho e essas coisas eu ando fazendo orçamento pra quase tudo na vida. Planilhas também. Parece que quando a gente vai ficando mais velho nossa vida vai se baseando nas linhas das planilhas. Se cabe na coluna do meio, então da pra fazer. Mas o pior de tudo é ficar pensando sobre como isso não é exatamente o que você imaginou que você seria aos 23, 25 ou 30.
Reduza as suas expectativas e encontre conforto no fato de que você não está sozinho. Tudo bem que os trinta amigos que iam nos encontros agora estão reduzidos a o que? Uns cinco ou seis. E isso diminui ainda mais quando descobrem que você esta noivo e vai casar daqui á alguns meses. Por fim, só ficam as pessoas que de verdade gostam de você. E uma ou outra que consegue te aturar a principio. Compre mais aspirinas e tente não entrar em pânico se tudo começar a dar errado. Isso aconteceu quando você tinha 20 anos. Vai acontecer quando fizer 30 também. Encontre alguém para assistir ao fim do mundo. Não pode ser qualquer pessoa e quando encontra-la, coloque um anel dourado no dedo dela. Confesse seus sonhos e desejos a Deus, o que é bom há de vir até você. Abrace e perdoe, você vai se sentir bem depois disso. Apenas faça o que seu coração mandar, a vida é curta demais para desperdiçá-la sonhando sobre como você gostaria de ter a vida de outra pessoa. Viva sua vida e seja feliz dessa maneira. 

2016/12/05

Dia 2340

Esses últimos dias tenho pensado cada dia mais sobre quem eu sou e o que fiz para chegar até aqui.
Quando vamos chegando a certa idade bate mesmo aquela nostalgia que nos faz avaliar o que fizemos para chegar e nos tornar o que somos hoje, todos os erros, os meios acertos e os acertos, o que poderia ter mudado e o que não poderia ter mudado, nossas decisões revelam quem somos.
Vejo esses obstáculos como uma partida de boliche, a cada jogada o pino tenta manter-se em pé, dependendo da força do jogador o pino consegue se manter firme, assim também é na vida. A cada dificuldade tentamos manter a harmonia e firmeza, e logo vem mais uma “bola” tentar nos derrubar. Quando ela vem com força a queda é inevitável, mas quando a intensidade é mais leve fica mais fácil suportar o impacto, e assim segue durante toda a vida e em todo o lugar que passamos, na família, no trabalho, na escola, na faculdade, na VIDA.


É até engraçado, mas quando ficamos mais velhos pouca coisa tem tanto valor quando as coisas que temos quando somos mais jovens. É um tempo de ouvir aqueles que possam agregar valor, eliminar as pessoas negativas e as quais só nos querem por pra baixo (isso é o que mais temos ao nosso redor), e cada vez buscar na simplicidade das coisas algo bom e positivo, olhar a natureza e conseguir absorver dela o bem mais precioso: a paz. Poderia enumerar diversas coisas que tenho observado durante esses 30 anos, mais daria um livro, quem sabe não é uma boa ideia? Isso vamos ver com o tempo.
Enfim, o que você tem feito para desviar das bolas arremessadas no seu caminho?





2016/12/02

Dia 2339

Eu tinha encontros todos os finais de semana. Na verdade todo mundo pode ter isso. Para as garotas é só colocar um pouco de maquiagem e uma roupa legal. Sempre tem alguém querendo sair. Sempre tem alguém querendo passear e se divertir. Sempre tem alguém querendo uma noite e nada mais. Mas não era isso que eu procurava. Eu queria algo maior, maior do que eu mesmo. É muito fácil encontrar alguém que sente com você em uma mesa de bar pra te ouvir contar bobagens mas é muito difícil encontrar alguém que ouça o teu silêncio.
Algumas garotas eram interessantes. A morena tatuada de cabelo comprido, ela ainda tinha a inocência rara de uma mulher que começou a vida, os papos não eram nada fúteis. A ruiva gêmea ainda tinha sonhos de um cara perfeito que de longe, não era eu. Aquela roqueira do sul que tinha se fodido na vida mais que eu até, sentia de coração também mais que eu. A garota de aparelho, o vinho era bom demais e ainda quero voltar naquele bar quando ter música ao vivo. A magrinha de cabelo cacheado, me desculpe por aquilo, não foi legal eu sei. A garota dos livros e das cartas, sua risada alta daquele dia ainda consigo ouvi-la nas lembranças da minha cabeça. Aquela que lia Carlos D. e participava de rodas de poesia, eu tentei lê-lo também. A loira de lenço azul no pescoço, o boa noite era quase bom dia. Dei muita mancada com algumas mulheres por ai, entre outras que não preciso citar. Mas pior seria se eu as enganasse dizendo coisas que elas queriam ouvir apenas. Se eu desse sequência e lá na frente parasse com tudo. Me enganei em começar achando que ia rolar algo que fosse fantástico, mas sou assim mesmo. Eu arrisco e coloco minha vida no mundão. Jogo com a sorte. Coloco a cara a tapa, meio egoísta mesmo. Agora, finalmente aprendi e me desculpem por isso. 
Uma vírgula disso tudo é que sempre quis ter alguém pra compartilhar a felicidade, a tristeza, a vida... Errei, errei de novo. Continuei errando e quando quase desisti, agora parece que as coisas se acertaram. Então um conselho que posso dar é para ter calma. Algumas das melhores garotas que conheci se afobavam demais por estarem muito tempo sozinhas e acreditavam no primeiro idiota que aparecia. Para algumas garotas, eu fui esse idiota - eu sei. Vocês podem evitar esses erros, eles se tornam experiência na sua vida mas ainda sim, são erros que podem ser evitados. Sem pressa, o amor é calmaria. O amor meus caros, é mar constante e não brisa leve e passageira. 
Sou carregado de lembranças e o peso da vida nas minhas costas. Espero que minhas atitudes tenham passado algo de bom, enfim. Ou alguma coisa assim. O grande porém é que mesmo com tanta companhia por ai eu sempre me sentia sozinho. E não era culpa das outras pessoas que queriam me fazer companhia. O problema era eu. Sempre foi. Tenho por si só uma tristeza natural em mim. Não sei vocês, mas eu tenho. Acho que é coisa de escritor. Os poetas entendem. Inspira a gente e até gostamos em certos momentos. Ás vezes estamos lidando com o cotidiano e fingimos estar bem. Por vários motivos fazemos isso. Algumas vezes porque temos que lidar com a rotina e conviver com pessoas. Trabalho, faculdade, família. Mas do lado de dentro, o foda é o lado de dentro. Ninguém sabe o que tem aqui. Ás vezes, é escuro demais pra falar. Então a gente não fala.
Uma hora ou outra caímos na real, não da pra abraçar o mundo. Não da pra agradar todo mundo. Não da pra ser forte o tempo todo. Portanto, não seja cuzão. Seja gentil. Você nunca vai saber como esta sendo o dia da outra pessoa. Ou a vida. Eu vi as pessoas mais engraçadas chorarem semanas sem lágrimas. Eu vi as pessoas aparentemente mais felizes mergulharem em depressão sem nenhum feed de noticia do facebook receber alguma palavra sobre isso. Você conhece realmente quem esta do seu lado? Saberia dizer qual é a felicidade do seu amor? E você? Anda feliz? 
Então, senta aqui. Me deixa ouvir o teu silêncio?



