2013/07/25

Dia 1561

Era só o barulho da chuva. Era só a chuva batendo lá fora.
A luz baixa dentro do quarto pequeno e tão, simples. Chão e paredes de madeira. Aquele cheiro gostoso dentro de casa. Esta frio la fora mas é quente do lado de dentro por conta da lareira da sala. Um sofá qualquer. Algumas coisas era o que bastava ali dentro, sem ostentação nenhuma. Pra que? Lençois brancos na cama, amassados. Travesseiros jogados. Ela deitada de bruços, apoiada sobre os próprios braços fazendo-os de apoio. Dormia gostoso. E o mundo em silencio essa hora. Era só a chuva batendo lá fora.
Eramos só nós. O mundo inteiro não sabia onde estavamos e nós não queriamos saber do mundo inteiro. A gente fugiu, partiu, correu e se escondeu. Era pra ser só a gente. Tinha que ser só a gente. E não importa quão barulho a gente fizesse, ninguém ia nos ouvir. No máximo um esquilo ou um urso. Eramos nossa própria trilha sonora. E agora? era só a chuva batendo lá fora.
Não importa se eu sou feio, e dai? E se ela tem uma ou duas estrias? E dai? Se ela tem celulite? Que que tem? E se eu não tenho a barriga de tanquinho? Tanto faz! Eu sei abraçar ela do jeito que ela gosta. Ela sabe me beijar do jeito que eu gosto. E isso é bom, na verdade isso é muito bom.
A gente faz um sexo gostoso cheio de amor, sente o que é pra sentir e depois deita junto. Conversa por horas. Pega no sono. Briga por espaço na cama. Acorda, conversa e ri. E beija. E transa. E trepa. E a gente faz amor né baby? O legal era que toda vez que a gente transava, depois dávamos uma de filosofos, falando sobre o futuro e as coisas, as pessoas e o tempo. E a gente, e a gente, e a gente... Mas calma, era só a chuva batendo lá fora.
Sabe quando assim, de mansinho você ouve a chuva escorregar no chão? Cada pingo etc e tal? Aquela chuva que não é nem forte nem fraca, daquelas que da pra ouvir nitidamente como se estivesse chovendo dentro de casa mas, não esta. Você ouve a chuva caindo. E o barulho faz você ver de olhos fechados. Sabe como é isso?
Ela era realmente incrivel. Ficava linda assim, exposta toda nua deitada na cama. Uma vez, eu quis acordar cedo só pra observar ela dormir. E sonhava em todo dia ser a primeira coisa que ela visse quando acordasse. E ela sabia, que tudo aquilo era tão nosso. Aquele corpo, jamais sentira outra mão masculina percorrer os teus pelinhos arrepiados. Que aquele corpo jamais sabera o que é outro membro dentro dela sem ser o meu. E eu? Eu jamais vou saber o que é ter outro corpo feminino em cima de mim, a não ser o dela. É uma promessa secreta que o corpo faz sem nos darmos conta de que quando fazemos amor de verdade, é juntado, entrelaçado pra sempre as duas almas. E ali, ali encontra-se o famoso 'pra sempre' que todos procuram. Mas não adianta sair por ai trepando tentando achar. Isso é raro, é mágico. É extremamente único. E eu tenho com ela.
Sabe que aqui sentado nessa cama, nessa cabana, sobre esses lençois brancos amassados e vendo ela dormir do meu lado, fugidos do mundo eu sei... Jamais iria querer outra pessoa aqui agora.
E eu sei, consigo imaginar tudo isso no banho, fechando os olhos, tampando meus ouvidos debaixo da água e deixando a água cair sobre minha cabeça. Afinal, enxergo de olhos fechados. Era só a chuva batendo lá fora, lembra?

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