2019/06/18

Dia 2468

Eu tenho 27 anos. Sou pai de alguém, marido de outro alguém e filho de outros alguéns. Se fosse dizer o que mais eu sou, precisaria escrever mais uns quatro ou cinco textos. Até mais. Mas para resumir posso dizer que sou um alguém ansioso. Mais um alguém assim, porque hoje em dia é comum e normal. É como antigamente que qualquer criança tinha piolho ou catapora. Eu nunca mais vi nenhuma criança com caxumba, mas em compensação vejo muitas gritando no supermercado, esperneando nos corredores do shopping. Que esquisito são esses tempos modernos.
São 27 anos que não sei lidar com isso e só eu sei o que é e como é viver assim. E como eu sei? Porque embora isso seja visto como uma coisa natural da vida moderna atualmente, quase ninguém tem compaixão por pessoas que vivem dessa maneira. Acredite, não é uma escolha como uma forma de vida alternativa para sermos diferentes das demais pessoas. Apenas somos... E trabalhamos um pouquinho por dia para deixar de ser. Mas não é fácil como perder um mau hábito, acaba fazendo parte da nossa identidade.


Poucas pessoas sabem mas ter ansiedade é um pesadelo constante. Ganhamos e perdemos peso muito rápido, sem ter explicação óbvia para isso. Eu, em particular, acabo tentando adivinhar o final da frase das pessoas em meio a conversa sem mesmo saber se era aquilo mesmo que elas queriam dizer. Tento terminar a sentença antes do raciocínio fazer sentido. Muitas vezes acaba dando a impressão de uma falta de educação mas não é. E me desculpem por isso. Por uma infinidade de pedidos de desculpas também, porque nos desculpamos o tempo todo. Ás vezes até sem ter culpa de nada. Tudo isso porque praticamente o tempo todo estamos nos cobrando seja lá pelo que for e o resultado é uma extensa lista de "sinto muito".
Nosso relógio não tem 24 horas. É bem menos que a metade disso, então parece que nunca temos tempo para nada. Dormir parece desperdício de tempo e nem lembro a última vez que dormi 8 horas seguidas. Estamos sempre com aquela respiração ofegante dentro da gente, como se tivéssemos corrido 10 km naquela última hora. E do lado de fora estamos tendo um dialogo sobre os gráficos para apresentar na próxima reunião bem calmamente enquanto no peito parece uma máquina contraindo as engrenagens enferrujadas. Não nos deem tempo ou horários. Há grande chance de: 1-) Chegarmos atrasados e muito culpados por isso ou 2-) Chegarmos uma hora antes e ficarmos apreensivos esperando o horário combinado chegar.  Sempre nos deem uma margem de tempo, é mais confortável e tranquilo para chegar. Embora ainda assim tenha a possibilidade de acontecer os itens 1 e 2. Eu fico tão ansioso para terminar algo que o tesão para fazer qualquer coisa acaba indo embora muito rápido.
Vivemos em uma margem de absurdos. Ou é um extremo de grandioso ou tão pequeno que é quase invisível. Ou a quantidade é exorbitante ou é menos que nada. Praticamente não conseguimos fazer conta direito. Quando na verdade faltar a quantidade de 10 e qualquer coisa, para nós vai ser 35, 42. Ás vezes é difícil raciocinar, seguir uma linha de pensamento sem se perder no caminho. Perdi as contas de quantas vezes voltei no começo da oração falando com Deus. Espero que Ele seja alguém com muita paciência, se não já deixou de ouvir minhas preces faz tempo porque parece que estou fazendo a mesma faz anos. 
E ás vezes a gente chora. Mas pessoas fortes também choram então esta tudo bem. Eu só queria dizer que se você é como eu, se você se sente segura ou não, quero lhe dizer uma coisa: Tudo em você é bonito, tudo em você tem particularidade, algo que ira acrescentar na vida de uma outra pessoa, se caso ainda não conheceu alguém fique tranquila, pois quando ele (a) chegar, saberá que valeu a pena esperar, mesmo não querendo. E você poderá ser também o pai ou mãe de alguém. Marido ou esposa de outro alguém. E feliz com você mesmo.
Obrigado por estar aqui.

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