2018/01/05

Dia 2418


Não tenho mais religião. Fui educado para ser católico quando criança e fui batizado mas com o passar do tempo conheci outro caminho de ser crente. Mais adiante me desprendi disso e segui sozinho e até que esqueci como se rezava. Em outra parte da minha vida fiquei muito próximo do espiritismo mas não segui esse caminho também. Por fim, o Budismo me fez conhecer muitas outras coisas sobre mim mesmo. Não segui por ai, acabei voltando para o caminho de ser crente e me batizei novamente antes de casar. E após tanto conhecimento me desprendi de formalmente me considerar um crente, cristão, espirita ou budista. Sou batizado na igreja católica e na crente, tenho um elefante indiano tatuado no meu braço e uso uma corrente com o pai nosso escrito no pescoço, e dai? Eu não encho o saco de ninguém e não importa se você reza para o seu santo ou fala em línguas. Se for gentil comigo, eu vou ser gentil com você também.
Mas, com o passar do tempo, comecei a ver que o caminho espiritual é uma constante renúncia. Temos que superar nossa inveja, nosso ódio, nossas angústias de fé, nossos desejos. Ter o discernimento do que é fé e o que é a sua cabeça fantasiando na sua consciência. Fui me livrando de tudo isto, até que um dia meu coração ficou vazio: os pecados tinham ido embora, e minha natureza humana também. Durante algum tempo aceitei isto, mas notei que não podia mais compartilhar da vida a minha volta. Foi então que larguei a religião. Hoje tenho meus conflitos, meus momentos de raiva e de desespero, mas sei que estou de novo perto dos homens — e consequentemente perto de Deus.
Aprendi a perdoar algumas coisas que julgava ser imperdoáveis. Aprendi a julgar menos também. Ainda erro, cometo erros sobrepostos dos erros antigos inclusive. Cometo erros novos e de vez em quando os mesmos erros porque ainda não aprendi certas coisas e tudo bem. Aprendi a caminhar pelas minhas próprias pernas. O que me faz lembrar de um velho ditado árabe: o pior de todos os passos é o primeiro. Quando estamos prontos para uma decisão importante, todas as forças se concentram para evitar que sigam os adiante. Já estamos acostumados com isto. É um a velha lei da física: quebrar a inércia é difícil. Como não podemos mudar a física, concentremos a energia extra e conseguiremos dar o primeiro passo. Depois o próprio caminho ajuda. 
Namastê

Nenhum comentário: