2014/05/31

Dia 1864


Eu me lembro de tudo. Eu me lembro. Era 13 de julho de 2010. Eu tinha R$3,00 na carteira. Tinha recebido uma noticia ruim. "Mas que se foda, quem liga?" - Pensei. Quando sai andando sem nem perceber em que universo estava, rapido me deparei fugindo de carros em faixas de uma via expressa. Eu tinha acabado de completar 18 anos e estava cheio de sonhos. Mas e quem liga não é verdade? Fratura no braço. Costela quebrada. Fratura no crânio. E ainda ganhei uma dor no joelho de quebra. Fora a perca de memória, o coma temporário. Ainda lembro de não conseguir dormir por causa das dores e dos pesadelos de ser arremessado contra a grade de segurança e depois sentir o gosto de sangue na boca porque havia descido do nariz. Ah é, esse foi só um corte pequeno. Mas, como contar para alguém se eu nem me lembrava porque estava deitado enfaixado na maca da porra de um hospital. As cirurgias reparatórias de estragos. A recuperação. Um inferno, mas eu sobrevivi.
Novembro de 2010. Ok senhor delegado, prometo depois de assinar esse boletim de ocorrência que jamais quebrarei outro carro com um taco de beisebol. Só para o senhor não ter que ver minha cara mais seu gordo fétido, aproveitador e sangue-suga. 
Abril de 2011, conhecendo estrelas e descobrindo universos. Ainda cheio de sonhos estava quando em janeiro de 2012 perdi tudo. "Eu tenho que continuar tentando" - pensava. De alguma forma essa vida tem que dar certo. Mas, bem-vindo ao mundo dos que não conseguem dormir, dos que fumam baseado esperando encontrar o nirvana, dos que não tem um puto na carteira, dos que viram a noite em bares e voltam sozinhos pra casa, dos que beijam garotas na portaria do prédio mas nunca se deitam nas camas delas, daqueles que a estimativa de vida em um ano cai pra 0, dos que trabalham de madrugada e de dia não dormem porque ainda buscam seus sonhos... Eu era um nada. Não conseguia nada. Não buscava nada, eu só tinha meus sonhos. Eu era o desgraçado que escrevia sonhos.   
Amor me pareceu alegre, enquanto segurava meu coração nas mãos, e nos braços minha dama dormia, envolta num véu... Ele a despertou então e, trêmula e obediente, ela comeu o coração ardente. Chorando, ela o viu partir para longe.
Eu pensava "Tô numa fase complicada, meio estranha. Se me falam "oi" eu desconfio, se me dão "tchau" eu desabo. Tô numa fase que quero mudar tudo e também deixar tudo como está. Tô numa fase de querer ter alguém, e não querer ver ninguém.
Tô numa fase... E que fase!"
2012, em uma entrevista de emprego "E ai quando você pode começar com a gente?" mais me parecia ela perguntar "E ai, quando você vai pegar sua vida de volta?". E eu a tomei. Casei com a minha vida de volta, fiz amor com ela. Acordei no dia seguinte e até meu café da manhã tinha outro sabor. Foi a transgressão mais dificil até agora. Sabe como é? Perder todo o sentido e rumo e ter que correr atrás de tudo isso novamente? É provável que não. Alias, ninguém sabe disso ao menos que eu conte a elas. E elas veem o que eu quero mostrar. Mas deixa eu mostrar o meu show agora. 
Ja fui chamado de "desgraça", de "a pior coisa que aconteceu na minha vida", entre outros. Mas ser chamado de "desilusão" é a primeira vez. Por isso que quando eu recebo esse tipo de direção me bate aquela raiva filha da puta sabe? Porém, pobres ignorantes não sabem de nada da história. Eu era o sonhador que largou os próprios sonhos para realizar o de outras pessoas e sabe o que eu ganhei com isso nesse tempo todo? Nada. Absolutamente zero. Então se me afasto é porque não quero fazer mal á quem um dia fiz o bem. Então eu deixo tudo passar, abstraio o que da e o que não levo comigo. 
Não é nada incomum no meio de um jantar você me ver pegar o guardanapo, escrever algo e envolve-lo em dobras e coloca-lo no bolso. Eu faço muito isso. Porque continuo a escrever meus sonhos.
Eles não sabem nada de historia. Eles não sabem nada sobre sonhos.

2014/05/29

Dia 1863


- Sobre o que fala esse livro?
- Sobre um cara que acha que é um cavaleiro de armadura brilhante só que ele vive em um mundo onde cavaleiros não existem mais.
- Meio que soa como o meu mundo.
- Eu acho que você pode ser o que quiser ser. Mude o seu mundo. Todas as pessoas podem mudar seus próprios mundos.
...
2 minutos.
- Eu vim aqui pela garota.
- E o que você quer?
- Sua liberdade.
(risos)

16 segundos.
Destino. Linha da vida. Eu nunca acreditei muito nessas coisas. Odiava a possibilidade de pensar que eu não decidia meu caminho e que tudo já esta pré-determinado a acontecer. Que eu não controlava nada. Bem, até agora.

19.6 segundos.
Hm, estou ficando lento. Acho que estou deixando de ser quem sou e sendo um, fantasma eu acho. Sumindo pouco a pouco como fumaça no infinito do espaço. E assim, deixando de existir. O cheiro do perfume, o som do timbre da voz, a presença, o bafo quente penetrando os fios de cabelo e chegando aos ouvidos. Palavras serenas, calmas e você aceita seu destino de que um dia, você não vai mais existir. Ser um fantasma e quando se deparar com um deja-vu vai saber que uma hora ou outra eu estive la.
E ai, até as ultimas palavras ficam por aqui.


