2015/04/27

Dia 2088



Hoje, como de costume, tomei café e senti sua falta. E igual a todos nossos sonhos boêmios esse também ficou grande em meio a sala de estar. Deveria eu acreditar em Alice?
Mas os meus passos quietos são quedas livres, fugindo de uma liberdade de asas feridas que não se encaixa em seus horizontes estreitos. Algumas horas até, não sei o que fazer. Quem nunca se sentiu assim, hã? Me diz.
Não consigo ver a liberdade poética nas gaiolas do mundo sem fugir pelas tangentes. Voar é sempre um desafio pra quem pulsa caos e destila espectros, pra quem procura céus nos abismos do teu peito. E eu, que ainda não alcancei nem mesmo minhas próprias expectativas, sou a luz que entra pelas cortinas: sorrateiro e íntimo, mas nunca próximo o suficiente para ser guardado no teu bolso esquerdo. Nunca próximo o suficiente para pousar sem estilhaçar o céu inteiro.
Mas faz bem ser o bem de alguém. Isso, realmente é uma tremenda loucura. Afinal, quero alguém que quando eu estiver montando a fogueira, me ajude a montar a maldita fogueira e não fique apenas sentado olhando o fogo queimar entende?
Hoje, como de costume, voltei tarde para casa e sentei no sofá. Adivinha só? Senti sua falta. E dai a gente passa o dia inteiro esperando que acabe. Pra saber o que tem atrás da porta, que tempo será a ultima volta do relógio ou, o que pode acontecer se eu gritar nesse mesmo instante? A vida é finita, isso é fato. Não conheci ninguém que viveu para sempre. Ás vezes parece que sinto a vida escorregar por entre a ponta dos meus dedos.
Hoje, como de costume, deitei na minha cama. Ah é, e senti sua falta.

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