2023/04/30

Dia 2513


Gosto de vinho mas não sou nenhum sommelier, não sei escolher. Mas eu trouxe. Trouxe pizza também, da mais simples. Senta aqui, tem a lua e toca Caetano no rádio. "Toca Lisbela" - eu digo, porque é a música de Lisbela e o Prisioneiro. Senti falta dessa simplicidade, de um vento que balança o cabelo e de um sorriso no canto da boca que abre uma covinha na bochecha e eu me afundo nesse abismo.

É um sentimento incontrolável, parece que passamos o dia esperando acabar mas acabar o que? A sensação de estar na selva sempre a espreita dessa fera. Mas cadê essa fera que nunca aparece pra eu decidir se enfrento ou se corro? Essa luta eu nunca enfrento porque ela nunca começa, é isso.

"E nesse desespero em que me vejo" - cantamos juntos. Obrigado, Caetano. Uma lágrima escorre, um coração aperta e uma saudade espanca. É a sensação do primeiro e último abraço que nunca aconteceu. Do lábio que nunca senti o gosto. Do corpo que nunca senti quente. Nunca, é tipo pra sempre só que ao contrário. 

Mas senta aqui, tem vinho, tem a lua, tem nós dois. Pra sempre, um minuto.

Nenhum comentário: