2015/09/05

Dia 2135

Era pra ser mais um dia comum. Acordar, ir pra academia. Tomar um banho. Ir ao mercado. Mas hoje foi como naqueles filmes americanos onde a mocinho mata o bandido. Mas eu quase nunca falo disso, o outro lado.
No farol, vi a CBR seguindo o carro pelo retrovisor. 4 faróis, 4 paradas, 4 sequências. O mesmo caminho. Pedi pra minha garota ficar atenta e a qualquer hora quando eu mandar, ela abaixar a cabeça debaixo do painel do banco do passageiro. Engatilhei a .40 debaixo da minha perna. Uma mão no volante, pé no acelerador. Iriam vir pelo lado dela, é claro. Mas hoje não!
Quando o farol fechou, aceleraram atrás de mim e eu acelerei junto. Joguei o carro pra direita fechando o caminho. Eles pararam porque não esperavam uma barricada. O passageiro desceu da garupa já armado e eu acelerei mais o carro pra ficar na diagonal e a porta dela ficar na frente do outro carro do lado. Gritei e ela abaixou a cabeça. Tirei o cinto e abri a porta. Abriram fogo primeiro contra o carro, os estilhaços do vidro traseiro vieram pro painel. Acho que era uma 38. 
Sai do carro abaixado e quando o gênio veio pro lado, acertei a perna e depois duas no peito. Ele girou feito um peão pra trás. O outro malandro tentou tirar a moto do lugar onde ele se enfiou enquanto ainda atirava contra o carro. O desgraçado estava mirando no lado dela. Dei um giro de 180° com o corpo e fiquei na direção dele. Quando a munição dele acabou, levantei e mirei na cabeça. Ele se mexeu, o tiro pegou no pescoço. Ele caiu. Dei a volta novamente e fui conferir. Ele ainda sangrava. O outro já era. As pessoas em volta estavam assustadas. Eu levantei as mãos em um sinal que agora estava tudo bem. Travei a arma e coloquei nas costas. 
Ela estava assustada pelos tiros, mas estava bem. Meu carro ficou parecendo uma peneira. Falei pra alguém chamar a ambulância enquanto segurava a mão dela. Um civil gritou "deixa ele sangrar até morrer". As pessoas pegaram a ideia de que nem sempre a gente precisa usar uniforme para pegar os bandidos. As pessoas pegaram a consciência que não adianta tratar malandro, enjaular e fazer um tratamento social. Aqui é a lei da rua e a rua sempre ganha.
Nem sempre falo desse outro lado, mas ás vezes é bom pra aliviar a culpa da alma de mandar várias outras pro inferno. Porque na rua, ou você é o executado ou o carrasco. Eu prefiro ser o carrasco.



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