Alguma coisa mágica acontece na rodovia 92 ás 2:00 AM. No caminho aperfeiçoando as mesmas idéias de sempre. Antes causavam angustia, agora é uma paixão, é minha criança. As coisas não me agradam nessa rua, mas eu vou tranquilo cantando e cantando. E eu não posso negar-me que adoro esse mistério, romance juvenil. Me sentindo um herói de mim mesmo que só eu sou capaz de admirar. Estou cheio de preguiça e medo. Isso é bom, é ruim, é horroroso, é engraçado. Não vale a pena espernear demais, eu tenho fé. Não posso negar a beleza de tê-la. Mesmo que os olhos só enxerguem fumaça e a maravilhosa estrada na minha frente.
Vem aqui, senta do meu lado. Vamos conversar, eu adoro conversar. Envelheci dez anos ou mais, nesse último mês. Aprendi em toda minha vida para tornar-me o homem que sou, mas nem por isso esqueci o homem que fui ou, para falar mais exatamente, os homens que fui. E se, entre esses homens e eu há contradições, se creio ter aprendido, progredido, mudado, aqueles homens quando, voltando-me, os vejo, não tenho vergonha deles, são etapas do que sou, levaram a mim, não posso dizer eu sem eles.
Eu sou o personagem da historia que eu estava escrevendo. Eu conhecia todas as regras, mas as regras não me conheciam. Com certeza.
Alguns vão ao psicologo para resolver seus problemas. Outros ao padre. Eu prefiro um bom café e uma conversa.
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