Eu não sei pedir ajuda. Não porque eu seja uma pessoa orgulhosa e metida. Mas é porque eu aprendi e vivi quase minha vida inteira no modo sobrevivência. E dentro desse modo sobrevivência tem a categoria "incomodar o mínimo possível".
A escada da vida vai ficando cada vez mais alta, fico pensando se realmente desejo estar lá no topo ou me sentar aqui e apreciar a vista. Correr e viver sempre nessa disputa de sei lá o que, por sei lá onde não me atrai mais tanto assim. Parece que reduzi a marcha e estacionei aqui, nesse momento.
Mesmo sem pedir ajuda, estou aqui tentando organizar tudo, a casa, meus livros, minha cabeça e meu coração. Sozinho. Vejo todo mundo indo, passando por mim, queimando largada e correndo com uma vontade enorme. Mas se eu correr também, não vejo o pôr do sol, não vejo o botão que se esforçou tanto pra nascer em meio ao asfalto cinza, não vejo a pintura do artista na parede ou o poema escrito meio que constrangido no quadro pendurado na loja quase que passando despercebido dizendo "e a música sempre tocava, mesmo quando ela estava triste".
Eu sempre vou ser daqueles que não perde um pôr do sol ou uma pausa pra prosa. E hoje não preciso de ajuda, mas preciso conversar. Fiz café. Acendi um cigarro. Escrevi esse texto. A porta está aberta.
Um comentário:
Independentemente da nossa velocidade, sempre vai ter alguém para nos lembrar de que não estamos indo rápido o suficiente. Eu desacelerei. E não me arrependo.
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