2014/08/01

Dia 1929

01:47 da manhã, estou deitado na minha cama, usando todas as minhas forças pra focar minha visão no teto. Mas a única coisa que consigo ver é o seu sorriso, e me sinto péssimo por isso.
Sou escritor por acidente. Sou poeta por recuperação. Em cada verso feito: um amor, uma dor. Uma ilusão, um desastre. Uma ausência, uma lembrança. Um passado, um presente, um futuro, uma historia. Uma vida, uma esperança. Cada um com sua marca inspiradora. As alegrias talvez sejam imaginárias, mas a tristeza é a realidade. O acidente me deixou essa lesão… Sou um mistério que eu tenho que desvendar, sou um poço profundo esperando alguém pra mergulhar.
Noites vazias, dias cheios, mente perturbada e um peso nas costas que é impossível descrever, isto me define. Há muitas coisas mal resolvidas em minha e na vida de muitos que leem o que estou escrevendo. Há coisas que fiz que me arrependo, porém prefiro pensar naquilo que me fez bem. Um dia escrevi uma carta de amor, por sua vez ridícula, mas como diz Fernando Pessoa “não seria carta de amor se não fosse ridícula”. Aliás, sinto-me ridiculamente romântico. Outro fato sobre mim é que amo ler, amo o cheiro de livros novos, fiz coisas idiotas para pessoas que amo poder, simplesmente, abrir um belo sorriso, já dei lugar para um idoso no ônibus, já ajudei o mesmo a atravessar a rua, já fiz cabana no quarto com meu irmão, já entrei em uma loja só para ver os produtos, já chorei por besteira, já tremi ao apresentar um trabalho, já desejei alguém que não poderia ter… Por fim, já fiz muitas coisas que conseguiram definir o que sou hoje. Continuarei com o espirito de criança e adolescente pro resto de minha vida, pois quando nos tornamos adultos, ficamos sérios, não-sonhadores, aceitando o jeito que a vida é e por muitas vezes nos tornamos chatos. Uma única pergunta eu tenho para lhe fazer, adulto: você quando criança se orgulharia do que você é hoje?
Me perguntaram se eu estava bem. Respondi que sim. Não queria dizer que sim. Mas também não queria dizer que não. Ah, não sei. Eu tô bem? Eu sei lá. Eu não to bem. Mas não tô mal. Alguém entende? Não né. Por isso falo que sim, pra não perder tempo explicando. Explicando ou não, quem vai entender? E a vida? Como anda minha vida? Ah, sei lá. Sei lá pra tudo. Sei lá como anda minha vida. Com as pernas. Com pernas tortas na verdade. Ela nunca sabe pra onde vai. Ela tá chata. Tá chata a vida, tá tediosa, tá deprimente, tá diferente e ao mesmo tempo a mesma coisa, tá estranha, tá irritante, tô enjoada de você vida. Você tá chata. Você podia mudar. Eu cansei de você vida. Você já me encheu. Já me deixou estressado e já me fez chorar muito. Recomeça. Porque você tá chata.
Tenho pensado cada vez mais que não nasci para ser eu mesmo. Sou sentimental demais e confiante de menos. Quero levar o mundo nas costas quando mal consigo me manter em pé. