2013/01/02

Dia 1401

Até que ponto marcamos a vida de alguém? Tipo, será que as pessoas ainda se lembram de nós? E se sim, será que se lembram de forma boa? Porque sabe, eu cometi alguns erros. Deus sabe. Deus?
Eu gostaria tanto de sentir que pertenço aqui. Mas eu não tenho nada restando e tudo que eu sinto é algo que se esvai. Feito gota de chuva em tempestade. É o gosto granulado de uma fruta que nunca senti em minha boca. O macio e simplório toque na palma da mão que nunca tive. O ar quente ao pé do ouvido que jamais terei. Pois parecem tão distantes. Todas essas pessoas.
Mas eu até que queria perguntar pra elas se eu marquei a vida delas. Por que é esse o objetivo, certo? Marcar a vida da outra pessoa, tornar inesquecivel o momento, a palavra... E eu até sei, que quando eu me for não vai haver ninguém. E até nós morremos.
A gente só não pode esperar pra sempre. Tentar parar de sentir esse sangue pulsante debaixo do ematoma que só cresce. É uma ultima confissão que abre nossos olhos. Eu acho que sou idiota mesmo, que li muita fantasia quando era muleque ou qualquer coisa assim.
Eu pintei um quadro, eu compus uma canção. E pela janela do vagão a gente vê o tempo passar e nenhuma iniciativa pra recomeçar. Pois aquilo que deixamos para trás é parte de nós. Precisamos morrer para uma vida antes de entrar em outra. Mas qual é o 'eu' que sobrevive? Aquele que as pessoas vêem, ou aquele que eu julgo ser? Talvez a vida seja a morte e quando a gente morre, acorda e vive, com medo de morrer, quer dizer, de tornar a viver.

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