2023/08/20

Dia 2518

O telefone desligado sob a mesa ao centro da sala, ao lado do vaso de flores que comprei no sábado de manhã. Roxas, brancas, rosadas, azuis e flores do campo. As chaves do carro, um ticket de estacionamento e um relógio de pulseira preta já um pouco desgastado. Um recibo e uma xícara de café da noite anterior. Um livro começado com mais da metade já lido e a última página lida dizia "em que pese os sentimentos, abraçar depois do sexo ainda era a melhor sensação".

Te encontrar no anoitecer, era a melhor parte do meu dia. Mas você não sentia aquele momento na mesma intensidade que eu. Eu sabia, qualquer afeto me afetará, então segui. Quem nunca se apaixonou por um par de olhos castanhos? Quem nunca achou que aquele momento era para sempre e o pra sempre acabou na tarde seguinte, sem explicação ou bilhete de despedida?

Algumas coisas estão acabando com o tempo e as pessoas não reparam mais no barulho da chuva ou no cheiro dos livros. As flores no mercado ficam murchas e morrem. Ninguém mais as leva para casa. Aliás, os amores estão morrendo nas prateleiras mesmo. Ninguém os leva para casa também. Tudo esta tão frágil, leve e passageiro. 

Eu não parei de comprar flores, de fazer o café ou de escrever os bilhetes. Eu ainda ouço o barulho da chuva e cheiro os livros na prateleira. Eu acordo toda manhã planejando conquistar o mundo, o meu e meu mundo tem um par de olhos castanhos.

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