2014/08/28

Dia 1954

A solidão me perseguiu em todos os lugares... em bares, em carros, calçadas, lojas... em tudo. Não há como fugir, sou o solitário do Senhor.
Certas coisas não tem como serem questionadas como, quando e porque. E o peso da arma nem se compara com o peso da rosa.
Eu não tenho nada especial para tatuar e me arrepender quando eu tiver meus 50 e tantos, eu não tenho ninguém especial para levar ao parque em uma tarde de outono e coletar folhas apenas para logo mais espalha-las com as mãos em concha, eu não tenho música favorita para dedilhar em um violão, ou cantarolar no banho, eu não sei desenhar os olhos ao qual não pertencem a ninguém, eu tenho mãos capazes de trocar o canal monótono da TV, porém meus braços não são capazes de abraçar o mundo e tascar beijos em estrelas embebidas em banho-maria. Triste fim este de quem não tem o que guardar, minha maior relíquia é este vazio que me acompanha a décadas, e caso eu morra hoje, meu testamento são folhas brancas, capaz de engolir o braille, e testemunhar o infinito que começou a acabar.

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