Mas, se eu disser... 18.0 segundos eu levei um tiro, você acredita?
Porque eu nunca mais poderei falar. Nunca mais poderei escrever. E esse é meu ultimo.
20.0 segundos.

2014/05/27

Dia 1862

Sempre fui fã das pessoas que são o que são. E bem, esse sou eu. E eu não valho grande coisa. Na verdade nos ultimos tempos não ando valendo bosta nenhuma. Mas pelo menos eu assumo isso. Não abraço a apatia e nem me finjo de santo. Sabe, não sei ser uma coisa na frente da minha familia e amigos e de alguém próximo sou totalmente diferente e mostro meus demônios. Porque se quiser saber onde estão os verdadeiros vilões das histórias, que tal olhar pra dentro de si mesmo?
Presenciei por várias vezes pessoas que confiaram em mim pra se mostrar realmente ao que eram. Porque sabiam, que eu, por ser esse grande imbecil que não julga por atos nem por palavras, que só julgaria por falta de sentimento me contaram seus piores segredos. Então, eu, por sorte ou azar acabava conhecendo tais pessoas mais do que qualquer outro. Conheci a jovem que esperava os pais sairem de casa pra levar o carinha descolado pra cama cheia de bichinhos de pelucia mostrando a inocência. E que inocência hãn? Conheci outra que se aventurava na garagem do prédio fazendo um oral pro cara do 83 A. Uma outra que escondia baseado no quarto pra não deixar ninguém pegar e continuar sendo a garota dos olhos da mamãe. Mas que bonitinho!
Sabe, eu confio em todo mundo menos no demônio dentro de cada um. Ja disse isso uma vez aqui. Mas quer saber o que é mais ironico? É que quando sou o demônio para proteger de males que eu mesmo criei, acabo sendo julgado por aqueles malditos olhos julgadores e cara, não tem nada mais hipocrita. Fazer o que? Pregos em minhas mãos são presente do meu Criador, certo?
Terceirizar o demônio é mais facil que exorciza-lo. Foi sempre assim.
Isso não é algo inspirador. É um desabafo perturbador e doentio. Mas que agrada muita gente.

2014/05/26

Dia 1861

Então, defina liberdade...


Dia 1860


Já reparou como vivemos nos encontrando? A gente vive se encontrando e nem sabe. A gente se encontra juntos
em Carlos Drummond de Andrade e Paulo Coelho. Em músicas e grafites nas ruas. A gente se encontra toda hora. Toda horinha do dia. Mas o melhor lugar nem sempre é onde você esta.

Dia 1859

Eu pedi pra ela sorrir e ela sorriu. Depois pensou "mas que cara mais filha da puta que aparece em qualquer esquina minha por ai".

2014/05/25

Dia 1858

 Haviam três certezas ali: 
1- Ela estava na minha cama.
2- O relógio marcava 23:47.
3- Ela queria ficar. 


Ela era linda. Nem consigo aqui descrever como era o corpo dela, muito menos o sorriso. Mas o olhar, cara, o olhar dela me tirava toda a guarda. Parecia que ela sabia o que eu estava pensando. Se fosse isso mesmo ela ia saber que eu queria transar com ela. Que eu queria trepar com ela. Que eu queria foder ela... Que eu queria fazer amor com ela. Quando ela tirou a roupa vi que ela tinha historia desenhada. Ela acaba tendo mais tinta na pele do que eu. E eu queria conhecer cada historia delas. Mas bonito mesmo é quando alguém contorna nossas historias com a ponta dos dedos. 

Teve uma hora que ela acertou, leu meus pensamentos. E nos encontramos. Misturamos nossas historias. O corpo dela se encaixando com o meu. Parecia... Poesia na cama. Ficou perfeito. 
Fizemos isso a noite toda. Pela manhã quando levantei ela ainda dormia sem roupa do meu lado. Preparei um café pra gente e quando terminei a casa cheirava a café fresco. Ela acordou e ficou olhando pela janela imaginando universos enquanto eu me aproximava com uma xícara. Ela subiu o cobertor e deitamos assim, pelo resto da vida.

Dia 1857

Eu tinha entrado em guerra com metade do mundo e ela sabia disso. Não era nada incomum me encontrar com algum corte no supercilio ou com o olho roxo. De um lado os arianos e de outro os negros, os asiáticos, os chicanos, a policia e os do outro lado. Eu era uma bomba armada e ela sabia disso.
As pessoas, as coisas, as instituições... Quebrando o espirito e o prazer que não fazia sentido. E eu comecei a fazer o que fazia pra mim. Se cuidavam de mim, eu protegia com a minha vida. Se me machucavam, eu machucava mais ainda. 
Ela viu as mentiras e a violência me mudar e sabia de tudo isso. Chegou a um ponto que ela não me reconhecia mais. Que a minha arrogância tinha levado-me ao chão. E além de tudo perdi vários irmãos por ai. O universo já tinha se perdido. O céu havia caído. 
Chegou a um ponto da minha vida que eu fui obrigado a crescer mesmo sem ter a maturidade pra isso. Não se tratava mais de apenas eu, ela e todo o resto. Era algo maior. 
Você luta por boas coisas, sua familia, amigos, a satisfação de um trabalho duro. Mas todas essas boas coisas só fazem você levantar a mão e agradecer por algo bem maior do que eu e você. A continuar lutando por algo bem maior. 
Ela sabia de tudo, estava presente em tudo. Sabia da pornografia, da violência, das drogas, do sangue e das armas. E ela estava ali e sempre esteve. 
Perdi as contas de quantos morreram pra proteger o que era realmente importante. E pra mim, agora, importante é a minha Harley e ela. Agora, ela que fazia os pontos na minha testa. Ela que dormia comigo toda noite. Ela me abraçava e fazia com que eu sentisse que ia ficar tudo bem.
Eu pedi a benção ao padre e puxei o gatilho.

