2015/06/05

Dia 2107

Acho que eu deveria escrever um livro. Talvez falte apenas isso na lista sobre o que fazer na vida. Porque "fazer merda" já risquei á muito tempo.
Na verdade nessa hora eu esteja te fazendo companhia no tempo que você fizer essa leitura. Dentro do busão, na volta do cursinho. De manhã bem cedo, a noite solitária. Enquanto cozinha, depois de trocar as crianças. Depois de uma mensagem. Pelo acaso na internet. Desculpe por isso, mas é que tudo que eu mais queria era alguém que visse mágica nas palavras que saem da minha boca. Alguém que ficasse espantado e fascinado. O que eu não queria era ficar me sentindo um idiota por cada coisa que falo, observando os olhares céticos em minha direção. Isso além de constrangedor é muito embaraçoso. Meu sonho era que alguém se apaixonasse pelas minhas palavras. 
Eu não quero ser lembrado apenas quando morrer. Não quero que olhem para quem eu fui quando eu já não puder mais ser. “Ele era tão isso, tão aquilo, por que eu não disse o quanto me importava?”, então por que não diz agora? É sobre isso que eu falo. Se puder me abraçar agora, me abraça. Se puder olhar nos meus olhos e dizer o quanto se importa, vem cá e diz. Se puder me amar nessa vida, por favor, me ama. Fico imaginando quem choraria por mim, mas se eu pudesse escolher, gostaria que chorassem agora. Gostaria de sentir o quanto sou importante na vida de alguém. Não quero ir embora sem ter ouvido tudo que eu deveria ouvir. Mas pior do que não ouvir, vai ser para aqueles que não falarem. E no final, a única coisa que vai restar será: “Eu deveria ter dito…”, sim, você deveria.
Vem me visitar, juro que não vai se entediar. Vem pra um café, pra um chá ou só aceita um copo de água mesmo. Ou então me deixa ir ai, me fala a hora e o lugar. Chego sempre meia hora antes, coisa de gente ansiosa. Sei lá, só não me faz esquecer. Não me força a esquecer.
E como diria Clarissa Correa:
"Posso te fazer um pedido?
Nos finais de tardes bonitos, lembra de mim?"

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