2024/01/28

Dia 2535

 

Eu fico poema com isso. Quando alguém sabe a brincadeira que queria ter feito quando ouvi algo no ambiente. Quando identificaram minhas negações e desconfortos na sala de estar. Quando me fizeram um café fresquinho e me trouxeram uma xícara quase até a borda sem eu pedir. A batida folk da música no carro quando o farol fecha e o refrão "Durante todo tempo bem do meu lado, lá estava você brilhando, meu raio de luz"

O vermelho Marlboro no batom dos lábios dela e o azul anil no céu. Minha camisa xadrez e botas engraxadas. Barba feita e as chaves na mão. O capricho de perguntar se o perfume combinou. As unhas feitas de propósito. Enfeitada de jóias que ganhou uma em cada ocasião. O timbre da voz baixinho perto do ouvido e a respiração ansiosa no meu pescoço quando estamos envolvidos em um abraço e suas mãos na minha nuca.

Toda vez que te encontro é a primeira vez. Enquanto me apresentava as músicas de sua cantora preferida, eu falava pra você que a gente criaria memórias afetivas, e você brincou no dia dizendo “e logo depois a gente vai se desentender e essas memórias serão dolorosas”. Eu realmente correria o risco de ser para passar todas elas contigo.

Eu fico poema com isso. Tenho casa e durmo nela todos os dias. Mas eu também tenho um lar e meu lar tem os olhos mais bonitos que eu já vi.

Quero tanto ela que hoje deixo a porta destrancada. Deixo as luzes acesas mesmo tendo medo do escuro.

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