2014/05/24

Dia 1856

Eu peguei a saudade e a levei para trás, em um terreno baldio. E eu queria saber, não ia sair de lá sem minha resposta. 
Eu a amarrei de um modo que ela não pudesse escapar. Coloquei sua mão estendida de forma que ela não conseguisse nem dobrar os dedos. Então eu gritei:
- ONDE ESTA O AMOR?
E a saudade permaneceu quieta. Eu gritei de novo e de novo. E ela permaneceu em silêncio. Eu peguei farpas de madeira e enfiei devagar abaixo das unhas para forçar ela a dizer. Mas mesmo assim, permaneceu sofrendo em silêncio. Eu dei socos em seu rosto, esmurrei até sangrar minhas mãos e mesmo assim o silêncio permanecia.
- ONDE ESTA O AMOR?
Voltei a gritar. Cheguei a pegar um taco de beisebol e quebrar os ossos de seus joelhos e mesmo assim ela não dizia. Arranquei suas unhas com alicate, cortei a ponta de seus dedos e lhe tirei uma orelha. Ela ja nunca mais poderia andar pelo que eu fiz com ela e quase nem falar ja que sua lingua estava pela metade e dentes, já se tinham bem poucos depois de tudo. 
Foi ai que perdi a paciência e saquei a arma. Aponto em sua testa e disse:
- Sua ultima chance, onde esta o amor?
Ela, em silêncio e sofrendo ainda olhou para mim de baixo do cano da arma e sorrindo disse:
- Se atirar em mim, vai espalhar amor por toda parte.

Dia 1855

E eu estava acima da bancada principal e conseguia ver a multidão. A música era forte e a batida tremia o chão. Eles gritavam no microfone "Mas se vocês não aguentarem a batida não importa, podem ir embora. Ela já esta gravada sobre seus pés". E é verdade, o bass da música tremia o chão. Dava energia aquilo sabe?
No copo um energético com gim. A galera vibrava. Algo ali naquele lugar fazia a gente se sentir poderoso. As luzes refletiam os espelhos e dava um contraste legal nas garotas. As mãos pro alto na multidão ali em baixo. Dava pra ver o amplificar tremer. Achei que ele ia explodir mas não explodiu.
Já estive em vários lugares por ai, mas nada como aqui. Sexta-feira 2:43 da manhã e a galera agindo como se fosse um show ás 15:00 de um sábado ensolarado. Fluía bacana e a fumaça vindo do palco dava uma energia da hora.
As garotas são lindas e os caras são boa pinta. A música toca, a batida envolve todo mundo. As luzes fazem um show.
Aqui ninguém tem raça, cor ou credo. Todo mundo aqui só quer aproveitar. Porque como já dizia Ernest Hemingway "Paris é uma festa."
E na identificação da foto vai estar: Moulin Rouge.


Dia 1854







2014/05/23

Dia 1853

Como diz a música do Bob Dylan... Uma vez, eu também conheci uma garota do norte. 
Sempre gostei de pessoas que me fizessem pensar e ela, cara, com certeza ela me fazia pensar. Sobre tudo a vida. E os valores. E os sonhos.
Eu lembro de ficar conversando com ela e ver o dia virar noite e a manhã invadir a gente enquanto riamos um do outro. Eu aqui. Ela ali. Quase que conseguia colocar a mão em seu rosto. Ela ria pra mim. Ria de mim. E ficava alternando, hora rindo pra mim e hora rindo de mim. Aqui um frio congelante e ela ali com um sorriso que me esquentava. Bonito mesmo é quando alguém conversa com você sem olhar o relógio, o celular, sem olhar pro lado... Ela só ficava ali sabe? Me fazendo companhia. 
Dai ela ligava a música e tentava acompanhar a letra com os lábios. E ela tem os lábios bonitos sabe? Daqueles que a gente perde até a concentração vendo a pessoa falar. 
Mas é claro, o tempo passa. Na época ela decidia o que ia fazer da vida e eu? Bem, eu não era ninguém. Eu era só um cara que fazia uma garota rir. Tipo Charlie Chaplin e eu nem precisava fazer nada pra ela, pra ela sorrir pra mim. Um gênio do silêncio. Mas então acabei ficando muito tempo assim. Em silêncio. 
E nas minhas tentativas de ser o cara perfeito, sempre acabei sendo o maior babaca do mundo. O rei dos babacas. E de sorrisos a lágrimas. Até agora, até hoje e amanha também tentando pedir desculpas. E pra onde foi o sorriso? , pergunto. Droga, não se encontra no meu pequeno bolso da camisa. 
Eu sou do mundo entende? Tenho muita história pra contar debaixo das minhas botas batidas e do meu jeans surrado. E ela era a garota com o sorriso mais lindo que eu ja vi. Com certeza usando aquele lenço azul dela, tornava-a a pessoa mais interessante do mundo. E por quais caminhos seguiu aquele lenço azul? Será que ela saberia usar a bussola pra me encontrar aqui? Sera que era ela que fazia o fogo da fogueira no acampamento? Sera que ela chegou a comentar de mim em alguma roda de conversa?
Ela é a garota do mundo, dos sonhos, dos livros e do sorriso mais lindo do mundo. Eu estou... Bem, eu nem sei onde é 'aqui'. Então agora, nesse exato momento estou em qualquer lugar. Mas, mesmo que eu não esteja por perto para dar um beijo, um abraço, sentir um cheiro, compartilhar sonhos e realidades, pra dizer um "feliz aniversário" ou um "sinto muito sua falta" e até um "Dois sorvetes por favor. Um para mim e outro para o sorriso ao meu lado."
Eu sempre vou ser um lesado, idiota... Mas que ela não esquece as minhas palavras. E eu sempre estive aqui sabe? Sempre vou estar aqui. Quem sabe eu apareço ai logo e te faço rir mais um pouco.
Mas senta aqui, deixa eu te contar... Uma vez, eu também conheci uma garota do norte.

