2022/12/27

Dia 2506

As noites são para esquecer, os dias são para refletir mas já fazem anos que as noites me engolem por inteiro. Essas linhas são os beijos e abraços que não posso dar. Os telefonemas que não posso fazer. As mensagens que não posso digitar. As cartas que não posso mandar. São linhas para dizer o quanto eu sinto saudade e se sinto saudade significa que foram tempos bons, certo? As risadas da madrugada, os entrelaçados na cama de solteiro, as sextas feiras tão esperadas e os cafés da manhã de sábado na cama. 

Haviam mais toques, beijos, cartas e mais intenções e sonhos para o futuro. Havia muito mais sexo, abraço, lágrimas músicas especiais e mensagens no celular. Era tudo intenso, como de fosse acabar naquele mesmo instante. Era tudo muito forte, como se cada momento fosse me derrubar. Era tudo acontecendo rápido demais, forte demais com sentimentos demais. 

E o fim eminente chegou, foi nossa culpa. No começo um colocava a culpa no outro, tentamos nos reerguer em meio a solidão e a mágoa misturado ao sentimento de traição. E quando chegou o fim real entendemos que foram os caminhos que mudaram, não o amor. Algumas feridas fecharam, outras demoraram mais para curar e algumas fingimos que esquecemos. 

Hoje temos a ilusão que está tudo superado, mas se a gente se cruzar na cafeteria da esquina, ou entre as prateleiras de qualquer loja ou ainda na fila do supermercado? Se eu sorrir, você sorri de volta? Ou vou ser o estranho completamente esquecido e ultrapassado por outras milhares de lembranças que eu não estive presente? Se chegar nesse ponto me desculpe, foi a última coisa que eu queria. Mas se sorrir de volta, aceita tomar um novo café, em uma nova primeira conversa e depois... Escuta essa música, eu me lembrei de você. 

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