Dia 1403

Os predios vão sempre aparecer. Altos, baixos. Parece que a maioria das coisas aparecem para cobrir o nosso sol. E é aqui onde as coisas mudam. Os mundos não se encontram mais. Uma pena. Elas, as pessoas, mudam. Eu também.
Meu giz estava um pouco gasto, mas a parede também estava um pouco velha. É quase sempre assim. Zakk Wylde cantava uma música no radio, falando como é bom estar em casa. Acho que estou perdido em sol-la-si. Os cachorros correm nas ruas. O farol abre. Alguém abre o pacote de salgadinho. Sinto cheiro de café vindo da esquina.
Me disseram que a minha vida seria um livro de sombra, e seja lá o que for que eu estivesse procurando eu jamais encontraria. Talvez eu vá parar em alguma cidade como Tijuana. Tentando me encontrar ou quem sabe tentando me perder. Talvez até dê graças a Deus. Ou trague mais um baseado. Não sei mais o caminho de volta. Só quero ouvir o barulho das ondas batendo nas pedras de novo.
E pra onde foi? Pra onde foi aquele garoto que sonhava ser um astro do rock? Pra onde foi, pra onde foi aquele menino tão educado que até os professores comentavam? Pra onde foi, pra onde foi aquele menino tão meigo que sabia fazer amizades? Se encontra nas minhas botas ou quem sabe no caminho que deixei com elas pra trás. Não importa. Só não importa mais.