2016/11/24

Dia 2338

Tem um delicioso aroma no ar. É tipo uma fragrância de flores mas tem um toque de pele de mulher depois do banho. É gostoso sentir. Esse aroma desperta a imaginação mas não precisa de muito. Logo ela aparece e da o ar da graça. Aquele batom marcando o desenho do lábio mas nada forte. O básico do básico na maquiagem. Aqueles pezinhos 34 virando os dedinhos encabulados encostada na beirada da porta usando minha camisa branca. As mangas dobradas e as unhas pintadas de vermelho... Qual era mesmo o nome engraçado que tinha no frasco? Não consigo me lembrar. 
Acho que ela escovou os cabelos. Ou não, ela fez aquele negócio que eu gosto. Não sei o que é mas falo que esta bonito sempre que ela faz. Ela sorri pra mim da porta. Sorri grandão. Como se apenas eu ganhasse aquele sorriso, exatamente daquele jeito. Faz graça, sobe a camisa na coxa. Da risada. O som da risada dela invade o quarto, me sinto em casa. É como se nada de mal pudesse acontecer a nós dois ali. Por alguns instantes, fui feliz de novo. Ela faz mais graça e coloca o dedo na boca. Nem ela se aguenta e da mais risada.
Teve uma hora que ficamos sérios sem falar nada. Eu estava gravando aquela cena. Sabe? Aquele filminho de memória que às vezes revemos? Então, essa é mais uma cena. 
Da dois passos para frente e para. Estica o pé direito para frente como se fosse bailarina depois arrasta ele para trás do pé esquerdo. Como se aquele pezinho descalço estivesse com vergonha e fosse se esconder. Eu fico apenas olhando. Devo estar com aquele sorriso bobo na cara. Com certeza estou. Eu sempre fico. O aroma vem dela, é da pele dela. Acho que é mais um daqueles cremes, ela tem uma coleção. Mas também tem cheiro do pós-banho. Ela sabe que eu gosto. E vem andando um passinho de cada vez. Aquela pele meio bronzeada que ela tem de natureza, se aproximando um-passo-de-cada-vez. Quando chega perto demais da vontade de agarra-la mas eu não faço. 
Ela pega minha mão e da um beijo. Fica me olhando olho no olho como se quisesse me dizer algo. Mas ela não diz, ela nunca diz. Não pronuncia uma palavra mas diz tudo que eu preciso saber.


2016/11/22

Dia 2337

Chegou uma hora da minha vida que olhei para o lado e vi alguém que não fosse embora. No começo ela que disse que queria ficar, que queria ficar de verdade assim... Tipo, pra sempre. Eu liguei pra ela no meio da noite, ela desligou. Ligou de volta. Foram segredos ás 2 da manhã. Particularmente eu tenho uma preferência pela madrugada. Ela é encantadora e sexy, as pessoas ficam mais desinibidas para conversar. Lembra? No começo... Você tinha apenas duas horas pra dormir porque ia trabalhar no dia seguinte e antes disso fiquei sabendo de segredos, confissões, sonhos e outras coisas. Foi ali que comecei a perceber que você era diferente. 
Com o tempo fui descobrindo outras coisas como o jeito certo de dobrar a toalha de banho por exemplo. Que um cinto não é apenas um cinto, ele serve pra quebrar as cores da roupa - mesmo eu não ligando direito pra querer quebrar cor de nada porque sempre usei preto e branco e pra mim estava certo. Ah é, descobri que cabelo se corta e barba se apara. Descobri que assim como meus desenhos no papel, muita informação na sala de estar fica feio. Então nada de colocar aqueles enfeites na estante, já temos nossos livros ou aqueles quadros na parede. E descobri o gosto do melhor estrogonofe do mundo.
Passou mais o tempo e fui vendo coisas que antes não via. Como o jeito que ela se maquia que parece que esta pintando um quadro de Da Vinci. O jeito que os pés pequenos se esticam para alcançar algo alto. E até o jeito dela explicar algo que eu já sei, mas deixo ela falar porque adoro ouvi a voz dela. Ou o jeito que as mãozinhas dela se entrelaçam nas minhas.
É claro que não poderia faltar a linda covinha na bochecha que ela tem. Ou quando ela sorri grandão. E até quando eu chego para beija-la cheio de carinho, passando minha mão no rosto dela e indo com meus dedos até a nuca beijando devagarinho enquanto ela fecha os olhos em câmera lenta aceitando e confiando em mim. Ela, essa garota que anda com passos para dentro... Não era pra falar dela, mas acabei falando um montão.
Ela é meu par para ver o fim do mundo e se eu não pedisse pra ela ficar para sempre, iria me arrepender cada segundo. Por isso, se eu pedir, mas pedir com jeitinho... Você fica?


2016/11/18

Dia 2336

Ela acordou chata hoje. Fez manha, não queria levantar. Fui brincar e logo recebi um corte. Fui dar um beijo nela antes de sair pra trabalhar e ela virou o rosto. E o pior, eu não tinha feito nada. Queria revidar isso, queria não mandar mensagem pra saber se ela chegou bem no trabalho. Se ela conseguiu tomar o café da manhã. Se ela pegou chuva, estava nublado hoje cedo. Mas sou meio bobo, não consigo revidar essas coisas. Só não queria pensar em ter que revidar alguma coisa. Prefiro mais quando vou buscá-la em qualquer lugar e ela passa pela porta sorrindo. Quando ela faz isso eu me sinto um pouco importante. Como se ela gostasse de me ver ali. Toda vez que ela sorri eu tenho vontade de beija-la.
Ás vezes quando estou sozinho fico pensando nas coisas. Em como tudo aconteceu. Foi tipo "Tinha um amor no meio do caminho. No meio do caminho tinha um amor." e ai a gente acabou se cruzando na linha da vida. Eu tenho orgulho de como as coisas vieram a se desenrolar á partir dai. Tem dias bons, tem dias ruins. Tem dias parados. Tem dias agitados. Tem dias normais. Tem dias incríveis também e esses... Ah, esses não caberiam nessas linhas. Esses dias são nossos. Só nossos. 
Quando alguém entra em nossa vida, aceitar as qualidades do outro é tão fácil. Mas com a convivência diária, com o passar dos dias e do tempo, das crises, somente descobrimos o verdadeiro sentindo do amor quando a gente aceita o lado ruim do outro e aprendemos a conviver com cada defeito. Não estou dizendo que é fácil. Não é. Estou dizendo que se você continuar lutando vale a pena. 
Se eu contasse minha rotina pra alguém, contasse literalmente tudo sem deixar passar nenhum detalhe... Provavelmente falariam pra eu cair fora. Que sou novo demais pra passar por certas coisas. Ou qualquer blá blá blá desse. Falariam isso porque estão fora observando e ouvindo. Ninguém esta vivendo como eu. Ninguém sente o que eu sinto. Ninguém encara as coisas como eu encaro. Por isso eu fico. Ficar é um ato de amor e carinho.
Eu não acordo de mal humor, quase sempre estou em paz com o universo. Hoje em dia precisa de muito pra me deixar realmente irritado. Tive que aprender com o passar dos meses a ficar mais na minha e não querer saber tanto das coisas nas horas que elas acontecem. Na verdade, tive que aprender muitas coisas nos últimos meses. Ainda tenho muito a aprender e talvez tenha alguma coisa a ensinar também. Quem sabe? 
As pessoas ouvem ela rindo lá no fundo. Todo mundo sabe que eu não quero fazer mal a ela. O que antes era silêncio naquela casa foi tomado por barulhos de risada, gargalhada, voz de bichinho da televisão e até músicas cantadas erradas - isso é por minha conta. Então, se alguém me perguntasse porque eu fico, a resposta seria bem simples: Porque eu adoro vê-la sorrindo.

