2023/12/28

Dia 2531

Esses dias achei uma foto perdida na galeria do celular, mesmo porque não somos a geração que tem fotos em gavetas. Era uma foto sem rostos, de uma cafeteria simples e aconchegante. Os personagens dessa fotografia estavam escondidos de propósito. Quem tomou a cena foi um guardanapo manchado de batom e uma xícara de café. Era uma foto carregada de lembranças e sentimentos. 

Na estrada, a placa indicava o atalho para memórias que eu já nem recordava mais. Caminhos que eu não posso trilhar de novo. Nostalgias que insistem em reaparecer alimentadas de gatilhos com cheiros de perfume em meio a multidão, lugares que surgem no meu GPS e músicas da minha playlist secreta. As vezes da saudade de ser a pessoa favorita de alguém. De levantar e fazer um café da manhã na cama tentando acertar a quantidade de chocolate no leite e um abraço entre os cobertores. 

Quando te conheci era alguém inteiro, intenso e queria muito algo que não sabia o que era. Acho que éramos duas pessoas cheias, transbordando tanto que acabamos não cabendo mais uma na vida da outra. Uma pena. Mas e se começasse de novo? Eu tenho tanta coisa nova para contar. O que acha de um café?

Foi aí que entendi que não era verdade aquilo que me diziam sobre a saudade, porque parecia que quanto mais o tempo passava, mais eu sentia falta dela. 

Foi aí que eu entendi que não fazia sentido aquela história de superar, aquela velha história de seguir em frente. Adiantaria eu bater de frente com o meu próprio coração? Foi aí que eu entendi que ela estaria sempre ali nos livros, nas canções, no café fresquinho pela manhã ou em um fim de tarde ao admirar o pôr do sol. O tempo pode passar, mas faz questão de não deixar algumas coisas irem embora com ele.

Espero que essas palavras cheias de carinho e saudade te cubram nessa noite difícil de sábado. E mesmo que não pense mais em mim, estou pensando em você. 

É sobre café, amor e saudade.

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