2025/03/05

Dia 2564

Os monstros nunca estiveram debaixo da minha cama, porque os monstros estavam dentro da minha cabeça. Não temo monstros pois, monstros eu não mais vejo. Porque por todo esse tempo, ser o monstro é o que mais desejo.

Descobri que esse auto-flagelo é educação, é controle, é padrão, é sustentação de um ideal futuro. Um modo de determinação para chegar a um objetivo sem que os monstros saiam.

Tem um lugar, um lugar na minha mente que não é bom. Ninguém deveria ficar lá sozinho.

O preço da lucidez é muito alto, é quase impossível manter a mente intacta enxergando com clareza a maioria das coisas, algumas vezes você tem que se fazer de cego, fingir que não viu, sair e dizer que não sabe, só pra não poder pagar essa conta. E essa conta é alta, cara demais.

Mar calmo também afoga. Silencio mata mais que uma bala. Eu sei, aqui dentro está uma bagunça, os antigos moradores não cuidaram desse lar de aconchego. Ainda está meio quebrado, estou juntando os cacos, remendando os retalhos, organizando a bagunça que se faz em mim. As paredes rachadas, janelas embaçadas e o jardim abandonado, já não traduzem a beleza que outrora se mostrava.

Já fui monstro, já fui o mar,  já fui o silêncio e hoje sou o casarão abandonado que decidi reconstruir. Vai dar trabalho, estou reforçando algumas paredes, passando um pouco de tinta e plantando novas flores no jardim. Quem sabe um dia passando pela frente, sentirão o cheiro das rosas e observem as cores coloridas. Entre, fique a vontade. Só não repara a bagunça.

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