2013/09/29

Dia 1607

Sabe que até que eu gosto de conversar? Só sentar em algum lugar e conversar. As pessoas esquecem de como se conversa. Só ficar ali e conversar, sem reclamações ou teorias de superioridade. Apenas bate papo sobre alguma coisa ou coisa alguma. 
Uma vez eu conheci uma garota e eu levei ela pra beira de um rio. Ficamos observando o reflexo da lua e das estrelas bater na agua. Enquanto isso conversamos sobre a vida, musica, sobre antigos relacionamentos, sobre familia, sobre filmes e séries, sobre gatos, sobre desenho, sobre a bateria do celular que acabava. A comida favorita dela, a casa bagunçada, sobre a historia de um livro. Sobre o autor dessa historia... Sobre tudo. Depois, quando ja estava ficando tarde fui levar ela pra casa. Ainda fomos conversando no caminho. Ela ria um pouco, falava um pouco mais. Eu ficava meio sem graça de encara-la. O que ela poderia pensar afinal?


Chegando na frente de onde ela morava, a paisagem ficou bonita. Ela ali na frente, tão pequena diante do grande prédio atras dela. Ficou bacana. Dai eu ia embora, dei dois passos pra trás, mas algo me impulsionou pra dar dois passos pra frente. Ela nao soltou minha mão. Era como se... Como se ela disesse "apenas faça". Como se eu estivesse meditando, não pensei em nada apenas beijei-a. O céu esta caindo. Eu nao queria parar. Segurei forte e a trouxe pra mais perto. Ela tinha um cheiro bom. E não era nada vulgar, estavamos em frente ao seu grande prédio e eu estava beijando a garota que se machucava em qualquer quina de móvel. Ela não soltou minha mão. Quando os labios se afastaram, os dela abriram um sorriso fazendo o reflexo nos meus. Ela se virou, eu acho que disse alguma coisa mas deve ter sido algo idiota. Eu sempre digo algo idiota. Eu nao sei fazer essas coisas direito. Ela se virou e passou pelo portão de entrada. Ainda deu uma olhada para trás pra ver se eu ainda estava la e eu ainda estava la esperando ela entrar mesmo. Ela não sabe, mas eu fiquei na esquina esperando ela aparecer em alguma das janelas. Mas eu nem fazia idéia pra qual delas olhar. 
Ela morava numa Imperatriz, mas mais parecia uma princesa pra mim. A gente ainda saiu mais uma ou duas vezes, passamos a noite conversando enquanto todos bebiam e gritavam. Fui visitar uma exposição com ela, ver o dia virar noite de camarote. A gente ainda conversou. E eu ainda lembro dela não soltar a minha mão. Sabe como é raro hoje em dia alguém que nao solte sua mão?

Eu jamais vou esquecer aquela risada. Eu jamais vou esquecer aqueles dedinhos desenhando em cima do meu braço. Eu jamais vou esquecer aquele beijo.
Outras pessoas passaram pela minha vida desde então mas, nenhuma senti tanto prazer em conversar. Ou, senti tanto prazer em estar por perto. 
Segurando minha xicara de café hoje, eu pensei que esse momento merecia sua companhia e uma daquelas conversas. Sobre Ed Kennedy, sobre seu gato... Sim, hoje eu pensei em você. 

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