2016/12/27

Dia 2347


Às vezes paro, relaxo e começo a escutar o silencio. Por muitas vezes ele me disse coisas incríveis, apaixonantes, invejáveis. Em seus dias de raiva ele preferia ficar calado, mas eu sempre o sentia. Alguns me julgavam como louco, mas mal sabe eles o bem que eu sentia ao conversar com meu coração. Você pode até achar estranho, mas tenta ficar 5 minutos em silencio, sem nenhum barulho, controla tua respiração e escuta o que teu coração tem pra te dizer. Não que ele vá dizer tudo o que tu precisa fazer, mas tu descobre o quão pequeno tu é, mediante a imensidão do que pode sentir. O coração meu caro, não é nada complicado, ele é simples, claro… Somos nós que nos afundamos naquilo que achamos que é melhor e não naquilo que o nosso coração grita pra sermos, e sabe para o que é? Para sermos felizes.
Desde o inicio da minha vida eu sabia como queria ser. As palavras me disseram isso. Eu fui criado onde via meus pais trabalharem duro com serviços simples do tipo que não ganha gratificação por não ser um Dr ou Dra. Minha mãe nos arrumava sempre pra ir para escola, queria que fossemos impecáveis e exemplares. Reparava em cada detalhe. Posso dizer que herdei os olhos dela. Sempre procurando, sempre olhando. Por isso hoje eu gosto de fotografia, eu acho. Muitos detalhes. Mas não foi só isso. Foi a música, a galera alternativa, a arquitetura da minha vida que mudou completamente. 
Começar a explorar o inexplorável. Encontrar a minha paixão. Eu queria ver o mundo subindo, ansiava para ver a estrada selvagem sob os meus pés. Isso fez com que eu vencesse alguns medos e temores. Ganhasse equilíbrio. Conhecer meus pés e mãos. Queria sair por ai, fogueira, contando histórias, cantando músicas. Tudo isso coloquei na minha mochila e a vagar por ai. De alguma forma isso me seduziu, dando-me uma direção a seguir, um propósito. Eu poderia ser qualquer coisa. Um barbeiro ou um garçom. Um artesão ou um fazendeiro. Mas sou escritor e brinco com as palavras. Há 25 anos venho fazendo isso. 
E então aconteceu, ela chegou. Minha musa, parceira de crime. Me senti apaixonado pela última vez e meus sonhos como se estivessem se realizando. Encontrei meu lugar. Meu lar. Mas agora, isso me assusta. O estilo de vida que uma vez me inspirou me tira de casa por longos períodos. Minha ohana, minha família... Tenho medo do que vou sentir falta. Dos sorrisos, dos choros. Eu não quero perder esses momentos. Eu penso sobre isso, tenho mais cinco ou seis verões. Então decidi transmitir aos meus mais próximos quem eu sou realmente.
Falar sobre respeitar nossos recursos naturais para que possamos apreciar a beleza deles um dia a mais. Para poder ver a beleza de todas as coisas e todas as cores. Sobre os detalhes da vida. Eu queria dar-lhes meus olhos. Encontrar a própria alma na música e se divertir. Podem cantar e dançar. E se podem dançar. Quando você dança, você comemora. Esta tudo conectado. Isso tudo nos ensina a expressar. Construir. E podemos construir qualquer coisa dentro de nós, com trabalho duro. Dedicação. Integridade. Código moral. 
Desde o momento que sai da casa da minha mãe para construir uma casa com a minha esposa, todas as sensações me levaram a sentir que algo não mudou. Algo ficou em mim através de tudo e que levo pela estrada. Um conforto, um disfarce, uma armadura. Isso é cheio de gargalhadas e risos gravados. Marcados de memória. Cada lágrima que faz com que eu viva sempre. Tudo que eu sou. E chegará um dia que vamos embora. Meus filhos ou meus netos vão saber que esse é o campo da batalha da minha vida onde levei todas as minhas memórias. E a vontade deles de saber que esse é o campo da minha vida.

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