2018/12/30

Dia 2456



Um pai nasce depois do filho. Sofre o parto de si mesmo, a revolução da sua vida que só a paternidade pôde proporcionar até aquele momento. É uma coisa que pessoa nenhuma pode te proporcionar, é um momento que acontece como uma aurora boreal e não dura para sempre. É uma mudança em si mesmo que surge sem você perceber. Quando se da conta, já aconteceu e esta acontecendo. Isso assusta, traz medo. Medo de que você não vai sentir tudo aquilo que todos dizem, que não vai viver aquilo que você viu por ai. Medo daquela mulher que carregou seu filho por nove meses não vá se lembrar lá na frente o real motivo pelo qual decidiram ter um filho. Um medo enorme, gigantesco de falhar com os dois. De já estar falhando. E nessas horas ninguém aparece para te dizer o contrário.
Mas que se dane todas as pessoas e as coisas que vi por ai - penso eu. Esse é meu momento também de aprender uma cachoeira de coisas. Aprender a ser mais responsável, maduro e adulto. A controlar minhas finanças, aprender a dirigir melhor meu carro usado e parcelado em trinta e duas vezes. Aprender a ter sentimentos bons que eu nem lembrava que existiam. Aprender a ter cuidado por alguém (ns). E aprender a cuidar de mim mesmo, porque não? Adeus Mc Donalds, um tchau bem grande para os cigarros escondidos na mochila. Um "foi" mal para as grandes empresas de cerveja, agora eu conheço muito bem a NaN, Nestlê e Pampers.
Uns param de fumar. Outros decidem largar o emprego e trabalhar com o que gostam, mesmo que pague menos, ou ficar tempo integral em casa com os filhos. Há quem tente recuperar laços familiares enfraquecidos pela distância e pelo tempo. Muitos tentam adquirir hábitos mais saudáveis, seja para viver mais e melhor, seja para oferecer bons exemplos. Talvez sejamos todos um pouco dessas dores, tanto para nós como para nossos filhos. Superá-las nos torna mais leves, e possivelmente pais mais amorosos. Tomara.
E quem sabe um dia você possa ler isso e saber que eu estava falando sobre você.
Mês 7

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