2014/05/20

Dia 1852

 Quando eu estava sozinho percebi...
Percebi que tinha muito mais tempo pra organizar minhas coisas, estudar, ver filmes chatos, trocar de canal com o controle remoto que ficava largado no sofá, dormir no sofá, acordar no sofá, fazer miojo porque não tem mais nada na geladeira, entre outras coisas. Foto sozinho a gente fica com cara de idiota, fica, sozinho, sabe você e a parede? 
E na minha casa, a válvula de ligar o chuveiro era só uma válvula de ligar o chuveiro.
Bom, percebi detalhes também que se eu estivesse acompanhado não perceberia por exemplo a flor que de modo estranho atravessou a grade do portão só pra expor sua beleza do lado de fora. Meio que de alguma forma absurda gritasse "Hey, eu estou aqui você me vê agora?". Porque aquela plantinha lutou pra aparecer entende? E talvez eu nunca a tivesse olhado porque, porque... Por que meus olhos estavam em outros lados. Meu Deus, quantos "porque" e "por que" aparecem quando estamos sozinhos. 
Percebi também que sentar no meio do cinema, sozinho, não é saudável. Por mais que o filme seja interessante as escadas do cinema parecem maiores quando o filme acaba e todos estão saindo. Ah, e um detalhe interessante é que ligar o celular pra ver mensagens se torna um pouco inútil nessa parte. Essa parte de estar sozinho. E por mais incrível que pareça andou sobrando dinheiro na carteira no fim do mês. 
Por fim, percebi que sozinho minha vida parece um barco afundando. E não tem nada lá, nem lá, nem lá também.
Porém...
Quando estava acompanhado, precisava ter um dia de 30 horas. Eu tinha esquecido os filmes de super-heróis ou a coleção de ação. Nunca achava o controle remoto porque ele sempre estava na geladeira, debaixo do travesseiro ou dentro de alguma gaveta. Eu fazia compras de mercado e sempre tinha aqueles iogurtes sem gosto mas que fazem bem pra saúde. Haviam mais porta-retratos pela casa. 
Válvulas de ligar o chuveiro se transformavam em cabides de calcinhas que magicamente iam parar depois no cesto de roupa suja e eu nem encostava nelas. 
Andar na rua era engraçado, ria-se de um tropeço na calçada e haviam sustos de buzinas de carros ao atravessar o farol. A maioria dos detalhes passavam desapercebidos porque um par de olhos tomavam toda a minha atenção. 
Quando estava acompanhado percebi que as poltronas do canto do cinema são mais confortáveis que as do meio. E que no fim da escada sempre tem um acontecimento incrível de mãos dadas meio que automático.
Ah, e da pra saber também que baterias de celular não duram pra sempre então é bom sempre ficar de olho. E assim como a bateria, o dinheiro.
E por fim, me dei conta que não era um barco mas sim um avião decolando. E que tem muita coisa aqui, lá, em todo lugar. E também que... Que felicidade só é real quando compartilhada. 

Dia 1851

Porque um "eu te amo" já nem vale mais. Somos da geração em que um "você veio!", "eu tava com saudades", "não vou dormir agora, vou ficar e conversar mais com você", "Lê a tradução da música" valem mais do que aquelas três palavras clichês.

2014/05/18

Dia 1850

O amor é a coisa mais filha da puta que existe.
Ele te baixa a guarda. Ele te tira as defesas. Te deixa vulnerável. Te deixa mansinho-mansinho. Te faz aprender a fazer estrogonofe. Te faz aprender a tocar violão e arrumar a cama. Ele, te faz ir e te faz voltar. Ele, te faz voltar.
Toda relação nutre uma força ou uma fraqueza dentro de você. Não é questionável isso, é uma certeza absoluta. Há quem se aproveite da fraqueza. Há quem se aproveite da força. E há quem cuide dos dois. É mais do que colocar a coberta em mim durante a noite. Ou saber que Like a Stone é minha música favorita. 
Mas a nossa história nos leva a caminhos esquisitos. De repente me vi sentado em uma pedra, pensando na minha idade e no meu tempo. Eu não poderia negar nem que quisesse de que esse amor não sai da minha cabeça. E uma coisa curiosa sobre o amor também, volta e meia ele aparece no seu serviço, mercado, padaria, lojinha de conveniência, posto de gasolina, barraquinha de artesanatos da feira ás terças-feiras frias. Porque esse amor também faz frio e risadas no sofá. Ele faz panqueca e pipoca, café e biscoito. 
Se não houvesse o amanhã você ainda continuaria o mesmo. Viver sua vida, de forma superficial e tomar como certo todos os dias. A vida é, mas as memórias nós criamos. Para todos os demais lembrem-se de vocês e comemorem nossa vida. Porque voltamos. E ficaremos. Permaneceremos sonhando em sombras e luz. Em risos e gargalhadas. Em brigas e reconciliações. Enfrentamos, outro dia e a distância vem levando você para longe novamente. Lembre-se de nosso tempo e saiba quem eu sou. A memória que permanece até podemos respirar outra vez. Juntos.
Ás 18hs estou saindo trabalho e o relógio marca 18hs agora. Fico ansioso por sentir esse amor filha da puta em mim. Pego meu carro, um taxi, um ônibus... Não importa. Estou indo encontrar meu amor. De riso fácil, de mãos delicadas e de covinha de canto de boca. De perfume exalando vontade e sonhos incriveis. Ás vezes acho que ela saiu do livro misturado com alguma capa de revista. 
Ela sabe minha musica favorita. Ela sabe fazer meu café. Eu sei falar no ouvido dela e abraçar ela daquele jeito. E eu adoro a idéia dela poder me proporcionar esse amor. Por que no fim, o amor que você da é o amor que você quer receber.
Ela é a minha garota, minha moleca, minha mulher, minha razão e minha luz. Eu vou continuar sendo o babaca que cruzou a vida dela. Mas que fez tudo por ela. E que ainda quer fazer. Porque não importa o tempo baby, somos donos do universo.