2016/11/17

Dia 2335

Ela acaba de levantar, ainda lembra do dia anterior. Tão confuso e tão claro quanto a luz do sol que entra pela janela. Ontem ela andava pela calçada como sempre faz aos domingos, era de manhã, dia ensolarado, caminhou por 40 minutos e fez uma pausa sentando-se em um banco que ficara em frente a um lago. A cena mais linda, céu azul e limpo e o reflexo do sol nas águas daquele lago que parecia maior do que realmente era.
Permanecendo por um tempo ela se manteve ali, enquanto isso olhava as pessoas ao redor caminhando sozinhas, acompanhadas e com seus cães, o garotinho que estava aprendendo a andar de bicicleta junto com seu pai, o casal sentado na grama rindo, onde era possível sentir todo o clima de felicidade e amor dos dois, pessoas vendendo água, sorvetes entre outros aperitivos que costumam vender em parques cotidianamente. De repente, ao seu lado, sentou um belo rapaz. Seu cabelo estava bagunçado, camiseta suada na gola, usava tênis e bermuda. Era possível ouvir a respiração ofegante de uma possível corrida. Ficaram ali sentados olhando tudo ao redor, mudos por uns 10 minutos....
Quando ele inicia a conversa descrevendo à sua maneira de enxergar o cenário a frente, ela ouve ainda sem entender o porquê de um desconhecido começar uma conversa assim do nada. Ele se apresenta e ela também, e começam a conversar sobre seus pontos de vista. Passa 20, 30, 40 minutos que viram 2, 3, 5 horas, e quando perceberam já estava admirando o pôr do sol.


A sensação de estarmos com pessoas que ao mesmo tempo são desconhecidas e com a mesma impressão que conhecemos a vida toda são indiscerníveis. Eles pelo contrário depois daquela manhã mantiveram isso por muito tempo, tempo esse que ainda não acabou e poderá ainda ter continuação nessas linhas, mas a conversa teve outros cenários e muitos outros momentos compartilhados.
Porque coisas que nos fazem sentir a vivacidade nos pequenos detalhes merecem ser compartilhadas, divididas para que muitos estranhos conheçam a pessoa que senta ao seu lado, ou que percebam que o que tanto procuram pode estar do outro lado escrevendo, admirando ou desejando o mesmo.... O maravilhoso acaso.



2016/11/13

Dia 2334

Concluir menos e aprender mais, esse tem sido meu lema. É verdade que existe uma ânsia de entender cada coisa, mas o que não se percebe é que quando definimos algo excluímos outras possibilidades de compreender o mundo e nós mesmos. Nada é apenas de um jeito e de uma forma específica. Há uma multidão de olhares que se cruzam e se afetam. Ter mais calma com a vida, com o mundo e com as pessoas, observar mais e absorver mais. Nada como ter duas ou três opções de escolha para dar o próximo passo. E foi ai, nesse espaço de tempo que comecei a aprender algumas coisas. Demorei quase 25 anos para aprender as coisas principais que me fariam seguir adiante para o resto da minha vida. 
Bom, aos 25 anos eu aprendi que não da pra confiar em todo mundo e que algumas pessoas gostam mesmo de ver o circo pegar fogo. Aprendi que tenho que ter paciência com as pessoas que gosto e que não necessariamente preciso amar tudo nelas para continuar amando-as. Aprendi que ás vezes em uma hora especifica a minha dor não é tão grande assim e que há pessoas sentindo dores maiores que a minha. Assim, nessas horas, preciso esquecer minha dor para ajudá-las a superar isso. Aprendi, inclusive de um jeito bem doloroso, que alguns amores não são para sempre e que esses nos dão lições importantíssimas para que encontremos o amor da vida eterna mais pra frente. Aprendi que só aos 25 anos a gente encontra esse amor. 
Aos 25 anos aprendi que a vida é quente e vívida e que a morte é fria e sem graça. Aprendi que minha saudade tem nome, cheiro e um abraço. Aprendi que ouvir o som do mar é melhor que qualquer sala de terapia. Aprendi o que é compaixão. Aprendi ou reaprendi a rezar. Aprendi a agradecer mais do que a reclamar também. Aprendi que as músicas dos anos 80 e 90 são as melhores. Aprendi que meus copos e pratos tem que ser de plástico. Aprendi que se formar na faculdade e ter um diploma não significa grande coisa, só que você realmente pode começar e terminar algo e se sentir realizado por isso. Mas, que isso se torna pequeno quando você sonha com o universo.
Aprendi que viajar muito é essencial e que deveríamos fazer isso mais vezes.
Aprendi que algumas pessoas não vão gostar de mim mas depois vão ver que estavam erradas, outras vão continuar não gostando mesmo. Aprendi que ás vezes esqueço o troco do café no bolso do meu paletó. Ah é, aprendi que o café esfria quando a conversa é boa. Aprendi o valor de um sorriso. Aprendi a tomar decisões e assumir responsabilidades. Aprendi que ás vezes estou errado e aprendi a pedir desculpas também. Aprendi que a gente precisa de um porre ou dois. Aprendi que algumas pessoas gostam só de sexo, não de amor. Aprendi a comprar roupas novas. Aprendi que adoro fotografar e que amo as luzes da cidade a noite.
Demorou 25 anos para que eu aprendesse quem sou e quem eu quero continuar sendo. Principalmente quem não quero ser ou quem eu não quero me tornar. Demorou esse tempo todo para que eu finalmente, encontrasse meu caminho. Eu não sei o meu dia de amanhã, não sei se vai haver sorrisos ou lágrimas. Mas hoje, hoje mesmo... Até agora, eu sou feliz. 


2016/11/08

Dia 2333

Vou começar de um jeito bem desmotivador hoje. Pra inicio de conversa vamos falar sobre sonhos. Ou melhor, como as pessoas destroem eles. Bom, quase sempre as pessoas de fora destroem nossos sonhos ou fazem algo que pelo fator externo temos que mudar nossos planos e ai mudar nossos sonhos, até algumas vezes desistir deles. Que injustiça não?
Eu queria levar a vida bem de boa mas a verdade é que a vida que anda me levando e só. Estou sendo levado pela correnteza. Tem dias que eu quero salvar o mundo. Mas tem dias que eu só quero fugir dele. Hoje, definitivamente... Eu quero fugir.
Uma hora a gente cansa, da faculdade, do trabalho, das pessoas ao redor. De tudo. E seria uma boa ideia começar do zero em algum lugar, onde ninguém nos conheça. Imagina que legal, pessoas te conhecendo e te admirando por quem você é naquele momento sem saber das merdas que você fez 3, 5, 10 anos atrás. As pessoas julgam demais, se apoderam demais da nossa própria personalidade. Fazem de tudo pra conseguir nossa confiança e nossos segredos pra depois jogar tudo isso de volta em cima de nós em uma hora oportuna. E sabe porque? Porque elas também querem realizar os sonhos delas ou também, porque já perderam muitos sonhos por ai. É natural ver alguém que quer ferrar a gente quando estamos felizes porque sente o peso dessa felicidade. Meio que "meus sonhos não deram certo, deixa eu atrapalhar os sonhos desse aqui também." É um puta egoísmo, fala ai?
Mas o amor salva tudo, ele salva até a dor. Eu já me vi em situações onde poderia ter largado tudo, onde vi todos meus sonhos na UTI porque já tinham arregaçado minhas esperanças de realiza-los. Eu poderia ter dito "Não, eu não preciso dessa merda. Estou indo embora pro norte". Mas não, eu fiquei. E sabe porque? Poque eu adoro incomodar. Eu adoro realizar meus sonhos. E isso tudo vai ter valido mais a pena ainda. Minha luta vai ser mais gratificante no final e eu vou desfrutar mais gostoso dos meus sonhos. Qual é, vamos ver estrelas juntos!
Eu não quero ser aquele velho que fica na praça falando sozinho com Deus, reclamando com o Diabo que não teve uma vida digna. Que não foi feliz. Arrisque-se. Eu vou viver muito e muito bem. Eu vou viver o amor da minha vida. A vida é quente e vívida, a morte é fria e sem graça. Não quero que minha saudade tenha nome, cheiro e um abraço. Vivam a vida amigos, é a coisa mais gostosa de se ter na memória... Histórias que ninguém mais tem. E um dia, um dia eu vou estar sentado na minha varanda com o sol do fim de tarde no meu rosto. Netos brincando no gramado e um horizonte verde na minha frente. Eu vou olhar pro lado e vai ter uma velhinha simpática sentada em outra cadeira. Vamos dar as mãos. Ela não vai precisar dizer nada e vai sorrir pra mim. Eu vou saber ali, naquele momento, que minha vida inteira valeu a pena.


