Era uma noite qualquer e eu precisava de todas as palavras gentis que um dia já ofereci a alguém.Trocamos olhares profundos e depois nunca mais nos vimos igual. Mesmo depois de tantos anos, aquele era nosso primeiro dia de novo. Não havia tempo, obrigações e o mundo lá fora já não importava mais. O quarto se confortava com nós dois nus na cama apenas sendo nós mesmos.
Minha língua no corpo dela engolindo poesia. Devorava cada página com tanta vontade que cada vez mais a história fazia sentido. Suava, arrepiava, gozava e sentia. Como sentia. A felicidade gemia, escorria pela perna trêmula e entrava devagar. Sorria, meio tímida olhando na iris dos meus olhos.
Eu te lia com as mãos e te devora com os olhos. Queria saber o que tinha no próximo capítulo.
Quando tudo terminou havia silêncio, banho tomado, roupas confortáveis e abraço. Cheiro no cangote, mão na mão mas nenhuma palavra diferente. Às vezes o amor é isso, um silêncio não desconfortável que poderia ser traduzido em qualquer palavra mas não é. É o toque, o carinho, a presença, o olhar, o sorriso ou tudo isso acontecendo, sendo diluído no tempo e rotina. Hoje em dia, olho no olho é caligrafia e eu consigo escrever sua poesia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário