Dia 348

Quando eu estava no jardim de infância aprendi a escrever. A letra era feia, cheio de erros de concordância, mas eu já sabia escrever. Passei para o fundamental e só o que eu queria era escrever. Achava impressionante como eu podia colocar nas linhas tudo que acontecia na minha cabeça. Depois, na 3° série recebi meu primeiro elogio, do qual levo comigo até hoje. Quando uma criança nessa idade recebe um olhar de espanto e logo após um elogio por um texto de três páginas sobre uma história inteira de começo, meio e fim... Ai sim fiquei orgulhoso de mim e sabia que poderia continuar a fazer isso, que sempre receberia esses olhares.
Foram se passando os anos e tudo que eu queria era escrever. Não ligava o que ia acontecer se eu multiplicasse a equação 'a' pela 'b' e o resultado seria 'c²'. Ou o que iria acontecer se eu colocasse mais um átomo ali daquele lado. Não ligava para nada disso...
Eu continuava a escrever, mas evolui. Além de escrever o que se passava na minha cabeça, também escrevia o que se passava no meu coração.
Eu continuava a escrever, sobre tudo de diversas formas diferentes. Meu mundo era passado da minha caneta para o resto á fora. Eu não ligava para a escola, mas ficava lá para escrever. Pegava minha blusa de frio preta, usava o capuz em cima da cabeça e lá ia eu, escrevendo. Ás vezes faltava para ir ler livros na biblioteca do lado da escola, só para poder ter mais idéias do que escrever. Então, expandi isso... Expandi minha cabeça e meu coração para as palavras. E hoje estou aqui, tem dado certo até agora.