2017/01/02

Dia 2348

Procurei minha vida dentro do bolso da minha calça jeans azul marinho. Não encontrei. O meu caminho quis dar para muitas pessoas. Acontece que ninguém me acompanhou. Ninguém.
Acordei hoje e fiz mais uma vez, cotidianamente o meu café preto com pouco açúcar. Depois de ir ao banheiro e lavar o rosto fiquei observando o reflexo do espelho por alguns minutos. Eu me pareço com outra pessoa hoje. Nossa! Fazia tempo que eu não reparava em mim mesmo. É utópico esquecer da minha realidade algumas vezes. Quase sempre estou tentando prestar atenção nos outros e no que dizem para não deixar passar nada, não esquecer nada. E mesmo com tanto esforço uma hora ou outra acabo esquecendo. Vai ver isso é consequência do acidente de anos atrás, vai ver sou assim mesmo. Tem coisa que é da gente mesmo, não da pra mudar por mais tenha tentativas.  
Fiquei parado que nem besta em frente o espelho. Vi que minha barba cresceu de novo. Que tem um pelo novo fugindo do desenho que eu faço. Vi que minha calvice não esta tão visível depois que aparei o cabelo. Meu nariz continua igual. Minha boca também. Mas... Quando olhei nos meus olhos me assustei. Olhei para bem dentro de mim. Vi as mudanças que aconteceram e senti vontade de por fogo no que restou sem mudança nenhuma. Muita coisa aconteceu muito rápido nos últimos meses. Voltando no tempo ainda lembro da última conversa que tive com meu espirito dizendo que eu só queria ser feliz e que iria mudar. Que seria outra pessoa, esquecer a ira e abraçar a calmaria. Hoje, é como se eu estivesse preso no trânsito mas minha mente esta com os pés na areia fazendo amor com o mar. 
Internamente desconfiei do homem do espelho. Eu não consigo mais acreditar em todo mundo, porque me machucaram. E é comum, quando nos machucam, acabarmos nos tonando alguém que não queríamos ser. É uma outra fase de mudança, esta em desenvolvimento e aperfeiçoamento. Aliás, muita coisa tem que mudar ainda. Desde a forma como amarro meus sapatos logo cedo até meus caminhos de volta para casa no fim do dia. Se eu pudesse dar uma dica para cada pessoa seria essa: Faça as coisas que faz todo dia cada dia de uma forma diferente. Assim não há rotina. Assim, nada fica igual. Assim, você tem coisas novas todos os dias.
Já sei o que vou fazer. Amanhã não irei fazer meu café. Vou colocar uma roupa qualquer, pegar um bloco de papel e uma caneta e ir tomar café em uma cafeteria por ai. Sem nome famoso, apenas uma de um endereço próximo. E lá vou encontrar o amor da minha vida. Vou escrever um bilhete como se fosse uma anotação ou lembrete e colocar na mesa. Sobre qualquer coisa que tenha sido escrita, ela vai entender. Á partir dai começa nossa história. Meu amor vai estar dentro de uma cafeteria com uma xícara quente nas mãos. Bom, isso tudo é incrível lendo, mas eu já perdi a capacidade de acreditar nessas coisas. Conforme o tempo passa você acredita em apenas uma ou duas coisas. No meu caso, é uma só: É que gosto do cheiro dela quando nos abraçamos. O cheiro dela tem cheiro de lar. 
Procurei minha vida dentro do bolso da minha calça jeans azul marinho. Encontrei um botão, meu maço de cigarros e as chaves de casa. Descobri então que deveria continuar procurando. E vou continuar procurando. 

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