2020/08/06

Dia 2488

Se eu fosse escrever uma carta sobre minha vida seria meio um manifesto raivoso, meio uma carta de amor. Passei anos difíceis aprendendo que a vida é boa, embora tenhamos momentos ruins. Momentos durante o dia, a semana, o mês, o ano, sim. E assim como peças de dominó caindo em sequência sem o desenho ter terminado, a vida para mim é aquela vontade de começar um novo desenho colocando a primeira peça novamente de pé.

Hoje é 06 de agosto. Acordei com vontade de transar. De gozar e sentir aquele relaxamento que vai até o dedo do pé. Depois passar um café fresco e apreciar o cheiro do pó desfalecer na água quente. Tomar um banho e de cabelos molhados ir ao mercado, comprar flores novas e coloridas para o vaso da sala. Ficar parado dois minutos a mais no farol só para terminar de cantar o estrofe daquela música do Marrom 5 que fala sobre domingo de manhã.

Colocar a chave sobre a mesa e tirar os sapatos. Pisar descalço sobre o tapete fofo e confortável. Contrair os dedos e ligar a tv para assistir qualquer programa aleatório. Pegar no sono, acordar 9 da noite. Ficar na varanda fazendo amor com a noite. Pensar nela, mas ta chovendo dentro dela, quase que um temporal.

Beije-me. Se você vai partir meu coração, este é um bom começo. Não me dê espaços. Espaços são ruins e tristes. É o vazio que machuca a alma. É o procurar e não achar algo que estava logo ali, como a sensação desesperadora que é não conseguir lembrar de um pensamento recente, ou uma palavra fácil. Já é o fim do dia. O foda é o fim do dia, cara. E aqui estou eu, colocando novamente a primeira peça em pé.

Um comentário:

Kawana Rocha disse...

Adoro seu blog. Sempre muito inspirador.
Costuma escrever muito de madrugada?