Vamos viver nossos sonhos, temos tão pouco tempo ♫

2016/11/05

Dia 2332

Coisas que gosto:
- Gente que fala de um jeito bonitinho.
- Pequenos gestos de gentileza.
- Ordem de cores nas prateleiras do supermercado.
- Frases de efeito.
- Esfregar o pé no lençol.
- Sentir cheiro de mato molhado.
- Capas de livros em alto relevo.
- Horizontes com montanhas.
- Strogonoff.
- Bolo de chocolate bem macio com cobertura e granulado.
- Sentar em um barzinho ouvindo boa música e comendo porção de alguma coisa.
- O desenho do quadril da minha mulher.
- A covinha da bochecha dela quando ela ri (Eu realmente adoro isso)
- Fazer amor em uma tarde quente com a janela aberta.
- Sentir o cheiro de um novo pacote de café aberto logo de manhã.
- Ficar alguns minutos sem ninguém por perto e escrever algumas palavras.
- Ouvir o som do mar sentado na areia quando já estava ficando a noitinha.
- Ver casais de mãos dadas em público.
- Pizza sexta à noite.
- Abraços fortes e que demoram.
- Cantar músicas dentro do carro junto com o rádio.
- Explorar as cafeterias da Av. Paulista.
- Gente que olha no olho.
- Filmes antigos.
- Mate com leite.
- Luzes da cidade a noite.
- Carros de 1960.
- Carinho na nuca.
- Rosas em vasos para enfeitar a sala.
- Gatos.
- Trilhas.
- Filmes do Tarantino.
- Camisa xadrez.
- Fotografia.
- Fotos reveladas.
- Rir até a barriga doer.
- Bom dia com sorriso.


2016/11/02

Dia 2331


"Apaixone-se" - eles disseram. "Vai ser divertido" - eles disseram. Mas eles sabiam realmente o que estavam falando?
Vamos falar de novo sobre gostar de alguém? Mas como é de verdade? Digo, eu poderia escrever um livro sentado nesse café hoje sobre como é gostar de alguém e como é se apaixonar. Descrever detalhadamente como é sentir aquelas borboletas no estômago. Ouvir os sinos batendo. Que mais que os filmes enganam a gente? Ah é, os olhos brilhando, claro. Não poderia faltar. 
O que não nos contam é o que acontece depois do sexo. O que acontece quando você acorda e não quer conversar naquele dia. Quando tem contas para pagar. Aquilo que acontece quando chega a hora de trocar o sofá. Quando a paciência acaba. Quando a insegurança vem amarrada com uma dose de culpa sobre nada - porque nada aconteceu. Quando a apatia vem com a rotina. Ninguém fala essas coisas. Ninguém fala quando parece que vai acabar tudo, mas não acaba. "Apaixonar-se é bom" - eles dizem.
Tenho que concordar. Estar apaixonado é fantástico. A gente acaba vendo coisas que antes não víamos. Parece que a outra pessoa que aparece vem carregada com um monte de cores e formas que nem sabíamos que existia. E principalmente com um sorriso que a gente nem sabia que podia lidar de tão bonito. É, tenho que dizer... Quando ela sorri pra mim meu mundo fica bonito outra vez. Não sei a definição exata de estar apaixonado. Talvez seja quando ela da risada, aquela risada engraçada e ai eu acabo rindo junto. Ou quando sem perceber vejo a mão dela fazendo carinho na minha. Ou até, quando no ônibus ela encosta a cabeça dela no meu ombro. Já sei, é quando ela fala com aquela voz de personagem de filme infantil. É bonitinho.
Esqueça as borboletas, isso não existe. Se tem alguma coisa se mexendo no seu estômago pode ir ver um médico. A verdade é que a gente se apaixona pelos detalhes únicos da outra pessoa. No meu caso, é quando ela mostra a covinha da bochecha durante um sorriso. É quando finalmente ela perde a vergonha e olha nos meus olhos sem desviar o olhar. É quando ela sai do banho com aquele cheirinho de sabonete e me da um abraço. É quando eu falo algo que ela não espera e ela solta aquela risada alta como quando fomos pra Campos do Jordão (você sabe, aquele vídeo que fiz quando você achou que eu ia bater uma foto sua). É quando ela sorri grandão lendo isso aqui e ver que é pra ela. 
Se apaixonar é muito legal. Sério. Mas manter-se apaixonado é melhor ainda. Ninguém te diz como fazer isso. Ninguém consegue ensinar como é manter-se assim. Nem todo mundo faz isso. Nem todo mundo quer também. Vai de cada um. Na verdade eu acho que é uma coisa que existe entre as duas pessoas. Não é nada combinado nem decidido. Só acontece sabe? A gente ainda vai precisar trocar o sofá. Ainda vai ter dias que ela vai acordar e não vai querer conversar. As contas vem todo mês. Um monte de coisa ainda vai rolar. O que conforta é saber que uma hora ou outra, quando só haver eu e ela... Ela ainda vai sorrir pra mim. 
Apaixone-se! Vai ser divertido. Vocês vão rir lavando roupa. Ela vai te olhar de vez em quando como se tivesse todo o carinho do mundo dentro dos olhos. Você vai saber a hora certa de comprar aquele chocolate que ela gosta. E o café da manhã de amanhã... Esse vai ser o café da manhã mais gostoso da sua vida. Apaixone-se e mantenha isso todos os dias, nem que seja só por cinco minutos.

Dia 2330

Ela dorme, acorda, come, sai, dorme, acorda, sai... E parece que nada muda, tudo se mantém, fica estagnado, mudo, vazio, fundo.
Ela vaga em um caminho só dela, com os pensamentos só dela, tão complexo e confuso capaz de prender qualquer outra pessoa e a manter perdida também. Vê uma luz brilhante e forte no fundo do trajeto, mas o medo a interrompe de continuar, o medo a persegue, medo do desconhecido.
Ela sorri, aquele sorriso grande, mas por dentro está em cacos. Abraça e cuida, e mesmo dando o melhor dela para tantas pessoas ainda se mantem destruída, quando isso vai acabar? Qual a maneira mais rápida de manter a paz e a felicidade? Pois é, a mente de uma pessoa como ela faz com que a pessoa se mantenha presa em algo que acredita ser real. Até confuso entender isso, todos os acontecimentos voltados a ela, sendo bons ou ruins nunca são vistos da mesma maneira como realmente são. Ela procura, ela acha, mas no fim não parecer ser o que acreditava inicialmente, entenda, parece.
Ontem caminhei a seu lado, para tentar ajudar nessa última crise existencial que ela teve, e que não foi uma das mais fáceis e nem tão leve assim. Seus passos são longos e tristes, feição lacrada, impossível desvendar o que deve estar sentindo, os olhos brilham, as mãos procuram algo para descarregar o sentimento para se auto flagelar, corpo curvado como se houvesse um peso nas costas, como se carregasse o mundo inteiro e não estivesse dando mais conta de leva-lo. Ver essa imagem acaba deixando ainda mais confuso quem está observando, não é possível entender cada gesto, olhar que ela possa dar, só da a entender que há um vazio dentro dela, é palpável tal sentimento.
Ela dorme, acorda, come, sai, dorme, acorda, sai... E parece que nada muda, tudo se mantém, fica estagnado, mudo, vazio, fundo.
Ela tem tentado, realmente tem tentando.