Dia 1849


Dia 1848


E o que vale a vida? É você acordar cedo todos os dias e trabalhar até morrer? Esperar, sentado pacientemente na sua cadeira reclinável os domingos assistidos na televisão? É dirigir um Porsche Cayenne pela zona sul da cidade ou o meu Gol 2002 e descer a praia com minha vontade de lavar a alma naquele mar? Pagar as contas ou ir tomar um sorvete? Ir á academia tentando ficar tonificado ou usar meu moletom e me afundar no sofá uma tarde toda assistindo Friends?

Eu sou dos tempos bons de MTV, de programas de rádio sem tantos intervalos pra propagandas. De balas 7 belo nos potes daqui de casa. E quantas vezes quebrei meu espirito contra o chão. E quantas vezes quebrei minha cara contra a parede. E quantas vezes perdi uma vida, ganhei uma vida... De novo. O julgamento cai por cima daqueles que conseguem entender. Mas eu não conseguirei dizer nada tão sozinho assim, frio como a neve. E meu pai me disse que nós não deveríamos
ser aquilo que não sonhamos ser. Então vamos quebrar algumas regras. 

Dia 1847

Da uns tapas, uns tragos e estraga minha vida.

2014/05/17

Dia 1846


Dia 1845

Maktub, particípio passado do verbo Kitab. É a expressão característica do fatalismo muçulmano.
Maktub significa: "estava escrito"; ou melhor, "tinha que acontecer".
Essa expressiva palavra dita nos momentos de dor ou angustia, não é um brado de revolta contra o destino, mas sim, a reafirmação do espírito plenamente resignado diante dos desígnios da vida.
Ás vezes eu paro e penso sobre as coisas sabe? Penso "Que droga cara, porque isso tem que acontecer:" ou só mudo o tempo verbal da frase "Que droga cara, porque isso esta acontecendo?". E não tem um porque ou por que, não tem um motivo ou razão apenas acontece/aconteceu. Posso ficar revoltado, amaldiçoar o destino ou apenas aceitar ele e aprender. 'A vida é aprendizado' já dizia meus mentores no colégio. Já eu? Eu sempre fui da opinião que a gente aprende mais se ferrando. Não tem lição na vida. E eu já aprendi muito, me fodi muito também. 
Não sou de falsos moralismos entende? Nunca fui flor que se cheirasse mas também não era a pior espécie da terra. Eu erro tentando acertar e acerto tentando errar e assim eu sigo.
Folheando a biblia encontrei em I Coríntios 13:10 - “Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá.”
Talvez as coisas perfeitas aconteçam em tempos não tão perfeitos assim. Talvez insistimos em coisas que não deveriam acontecer. Ou talvez até devesse acontecer e a gente aprender. Sabe quanto a gente cresce por passar por certas coisas? Porque o tempo não é apenas as voltas nesse seu relógio ai. O tempo é mais que isso, são os dias passando, são suas idéias não saindo (ou saindo) do papel. São suas palavras ditas e seu silêncio ensurdecedor. É tudo isso junto e misturado. Talvez esse seja o Maktub que todo mundo fala. Então canto...
 
"Até mais minha pequena, ainda tá escrito maktub.
E o magrin se emociona, porque me dói te libertar
Mas tu não ia conseguir me acompanhar..."

2014/05/14

Dia 1844

Ela estragou a surpresa.
"Droga mamãe, era só pra você chegar ás 18 hs. São 17:42. Papai tinha preparado tudo."
E a figura em miniatura era mais marrenta que a tamanho grande. E eu amava as duas.

Dia 1843

Ela sabia exatamente o que fazer e como fazer.

2014/05/13

Dia 1842

Você abre a porta e entra. Essa é a porta do seu coração. O que você vê?
É isso mesmo. Por debaixo dessa pele e dessas pálpebras cansadas é você. Por esse coração batendo, por melhor que você possa fazer essa é sua vida passando a cada minuto do tempo. E o que você é agora é o que você se imagina daqui 10 anos? É sempre daqui 10 anos. Você esta vulnerável a qualquer desastre natural, real e invisivel que sua vida pode sofrer. Você pode ser qualquer coisa e qualquer coisa pode ser você. 
Você não é um mau cancer. Você não é a droga do seu pau. Você é a droga da realidade que tem que saber que um dia você vai morrer. E que nenhum dos seus conteúdos
vai fazer diferença quando você levantar e descobrir a vida. 
Por que essa é sua vida e você pode fazer melhor que isso. É essa sua vida passando a cada minuto do tempo. E você um dia vai cair e um dia vai se levantar. Bem, eu acho que não. 
Essa é sua vida, depois de cruzar a esquina, de receber o troco, de ser um anônimo para o estranho que sentou do seu lado no ônibus. Essa é sua vida e ela se torna uma festa a parte. 
Você é a mesma merda que compõe o mundo. Você não é especial. Você paga as contas. Você odeia seu trabalho. Você procura no catalogo e nas estantes das lojas o melhor conjunto de roupa e sapato que combina com você.
Bom... 
Essa é sua vida e esta acabando a cada minuto de tempo. E você pode fazer melhor que isso.

