2023/04/23

Dia 2512


Cheguei na metade do caminho. Bem, nos dias de hoje 30 anos é a metade do caminho. Não estamos chegando muito longe. Guerra, doenças, a economia. Sobretudo, a rotina. Ela me consome demais, como se já não bastasse todo o resto. Eu costumava ler livros em uma semana, hoje mal lembro o título do último que li quanto mais quando isso aconteceu. Era obcecado em escrever. Eu ria um bocado, sorria um montão. Eu rezava mais, cantava mais a música da rádio. Quando foi que as coisas começaram a mudar de caminho? Em que parte dessa história eu me perdi?

Estou dobrando a esquina da saudade, dando um olá para as lembranças e do nada abraço aquela memória que estava guardada em uma caixinha especial, embrulhada com carinho em um papel de presente bonito e um laço desajeitado. Você sabe, nunca fui bom com essas coisas. Mas eu senti, como se fosse algo palpável na palma da minha mão sendo pressionada sobre meus dedos e fazendo um aconchego no meu coração. Eu senti sua falta, sim.

As pessoas hoje vivem a base de ansiolíticos, terapia e tentando algo por elas mesmas e eu entendo. É normal. Mas em que parte dessa história a gente se encontra e é feliz? Quando vamos tomar um café pra eu pegar na sua mão e dizer que vai ficar tudo bem? Pra eu rir do seu batom na xícara branca como se acabasse de me dar um beijo. Quando é que vamos parar de complicar tudo e ser simples?

Ainda quero aprender a tocar violão, andar a cavalo, subir outra montanha e ficar de braços abertos como se eu estivesse vencido na vida, ao menos naquele dia. Estou cansado de me sentir cansado. Ainda estou aqui, esperando sei lá o que, sei lá onde. 

Ainda estou aqui virando uma esquina ou duas e quem sabe em qualquer uma dessas a gente se encontre por aí. Quem sabe já tenhamos todas as resposta do que hoje são nossas dúvidas. Quem sabe toque "when you're gone" do The Cranberries no radio e eu te ofereça uma carona e você não precise ir embora. Quem sabe?!

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