2016/10/30

Dia 2329

A tristeza assim como a felicidade só deve ser partilhada com quem te entende. Pra que plateia? As pessoas não se importam, definitivamente não se importam. Se não afeta o dia-a-dia delas provavelmente não vai ser notável a mudança. Eu costumo dizer que se não atrapalha o café da manhã de alguém, outros não vão notar. Mas quem vê a gente rindo e fazendo piada nem imagina o caco que estamos por dentro esperando que alguém apareça e nos sirva de cola pra juntar todos esses pedacinhos imaginários.
Uma coisa que aprendi foi que o silêncio é a parte que chama mais atenção. Quando a gente explode e mostra na cara o que queremos, isso tudo não serve de nada porque gera apenas uma atenção momentânea e nem sempre é boa. Nada se resolve entende? E os efeitos colaterais são uma bagunça danada.
Mas, como resolver tudo? Quando a gente vê alguém que gostamos sofrendo logo queremos acabar com o sofrimento dela. A gente prefere que a tristeza dela seja a nossa tristeza. Que de alguma forma pudéssemos colocar a mão do lado de dentro dessa pessoa e tirar tudo de ruim que há la.



Vou contar uma história. Não é exatamente um conto de fadas mas ainda sim tem um final feliz. Era novembro e meu filho e eu estávamos sentados na sala. A mae dele estava com sua irma aprontando alguma coisa na cozinha junto com aquele genro idiota. Meu filho estava com problemas no casamento. Brigavam muito e parecia que tudo ia acabar. Então ele me perguntou "Pai, como você e a mamãe conseguiram fazer durar tanto tempo?"
Eu fiquei sem resposta na hora porque me veio na cabeça todo o percurso da minha vida nos últimos 30 anos. E toda a história do lado da mulher que eu amo também. Eu começaria dizendo "Me apaixonei por ela quando sem nem ter a visto ainda, ouvi o som da sua risada por uma mensagem de voz ao telefone". Era abril de 2016. E daí em diante eu sabia que queria ela pra minha vida independente das manias e jeitos que ela poderia ter. Independente se ela gostasse de jazz e eu de blues. Independente se ela preferisse doce e eu salgado. E aí um dia eu a encontrei. Ela sorriu na mesa comigo e eu não fazia ideia porque ela estava ali. O que ela queria comigo? Quando ela sorri, seus olhinhos ficam miudinhos e sua boca destaca mais do que qualquer parte do seu rosto. Eu amo quando ela sorri, me dá até vontade de sorrir também.
Nunca mais quis outra pessoa. Pensei "Então finalmente é ela. Eu tenho que fazer tudo pra vê-la feliz". Não foi fácil. Houve o tempo que ela quis desistir. Houve o tempo que eu quis. Houve o tempo que ambos queriam. Teve um tempo que eu não sabia mais o que fazer. Ela não sorria mais e fiquei desesperado. Foram dias massacrantes. Era uma depressão em tempos ruins. Ela nem me olhava. Os lábios pareciam grudados e o olhar sempre disperso, frio. Por fim, acabamos. Agora que tudo acabou, eu só quero abraça-la. Eu trocaria todo o mundo para ver aquele pedacinho do céu olhando de volta pra mim. Fiquei destruído. Engoli tudo que havia para engolir e continuei tentando. Ela me mandava embora dez vezes e eu voltava onze. Talvez eu ame da maneira errada. Queira ela de uma forma totalmente errada mas, olhe pra mim, e eu lá tenho cara de quem sabe acertar em alguma coisa?
Por muito tempo me questionei se valia a pena todo aquele esforço. Quer dizer, eu poderia ir para outros caminhos. Ainda era jovem. Mas eu queria que ela entendesse que eu não queria ir embora. Só que ela não entendia e continuava me afastando. Cada vez mais pra longe. Eu só queria vê-la sorrindo de novo. E é teu sorriso que faz com que meu dia fique bom.
Passamos por aquilo tudo. Foi um inferno. Não lembro quanto tempo durou mas pareceu uma eternidade. Depois de tudo ainda veio um processo de reabilitação. Voltamos a nos conhecer como na primeira vez. Foi bem difícil. Eu rezava todos os dias pedindo pra que lá melhorasse logo porque a amava demais. O tempo foi passando. Logo depois disso casamos e tivemos o primeiro filho.
Tive muitos medos e receios. Fiquei na esperança de tempos melhores todos os dias. Fiquei inseguro sobre tudo acabar para sempre. Tudo dava indício para que eu a abandonasse a seguisse minha vida. Mas eu não conseguia fazer isso porque ela era a minha vida. E eu vou te amar. Nessa vida e na próxima.
Por fim filho, sua mãe aceitou a própria vida. Me aceitou do lado dela mesmo eu sendo todo errado. Hoje ela tem 61 anos e toda vez que a vejo sorrir eu lembro daquele dia sentados naquela mesa conversando. Eu me apaixono todos os dias por ela cada vez que ela sorri pra mim. Ela vale a pena cada minuto da minha vida.
Quer ver uma coisa? Quando ela vier pra sala eu vou olhar pra ela nos olhos e ela vai olhar de volta. Ela vai sorrir bonito. A gente não precisa falar nada, já sabemos.
Ela apareceu na sala. Os dois sorriram.
Fim.


Não desistam!