2014/05/12

Dia 1841

Então ela me disse que havia feito muitas coisas erradas na vida. E eu pensei comigo "garota, você não sabe da metade."
Sera que se sua mão soubesse quem é verdadeiramente o cara com que sua princesinha se meteu, ela sorriria tanto para mim?
Mas os segredos baby, esses segredos... Vão acabar nos matando. É um jogo perigoso esse que estamos fazendo. E só eu sei os demônios que carrego aqui dentro. Não falo isso apenas pelas brigas nos bares com garrafas quebradas ou o taco de beisebol que virou lenda. Tão menos pelas coças nos becos da cidade ou, os baseados nas noites solitárias. Tão pouco até, os goles de Gim ou a Montilla prontas sempre no copo.
Esqueça aquela faca presa na minha bota. Ou o soco inglês no bolso. Ate a arma na cintura presa pelo cinto nas minhas costas. 
Algumas noites não consigo dormir. O padre me disse uma vez que era porque as almas atormentadas me visitavam nos sonhos. Ja que meus anjos da guarda perdi anos atrás dando de presente para uma garota o que restava era lutar contra a insonia. 
Nao fume maconha, você nao precisa disso. Jogue fora os baseados que estao debaixo da cama escondidos, você consegue a mesma energia se masturbando no banheiro pensando na vizinha e isso ainda não é crime. 
Alguns pais não voltam pra casa, alguns filhos jamais voltam a dar boa noite para seus pais. E eu? Eu confio em todo mundo, só não nos demonios dentro de cada um.
Que Deus perdoe meus pecados. Amém.

2014/05/11

Dia 1840

Sexo é sexo. Amor é dormir de pés dados e acordar sem saber qual braço é de quem.

Dia 1839

Não faz muito tempo eu estava sentado em uma mesa de bar. Sozinho. O celular sobre a mesa, sem muito interesse em saber das mensagens que me enviaram ou das fotos que postaram. Na verdade, não tinha interesse nenhum. Ok, na realidade ele estava desligado. Quantas pessoas você conhece que desliga seu próprio celular?
Ninguém sabia onde eu estava, afinal também ninguém questionava. Só eu. Eu e um copo de conhaque pra me deixar aquecido. Nenhuma mulher ali pra mais tarde sentar no meu colo e aproveitarmos a noite. Nenhum amigo contanto suas dificuldades financeiras ou aventuras sexuais pra eu escutar e fingir que vou consola-lo ou que me importo quando na verdade, não me importo nenhum pouco. Eu, uma mesa com guardanapos e um copo, um celular desligado. 
Eu gostava de lá, não era um ambiente de bebados barbudos moribundos. Era apenas um bar. As luzes não tão fortes. As garrafas nas estantes com luzes de neon atras. Quadros antigos da coca-cola e outras figuras vintage na parede. Madeira polida. Detalhes em vermelho na decoração.
De um lado do bar um grupo de rapazes conversando sobre futebol, mulheres e trabalho. Do outro, umas mesas de distancia um grupo de mulheres oscilando entre falar de sapatos, falar mal das pessoas que trabalham e consolar uma delas por um fim de namoro. Na mesa deles, cerveja. Na delas, uma diversidade de batidas. Consigo ver daqui, uma Vanilla Ice, Sex on the beach... Aquilo é uma caipirinha com pêssego? Uma delas é mais bruta comparada as outras que parecem ser mais delicadas, também toma uma cerveja daquelas long neck heineken. Batons nos copos, essa é a lei. Uma movimentação maior na mesa deles, chegou a rodada de tequila, sal e limão para misturar junto a cerveja e vomitar na calçada mais tarde. 
Há uma garota sentada quase no meio perto do bar, ela é bonita. Tem cabelos escuros compridos mas os prendeu para trás, olhos timidos. Usa uma blusa manga longa preta e um jeans azul. Sapato sem salto. Batom leve, só pra dar uma cor aos lábios. Mãos retraidas, acho que ela é bem timida mesmo. Pés pra dentro da cadeira. Lê algo em um pequeno livro. Acho que é uma agenda. Ela também usa oculos uma armação escura, daqui parece preto mas pode ser vinho também. Eu pensei em ir la falar com ela. Conhecer a historia dela. Saber porque ela esta ali. Mas nem cheguei a levantar da minha cadeira de madeira escura. Então continuei olhando pra todo mundo. Essa garota, dos olhos timidos... Ela me observou uma ou duas vezes. Fiquei curioso pra saber o que ela estava pensando.
Mais ao fundo havia um casal de namorados. Ele tinha um corte de cabelo maneiro. Ela usava tiara e vestido daqueles que param no joelho. Ele? Camisa e tênis. Ficou bacana. Ele estava sentado na frente dela, ela ria sem graça. Eles davam as mãos enquanto conversavam. Na minha cabeça fiquei imaginando o dialogo. Ri sozinho imitando aquelas voizinhas.
Pra atender tinham duas mulheres. Uma delas passava várias vezes por mim ja que eu havia escolhido um lugar longe de todo mundo pra poder ver melhor todo o ambiente. Consequentemente esse lugar era perto também da entrada do balcão onde elas entravam e saiam com os drinks e as garrafas. Ela me pareceu um pouco cansada e a franja que ela colocara atras da orelha ja tinha saido. Tinha uma pinta perto do labio dela. Achei bonitinho. Infelizmente não eram nem 23hs e ela ja estava cansada. Fiquei imaginando que vida fodida ela não deve ter. Aposto que é mãe solteira de um babaca que abandonou ela. E trabalha ali pra pagar as contas enquanto a mãe cuida do filho. Mas sabe aquelas garotas que ficam bonitas só por usar uma camiseta branca e jeans?  
Começou a tocar The Quaker City Night Hawks - Some of Adam's Blues e fiquei para ouvi-la até o fim. Pedi a conta. Deixei uma gorjeta para a garota da pinta. Peguei meu celular e tirei as chaves da moto do bolso fazendo aquele barulho. Olhei para todos ali novamente e não encontrei a garota de olhos timidos. 
Minha motocicleta estava estacionada em frente ao bar. E adivinha quem estava sentada nela me esperando? De cabelos soltos ela não parecia mais tão timida assim. Eu parei por dois instantes tentando imaginar uma pergunta que não parecesse idiota. 

