2014/05/24

Dia 1856

Eu peguei a saudade e a levei para trás, em um terreno baldio. E eu queria saber, não ia sair de lá sem minha resposta. 
Eu a amarrei de um modo que ela não pudesse escapar. Coloquei sua mão estendida de forma que ela não conseguisse nem dobrar os dedos. Então eu gritei:
- ONDE ESTA O AMOR?
E a saudade permaneceu quieta. Eu gritei de novo e de novo. E ela permaneceu em silêncio. Eu peguei farpas de madeira e enfiei devagar abaixo das unhas para forçar ela a dizer. Mas mesmo assim, permaneceu sofrendo em silêncio. Eu dei socos em seu rosto, esmurrei até sangrar minhas mãos e mesmo assim o silêncio permanecia.
- ONDE ESTA O AMOR?
Voltei a gritar. Cheguei a pegar um taco de beisebol e quebrar os ossos de seus joelhos e mesmo assim ela não dizia. Arranquei suas unhas com alicate, cortei a ponta de seus dedos e lhe tirei uma orelha. Ela ja nunca mais poderia andar pelo que eu fiz com ela e quase nem falar ja que sua lingua estava pela metade e dentes, já se tinham bem poucos depois de tudo. 
Foi ai que perdi a paciência e saquei a arma. Aponto em sua testa e disse:
- Sua ultima chance, onde esta o amor?
Ela, em silêncio e sofrendo ainda olhou para mim de baixo do cano da arma e sorrindo disse:
- Se atirar em mim, vai espalhar amor por toda parte.

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