2016/10/20

Dia 2328

Sabe quando você quer muito uma coisa e depois consegue? Então, na maioria das vezes a gente não sabe o que fazer com isso. Igual uma criança que faz birra no supermercado por um brinquedo e quando consegue já não é mais tão atraente assim. Então a gente erra. Encontrar o amor é quase a mesma coisa. Passamos a vida acreditando em encontrar a cara metade e quando encontramos quase nunca reconhecemos que isso é o inicio de uma vida a dois. "Ok, eu lavo os pratos e ela enxuga." Isso deveria bastar. A gente ora baixinho pedindo pra Deus colocar alguém bom no nosso caminho, alguém que preencha todos os nossos espaços vazios e acima de tudo, que nos entenda. Mas nem a gente mesmo se entende, como pedir isso de outra pessoa?
A paixão meus caros, é simples. Borboletas no estomago, sinos tocando e pronto. Mas o amor, ah... Esse é complicado. Ele exige muito da gente por nós mesmos entende? Exige que temos que identificar o que é essencial de verdade entre duas pessoas. Exige um espaço, um tempo, um carinho, um olhar, um toque... Tudo diferente do que cotidianamente fazemos. É o que sempre digo, não é a quantidade mas a qualidade de tempo que você dedica que faz a diferença.
E com o tempo aprendemos algumas coisas muito importantes que talvez salvem um relacionamento com crise. Como saber qual briga vale a pena ser comprada. Um relacionamento não pode ser uma disputa pra quem sabe mais ou, quem esta mais certo naquela hora sobre tal assunto. Tem que ser um compartilhamento de informações, agregando ambos. Basicamente, eu te mostro o que eu sei e você me mostra o que você sabe. Eu te mostro meu mundo e você o seu. E te conto meu dia e você o seu. Eu falo o que eu gosto e o que eu não gosto e você ouve e quando for sua hora eu vou ouvir também, atentamente. Dai os dois ficam sabendo mais sobre qualquer coisa. Não precisamos ser os donos da razão, mas precisamos ser os donos da calmaria e da certeza de que estamos fazendo o bem um pro outro. Essa parte que quase ninguém entende, que quase ninguém esta disposto a abrir mão de nada para isso ser concretizado. Tudo isso exige paciência, amor e compreensão. Uma combinação que esta quase extinta hoje em dia.
Na geração fast-food onde ninguém espera nem pela comida, esperar pela outra pessoa é raridade. Uma combinação errada de palavras e pronto, estamos á morrer na praia sozinhos novamente. Acordem! A chance de fazer dar certo esta na mão de cada um. Todos nós temos nossa parte a ser feita. Quantos e quantos por ai levam relacionamentos ao limite? Não é no limite que ele tem que chegar, no meio tanque já esta bom. A vida exige muito de nós, se não tivermos com quem realizar sonhos juntos então... Bem, então qual o sentido de estar feliz se estamos sozinhos? Com o tempo aprendi que não importa quanta seriedade a vida exija de você, cada um de nós precisa de um amor brincalhão para se divertir junto.


2016/10/12

Dia 2327

Segunda-feira de Outubro. São 7:07AM. Av. Paulista. São Paulo/SP - Brasil. Parei no Fran's Café para o dejejum. Ainda lembrando de ontem a noite. Aqueles olhos...
Estou aqui para uma consulta médica e não consegui tomar café da manhã em casa. Minha consulta é ás 8:00AM então cheguei cedo. Faz 17°. Pedi o "speed 1", eles dão esse nome quando você só quer comer um pão na chapa e café com leite. Tem um rapaz novo sentado á minha frente. Usa óculos e parece aqueles jovens de cursinho pré-vestibular que fica ali no prédio da Gazeta. Pediu uma água sem gás e lê conversas no celular. Há mais dois homens ao meu lado direito. Claramente de escritório. Um deles é casado. Ambos de notebook respondendo e-mails. Pediram café pequeno sem açúcar. Vestem social e tem uma valise de couro sintético. Parece uniforme e que são do mesmo lugar mas eles nem se conhecem. Se algum dia me ver sentado em um lugar desses, pode ter certeza que estou reparando em você e provavelmente estou escrevendo sobre você.
Sentei aqui no fundo então consigo ver a fileira de oito mesas até a porta da frente. O lugar todo é envolto de janela então consigo ver a rua. Eu adoro esses lugares. É tão bohêmio e inspirador. Eu poderia escrever um livro sentado aqui. Aliás, sem noticias interessantes no jornal do mêtro hoje e até meu horoscopo parece não estar favorável. A Paulista esta cinza, bem cara de São Paulo mesmo. Mas eu adoro essas cores, parece até filme do Almodovar. O vermelho marlboro do farol, o letreiro luminoso da loja em frente. A tira verde indicando o nome da estação do mêtro Brigadeiro. As cores passando, as pessoas andando. São Paulo em movimento ás 7:23AM de uma segunda-feira qualquer.
Daqui a pouco vou me levantar, pagar no caixa o meu café e ir embora. Hoje estou escrevendo sobre este lugar porque quero voltar aqui um dia desses. Com companhia é claro e tomar um café americano quem sabe. Escrever sobre esse dia também ou apenas vivê-lo. Meu dia hoje vai terminar lá pela 00:00hs e nesse meio tempo vou pensar no noivado, na minha família, na minha promoção, em viajar o mundo, em comprar uma máquina fotográfica, em dirigir um carro novo, em me mudar para um apartamento com varanda, em ter um filho ou em não ter um filho. Em fazer amor com ela de novo e ver aqueles olhos...
Hoje escrevo mais feliz porque sou um homem apaixonado. Não apenas pela minha mulher mas também pela vida. Porque tenho amor em mim e porque alguém me quer bem. E esse mesmo alguém eu vou convidar para um café aqui. Mais um dia eu vou ter vivido aquilo que outra vez escrevi. Ou não, ou talvez eu viva outro dia não escrito e faça novas histórias mas que nunca vou escrever. Porque sabe, tem coisas que podemos apenas deixar fora das linhas. Isso é viver os dias, é viver os sonhos.
Eu gosto de me sentar aqui. Se me perguntassem do que mais gosto de fazer eu diria que é isso. Sentar nessas cadeiras e pedir um café que vem acompanhado daquelas bolachinhas embaladas. E fica esse cheirinho de café fresco e chocolate no ambiente. Eu gosto. Sentado aqui vendo apenas o movimento, sem pressa. Observando histórias se cruzarem entre a Av. Paulista e Al. Santos. Gosto daqui porque me faz pensar. O ambiente me faz pensar. As pessoas que vem nesse tipo de lugar tem outros jeitos que normalmente não vemos por ai. Tem outras conversas.
Bem, eu me formei em Marketing em janeiro desse ano e uma das coisas que aprendi é em como os lugares fazem você propositalmente apreciar estar ali. Até a disposição dos móveis e a colocação dos produtos nas prateleiras. Até mesmo o aroma do lugar é usado para atribuir nessa questão de atração cliente-ambiente. Tenho que dizer que isso funcionou comigo, porque propositalmente eu gosto de estar aqui. Para falar a verdade, esse é meu lugar favorito. Já vim aqui com algumas companhias, mas nunca nenhum amor. Nunca trouxe ninguém á esses lugares porque são especiais pra mim. Reuniões de amigos tudo bem, mas mostrar esses lugares com o coração é um pouco complicado. Sabe, "posso te levar para conhecer o meu lugar predileto?". Não, nunca. Como quando você é criança e tem um lugar secreto especial. Esse é o meu.
Escrevi muitos dias aqui, dos felizes aos mais tristes. Escrevi sobre você se algum dia esteve do meu lado também. Quase certeza que eu tomava um expresso com chocolate e creme, eu acho. Enquanto estou sentado aqui e escrevo, tomando meu café quente... Eu sou livre. São 20, 30 minutos nessas onde não preciso me preocupar em me justificar por nada. Não preciso me preocupar com nada além da minha caneta e do meu papel. Porque uma caneta não te julga e não te pressiona. Não te aborrece ou te entristece. Ela fica lá esperando você dizer tudo que quer dizer. E aqui se eu quiser gritar é só colocar tudo EM LETRAS GRANDES que não vou machucar ninguém.
Queria trazer aqui a única pessoa que eu sei hoje que não vai embora. Assim não corro o risco de estragar as memórias desse lugar. Alguém que vou poder dizer "Quando eu sumir, quando o mundo todo não me fizer sentido e você não souber notícias minhas é aqui onde você deve me procurar primeiro". A questão é essa: Você viria? Eu iria. Passaria pela porta de madeira rustica com adesivos em verde e procuraria em qual sofá esta sentada. Se é para chorar que vamos chorar juntos. Se for para rir, me deixa contar a piada. Se for para escrever que comece o parágrafo para que eu termine. Tudo bem? Só não deixe o café esfriar.