- Sabe pra onde eu estou indo agora?
- Não.
- Não quer saber?
- Também não.
- Ponha o capacete então.

Eu girei a chave. Ela me abraçou. Cara, eu podia sentir o perfume dela invadir as partículas da minha jaqueta. Sentia a respiração dela no meu pescoço. Aquele ar quente vindo dos pulmões dela me arrepiando. 
Então fomos. Só fomos. Sem destino. Só ir. Sem olhar pra trás. E de repente ali era o meu lugar certo.


Dia 1838

Quando eu tinha 14 o maior barato ia ser entrar pro colegial.
Quando tinha 15 a ideia era descobrir o que era baseado.
Quando fiz 16 era saber o que era sexo.
Aos 17 pensava no que ia fazer pra faculdade.
Quando fiz 18 eu queria ser Dr.
Aos 19 vi que ser Dr. não ia rolar então fiz uma tatuagem.
Nos meus 20 ja sabia o que era baseado, o que era sexo, tinha uma tatuagem mas ainda não sabia o que fazer da minha vida.
Com 21 ainda não sabia então decidi começar de novo.
E hoje aos 22 mesmo ja tendo idéia do que quero, não sei de nada.
Eu morri uma centena de vezes só essa semana. Eu nasci de novo outra duzia de vezes só este mês. 

Dia 1837

Porque ficar longe de você me deixa louco. E ficar perto me deixa mais ainda. 

2014/05/10

Dia 1836


Talvez amor seja isso, se perder em meio as musicas de Nando Reis e Capital Inicial. Pensar em pegar o avião, ônibus ou só atravessar a rua. Beijos mandados ao vento e mãos dadas no encosto de braço no cinema. 

Talvez amor seja essa coisa bobinha de rir na fila do pão. De, na hora do almoço mandar o trecho do texto de Paulo Coelho e sonhos "Os sonhos devem ser ditos para começar a se realizarem. E como todo projeto, precisam de uma estratégia para serem alcançados. O adiamento destes sonhos desaparecerá com o primeiro movimento."
Talvez seja amor ter uma vida cheia de palavras pra dizer mas saber o que significa um silêncio. E ter esperança de que o tempo abrandará o passar do dia. 
Talvez se desiludir por amor seja como chutar um castelo de areia ou destruir uma casa de lego. 
Mas talvez seja amor. 
Talvez seja amor.

Dia 1835

Ela não é uma vagabunda porque se masturba. Por favor. Em que mundo vivemos? Sim, sua princesinha se toca na hora do banho e dai? Ela não vai pro inferno por isso.
Na verdade ela queria era estar sendo tocada. Não como um ato vulgar, mas como se toca uma pedra preciosa. 
Ela tem pensamentos fugazes sobre vida, sobre morte... Futuro, casa, filhos, carreira. Viagens então ela tem de montão. Ás vezes se perde em meio a devaneios. Prende o pé em terra para não sair voando por ai como se fosse um balão. Usa salto luis XV mas ás vezes se sente com a moral baixa. Tem dias diferentes, que ela olha no espelho e pensa "quem é essa usando minhas roupas?"
Ela pensa sobre a fome na África. Sobre o Greenpeace e os testes em animais. Sobre os animais em extinção. Mas ela não faz nada, alias, ninguém faz nada. Você faz? 
Não adianta julga-la se você também faz as mesmas coisas. 
Porque eu sei, ela sabe, todo mundo sabe... Que você também tem pensamentos dentro desse banheiro ai. Alguns pensam em vida. Alguns pensam em sexo. E eu penso nela.

2014/05/08

Dia 1834

A vida não é apenas um boquete bem feito. Tem que ser mais que isso. Sou descaralhado mesmo. Foda-se o que eles vão dizer.

