2022/11/22

Dia 2501


Nota de rodapé: Me leu, mas não soube me interpretar. E entre linhas e páginas virou ponto final.

O passado é confortável, seguro e concreto. Nada sai do que já se sabe. É tudo certificado, comprovado e previsível. É a linha fixa daquilo que outrora não acontecerá novamente. Por isso o agora é tão importante, mas o que eu vejo muito são as pessoas perdendo os seus agoras. 

Perdi enquanto esperava no ponto de ônibus naquele dia de chuva. Perdi segurando as flores em frente a loja de doces. Perdi sentado na cafeteria as 3 da tarde. Perdi enquanto digitava aquele email, escrevia aquela carta, mandava aquela mensagem e gravava aquele áudio. Perdi porque o universo inteiro que precisava receber tudo isso não entendia que era pra ela. 

Mundos caíram, músicas pararam de tocar na rádio, comidas preferidas deixaram de ter sua preferência. Os dias perderam um pouco de sua cor. É um pouco difícil voltar atrás, sorrir hoje parece até pecado. As noites ficaram cada vez maiores, o café cada vez mais amargo. O telefone ficou cada vez mais silencioso e a casa virou labirinto onde não me encontro mais. 

Nota de rodapé: Não é porque você aprendeu apanhando que precisa bater. 

As pessoas estão ficando cada vez mais frias e culpando o tempo, o passado, a história. Meu problema é que eu ainda seguro a flor, espero o refrão da música terminar sem tirar o cinto dentro do carro, ainda ligo e a ainda me importo. 


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