2016/10/09

Dia 2326


Não levante da cama depois do sexo. Se abracem, se beijem. Conversem. Se olhem, reparem um no outro. Façam juras de amor. Mas não levantem depois do sexo. Namorem. Se conheçam ou não façam nada. Mas não levantem da cama. Se curtam. Ela gosta de carinho no cabelo e ele, que a mão dela fique quentinha sobre o peito. Namorem mais. 
Se admirem. Ela é linda! Explorem o corpo. Apenas fiquem juntos, peguem no sono. Acordem juntos. Mas não levantem, eu repito: Não levantem. Façam sexo de novo e de novo. Fiquem de mãos dadas. Beijem devagar, sem pressa nenhuma. Façam cócegas ou não façam. Enrolem os pés. Se cubram com o cobertor. Deixe ela fazer teu peito de travesseiro. Beije a testa dela. Mas não levanta não.
Fique por cima. Deixa ela ficar agora. Conchinha é uma boa, por dez minutos. Depois, quando você virar ela vai se aninhar nas suas costas. Se embolem tanto que não dê para distinguir o braço de quem que ficou dormente primeiro. Fiquem deitados nus, e o que que tem? Espera a fome bater mas mesmo assim, não levante. 
Ou levante, assalte e geladeira e volte. Traga água, ela tem sede o tempo todo. Ah e, deixa a janela aberta. É bonita a luz que entra, principalmente em cima do corpo dela. Ela deveria ficar mais sem roupa. De calcinha pelo menos. É sexy, feminino, provocante e lindo. De calcinha ou sem calcinha, não levante dessa cama!
Esqueça o relógio e deixe o celular bem longe. Não queira nem saber onde ele esta. Cancele os compromissos, mesmo sendo um sábado a tarde onde não há nada a se fazer a não ser ficar deitado nessa cama. Sejam um casal. Esses cinco ou dez minutos ali, não podem ser vividos com pressa. Quase todos os momentos são vividos com pressa mas esses merecem ser vividos na calmaria. Pois são únicos. São só vocês dois naquele quarto e a luz da janela. É apenas um casal apaixonado fazendo história. Façam sua história!

2016/10/07

Dia 2325

Eu estou triste. E não é uma coisa passageira, é quase permanente. Como se de alguma forma fizesse parte de mim. Por um lado é bom, como todo escritor estar triste é inspirador. Mas por outro lado, essa tristeza me engole por inteiro. Principalmente a noite. O foda é quando chega a noite. Talvez seja a crise da meia idade, hoje em dia te atinge enquanto é jovem.
Fico pensando no que aconteceu e no que esta acontecendo. Mas não deveria me sentir assim, certo? Caramba, esse é o momento que sempre esperei na minha vida. Era a hora certa de dizer que realmente estava feliz. É o momento mais importante da minha vida, porque não consigo manter a serenidade e sorrir?
É complicado pra mim assumir um negócio desse. Que de verdade, preciso de ajuda. Que não consigo sair dessa sozinho. Sou orgulhoso demais e pedir ajuda não é do meu agrado. Então talvez eu não deveria me importar tanto, afinal ninguém se importa mais. É, quem sabe eu deveria permanecer em silêncio. Dizer que esta tudo bem e essas coisas que todo mundo diz. O problema é que sempre fiquei em silêncio e no fim o que eu ouvia era que não me importava. Mas eu me importava. Eu me importo. Me importo pra caralho. 
Algo em mim mudou de uns tempos pra cá. Certas situações me parecem o fim do mundo agora e outras eu nem sei mais. Cheguei a um ponto onde ando me questionando sobre os próximos passos. E principalmente, sobre o que eu deveria fazer á partir de agora. 
Certo dia eu andava no metro. Um cara passou do meu lado, apressado e correndo. Parecia um furacão levanto tudo pela frente. Quase jogou minha mochila no chão. Gritei "essa pressa toda é para ser feliz?". Ele nem ouviu. Entrou no vagão correndo, empurrando outras pessoas para dentro. É uma cena comum em São Paulo, principalmente às segundas-feiras. Pensei comigo "Tomara que ele esteja correndo assim para ir abraçar a mulher dele, ou o filho. Tomara que ele esteja correndo assim porque recebeu a noticia que o filho nasceu, quem sabe..."
Espero que esse cara esteja feliz e que sorria no fim do dia. Porque eu... Bom, eu estou sentado nesse sofá esperando o tempo passar e imaginando uma sequência de carros batendo um atrás do outro. Ou tentando sentir a sensação de cair de cima de 40 andares. E por fim, sentado na areia sozinho na praia ouvindo o som do mar me perguntando "Meu Deus, o que eu fiz de errado?". 


2016/10/04

Dia 2324

Uma vez eu conheci uma garota que queria conhecer o mundo. E conheceu. Foi á festas, bares e baladas. Usou os vestidos mais curtos, usou as maquiagens mais caras. Sabia onde encontrar Pandora e Zara muito fácil. Apreciava o famoso Outback. Era sempre marcada nas fotos com os copos mais cheios. E a vida era uma coletânea de convites e menções no Facebook e Instagram. A vida era uma festa.

Mas um dia... Ah, um dia ela se cansou, enfim. Percebeu que era apenas isso e nada mais. Que o vazio que ela tentou preencher com os bares mais top's e com as garotas mais bonitas das fotos não foi preenchido. Que os elogios que recebeu na internet de nada fizeram com que sentisse mais bela realmente. Que nenhum dos caras com que foi pra cama, estava com ela no dia de hoje. E que por fim, descobriu estar sozinha. Realmente sozinha. 
O mundo então, de grande passou a ser imenso e mais uma vez, não sabia o que fazer. E quando não sabemos o que fazer, fazemos o que é natural: errar. Errou e errou mais ainda. Ao ponto de começar a perder as esperanças. Mas moça, não perde as esperanças não. Quem são eles pra te julgar? Ninguém vive a tua solidão.

Um dia vai aparecer um cara legal, que brinca com o seu rosto e te faz sorrir até mesmo na dor. Nesse caso, você pode dizer a ele que acha que aqui é quase o paraíso. Então pega esse lenço e põe no pescoço outra vez, ele acha isso um charme. Basta de usá-lo para enxugar lágrimas. Chega um momento na vida em que você sabe quem é importante, quem nunca foi, quem não é mais e quem o será sempre. O amor é uma viagem sem itinerário. Já amar é saber que tudo pode acabar num piscar de olhos e então você prega seus olhos para que eles jamais pisquem outra vez.



2016/09/26

Dia 2323

São Paulo, 14 de Fevereiro de 2091.