2014/05/07

Dia 1833


Eu sabia que voltando pra casa ela estaria la. Meu 38 dentro do meu patch. As botas ja surradas da estrada. O cheiro de oleo na barra da calça. 
Ela nao sabia se eu havia matado alguém ou quais as brigas que eu tinha entrado antes de voltar pra casa. Ela nao imaginava eu me deitando com outra mulher. Nem quantos goles amargos eu engoli ou sobre os cigarros que fumei. Muito menos sobre noites mal dormidas. 
Sabe, por mais que eu lave as mãos ainda vejo o sangue nas minhas mãos. O sangue do que eu achei que era justo. Era a lei de Talião entende? Ninguém ameaça ou toca na minha mulher. Ninguém encosta na minha familia deu pra compreender? E o tempo que me mantive afastado, estava cuidando dos monstros la fora querida. 
- A 45 no porta-luvas querida, engatilha ela pra mim? Pick up thundra, atrás de nós. 
Naquele instante eu sabia de duas coisas. A primeira: É que eles viriam atrás da minha familia. E ninguém encosta na minha familia. E minha familia, pra mim, cabia dentro daquele carro. E eu, nesse caso, me torno o maior cão de guarda do mundo. Segunda: É que eu levaria um tiro.
Eles me abarroaram pelo lado do motorista, o carro quase virou. Eu atirei. Acertei o vidro, estilhaços voaram. Atingi um deles. Viraram e aceleraram o carro contra o meu, me jogaram de lado e minha mulher gritou. Eu atirei e eles atiraram. Joguei o carro deles contra o poste e acelerei mas acabei perdendo o controle e capotei. Três vezes. Quando a tonteira passou olhei pro lado e minha mulher não estava la. Seu corpo tinha sido arremessado pela janela. Me desprendi do cinto e cai no teto do carro. Sai correndo pela janela em direção a ela...
- Ohh baby, não! NÃO! Oh baby.. Oh... Baby.
E eu não conseguia parar de chorar. Até para um cara grandão como eu, chorar é inevitavel. 
Estava la eu, debruçado sobre o corpo da minha linda mulher e seus cabelos ensanguentados. 
Quando os paramédicos chegaram, disseram que ela havia falecido e que eu, como disse, havia levado um tiro. 
Dias depois eu fiquei pensando em uma frase que ela tinha me dito. "Eu acho que você é um bom homem". Mas acabei me tornando mais um fantasma. E já não consigo mais enxergar a luz. Mas ela me prometeu que ficaria tudo bem.
Em relação aos responsaveis por isso. Querida, eu cuido disso.

2014/05/06

Dia 1832


Mas ai, o que anda valendo a pena? Tipo, sabe, qual é o caminho? É sair da cidade? Ir adiante? Um pouco ao norte ou ao sul do pais? Ou fazer morada aqui?

Talvez eu ainda seja um aprendiz de "Supertrump" e esteja buscando meu ônibus mágico. Mas ultimamente no banho penso mais que canto, isso é um problema?
As pessoas me encontram na rua e dizem "Que bom que você voltou cara!" mas pra onde eu fui? O semblante muda sabe, quando você adquire a liberdade. Como se tivesse vivido 1000 vidas. Escrito assim mesmo, em numeral. Pra parecer mais vidas ainda. 
Esses dias recebi uma mensagem de alguém que lê essas bobagens dizendo que me encontrou na fila do mercado enquanto eu ia comprar ração pro gato. E que não acreditava que era eu mesmo. Eu me assustei, quer dizer... Eu estou tão perto da realidade assim? 
As pessoas nunca vão ser simples sabe? Elas querem algo que elas nem conhecem, essa tal de simplicidade é complicada de se ter. De "se ser". 
Talvez eu ouça Eddie Vedder e queira encontrar 'um grande sol forte que bate em pessoas grandes no grande mundo duro' mesmo.

Tantos falando de ser livres, aprisionados dentro da própria mente. Talvez eu seja um deles, afinal nunca ouvi o silêncio da minha cabeça falar mais alto. Talvez, dentro de mim ainda habite aquele garoto curioso querendo saber o que tem depois de dobrar a esquina. Pensando em como seria legal usar um gesso no braço e todos autografarem ele. 
Eu ja sei como é usar um gesso. Eu já sei o que é ter que crescer. Eu ja senti o gosto da liberdade beijando meus labios e não aceito menos que isso daqui pra frente. 
Quando as coisas ficam dificeis eu me ausento sob o leão e poucos, quase nenhum saberão o que isso significa realmente. E aqueles que sabem, o meu perdão pela ausência. O mundo apenas ficou dificil demais pro meu dilema de suportar rindo as tristezas que deveria aguentar chorando.
Mantenha a calma. Respire. Que tudo vai dar certo.

2014/05/04

Dia 1831

Era assim mesmo, eu começava uma frase e ela terminava. Eu pensava em carinho e ela ja estava fazendo. A gente sentia fome de comer as mesmas coisas. Dormir junto, não precisava ser nem agarrado e só estar na frente um do outro se olhando até pegar no sono estava bom. Saudade era a mesma coisa. 
Depois de um tempo, descobri mesmo o que era dor. Dor não era apanhar de desmaiar. Não era cortar o pé com caco de vidro e levar pontos na farmácia. Dor era aquilo, que doía o coração todinho, que a gente tinha que morrer com ela… Sem poder contar para ninguém.
Nao era pra ser poesia mas a gente acabou rimando juntos. E foi assim que tudo começou.


Dia 1830

Eu falei uma coisa. Uma coisa simples que eu estava sentindo. Então ela se virou pra mim e disse "Querido, eu adoro o jeito como você fala."

Dia 1829



2014/05/03

Dia 1828

E o que é real? Até onde vale a pena sonhar? Onde termina um sonho e começa a realidade? Ja se perguntou se não esta sonhando agora? Você esta sonhando agora?
Ás vezes os sonhos desmoronam como casas de lego. E os pensamentos se tornam fumaças de fogo, queimando esperanças. O céu cai, mundos desabam. Mas continuamos aqui, de pé, certo? Queimando sonhos. 
Pois não seremos jovens e bonitos para sempre. Esse amor novo não é eterno. E se eu disser que meu único medo é o tempo. O que esse lindo rosto rosado poderá fazer por mim? 
Mas o que é um sonho? É um acabar, mesmo que acabe todo dia e morres de amor. Na tristeza. Na duvida. No desejo. Também se renova. No amor. No carinho. Mas é sempre outro, é sempre o mesmo.
E morrerás eternamente na idade imensa da eternidade até morrer de eterno que é.
Então, você esta sonhando agora? Quão real um sonho pode ser?

Dia 1827

Seja simples, porra!