Filho, provavelmente você vai receber essa carta e não vamos mais estar aqui. É quase certeza. Mas saiba que te amamos muito. Queria que soubesse de algumas coisas, coisas importantes que talvez salve seu casamento um dia.
Eu conheci sua mãe em 2014 mas só nos falamos pessoalmente em 2016. Demorou dois anos pra eu tomar coragem e chamar ela para sair. Na verdade, não foi isso. A verdade é que Deus estava preparando nós dois. Eu estava em um caminho e ela em outro, aprendendo nossas lições é claro. E em 11 de abril de 2016 eu me apaixonei pela sua mãe. 
Eu fiquei sentado em frente a faculdade na sexta feira esperando ela aparecer e ela não apareceu. Até hoje eu não sei porque fiz isso, mas eu queria vê-la mesmo que de longe. Depois de dias conversando e ela aceitar meu convite para um café - Era chá, ela sempre gostou do Matte com leite - eu fui novamente até aquela faculdade. Pode acreditar filho, ver ela sentada naquele banco azul Royal com os cabelos escondendo o rosto foi a sensação mais gostosa do mundo. Borboletas no estomago, passarinhos cantando e essas coisas que falam por ai eu senti tudo naquela hora. 
Começamos a namorar rápido, eu fui morar com ela mais rápido do que pensávamos na época. Começamos a fazer planos de comprar carro e apartamento e de nos casar também. Bom, eu queria dar um sonho pra ela. Cada pedacinho daquele lugar, cada enfeite, cada flor e todos os mínimos detalhes tinha que ser pra ela. Sua mãe sempre foi uma mulher muito linda filho, não poderia ter menos do que uma linda vida. E uma risada ao menos no dia. Minha meta pessoal era fazê-la rir pelo menos uma vez no dia. Se ela não risse de mim ou para mim parecia que o dia não tinha sentido. Parecia que era apenas uma manhã cinzenta em São Paulo e nada mais. Mas se eu conseguisse fazê-la rir ou sorrir, era um dia de vitória para mim. 
O começo foi um pouco conturbado, ainda tínhamos muito á aprender entre nós dois. Um tinha que relevar mais que o outro certas horas. Ela se chateou muito comigo pelo fato de eu ter a cabeça muito atrapalhada. Eu não queria mágoa-la mas ás vezes acabava acontecendo. Ela também era muito teimosa, tinha um gênio difícil. Tivemos muitos problemas com nossos temperamentos. Teve uma vez que ficamos dois dias sem nos falar direito. Ela era orgulhosa e eu também. Os dois queriam ter razão. O motivo hoje eu já esqueci, mas depois de dois dias eu arreguei. Eu não queria jogar a toalha mas acabei levantando a bandeira branca. Eu só queria abraçá-la e não mais mostrar que eu estava certo e ela errada. A verdade era que os dois estavam errados. Aprendemos. Aprendemos a conviver juntos e ela se tornou a minha melhor amiga. Tudo que eu via por ai ou que acontecia comigo ela tinha que ser a primeira pessoa a saber. No fim do dia, contávamos um para o outro como nosso dia tinha sido e sempre rolava uma pontinha de saudade de querer estar junto. A gente discutiu muitas vezes sim, por vários motivos. E com o tempo, aprendemos a não discutir tanto. Ás vezes ela relevava, ás vezes eu. Ás vezes ninguém precisava relavar nada porque nos entendíamos e nos conhecíamos tão bem que não precisava mais acontecer uma discussão. Apenas sabíamos o que fazer. No começo ela saia brava, calada e testa franzida. Depois ela aprendeu a ficar e que ficar era um ato de amor. Por fim, ou finalizávamos nossas discussões na cama ou no sofá assistindo filme abraçados mesmo. 
Filho, eu sempre soube que era uma pessoa difícil de se lidar. Você puxou isso de mim. Sua mãe fez um trabalho incrível comigo. Eu pedia a Deus pra me dar sabedoria e apoio para saber o que fazer certas vezes, mas principalmente para saber cuidar da sua mãe. Ela teve que ter muita paciência comigo nos primeiros anos. Tinha dias que eu chegava em casa e esperava cinco minutos dentro do carro antes de entrar pela porta da frente. O dia tinha sido difícil. Ela não tinha culpa, então não poderia chegar com a cara feia de braços cruzados. Eu só queria vê-la no fim do dia. Tinha vezes até que precisávamos daquela solidão existencial, é um mal de escritor. Demorou algum tempo para entendermos isso e que não era uma coisa com o outro. Era apenas nós mesmos nos encontrando. Tínhamos isso e para mim, que nunca queria deixa-la sentir-se só foi complicado entender que tinha dias que ela precisava disso mais do que eu.
Sua mãe não compreendia algumas coisas de mim. Ela não entendia sobre super proteção e os meus excessos de sentimento. A intensidade com que eu expunha pra ela tudo que eu sentia atrapalhava muitas vezes o que eu realmente queria dizer. Bom, com o tempo aprendi que deveria deixar um pouco isso de lado e ser mais natural. Ela gostava mais. Entre isso e outras coisas, aprendi sobre tudo que eu deveria ama-la de modo puro e sincero, que a confiança que eu tinha nela quando a conheci era a mesma que deveria perdurar durante todos os anos e que poderia acima do meu próprio sentimento acreditar no sentimento dela. Quando me converti ela disse que a batalha iria ser grande e foi mesmo. Nesse sentido pessoal principalmente. Meu espírito queria aceitar a paz que sempre busquei e encontrei nela mas a mente não estava preparada. Foi bem complicado conciliar os dois para que entrassem em sintonia. É nessa parte que agradeço novamente a paciência e o amor que ela teve para cuidar de mim. E ainda bem, porque quando mudei fomos mais felizes. 
Casamos e o dia que coloquei a aliança no dedo dela foi o dia mais feliz da minha vida. Me senti realizado, finalmente. Era o começo de um sonho acontecendo. Como bônus vieram todas as coisas como brigadeiro de panela, agarra-la enquanto ela fazia os artesanatos dela. Abraça-la debaixo da coberta em dias frios. Ter paciência e chocolate em dias de TPM. Pedir pizza sexta a noite. Acorda-la todos os dias. Levar café na cama domingo de manhã. Planejar viagens e coletar lembranças. Arrumar o chuveiro e a maçaneta. Comprar o chá que ela gosta. Sentir cheiro de bolo e café a tarde. Poder abraçá-la sempre que quisesse. 
Quando ela me deu a notícia que estava grávida de você, não sei explicar a felicidade que me deu. Quando vi nos olhos que era de verdade, foi a primeira vez que chorei na frente dela. Essa história que homem não chora? Tudo mentira. Depois ficamos aflitos com o que fazer então. As contas, faculdade, o carro... Meu Deus e agora? Foi uma benção, ficamos mais juntos ainda. E ela era tão teimosa que queria fazer as coisas em casa até com aquele barrigão de quase 9 meses. Eu brincava, falava que aquela barriga ia explodir se você não saísse logo. Ela ria. Ás vezes via ela deitada no sofá, era a grávida mais linda do mundo. Eu ficava todo bobo, me apaixonava ainda mais. Quando foi chegando perto de nascer, fiquei ansioso. Queria ver seu rosto e contar os seus dedinhos. Tinha 10 nas mãos! Eu contei.

Demos um jeito em tudo, pensamos juntos e realizamos juntos. Teve tempos mais difíceis que outros, mas todos encaramos muito bem. Há fotos, desde a nossa primeira viagem em um álbum. Deve estar na casa da sua tia. Vai ter sorriso de sobra ali. Ela era feliz e eu era feliz porque ela estava assim. Eu tinha meu lado pessoal, mas a minha realização só vinha depois do sorriso dela. Eu só sossegava quando via aquela covinha aparecendo. E foi assim sempre. 
Vivemos uma vida feliz, mesmo com alguns dias difíceis. Sua mãe morreu em 2086 e eu em 2082. Amei sua mãe desde 11 de abril de 2016 e fiquei esperando ela do outro lado. Tenho que dizer que foi como ser adolescente de novo esperando o primeiro encontro. Em todos esses anos de casados tenho que dizer que nem todos os dias foram flores. Mas ela não desistiu de mim e eu não desisti dela. Nunca. Aprendemos muito. Vê-la feliz era tudo pra mim. Se eu posso dizer algo daqui é para que nunca desista da mulher que você ama. Lute, se esforce, ceda, compareça, releve, entenda, aprenda e ame acima de tudo. Não importa o esforço que tenha, faça-a feliz!

Eu te amo filho.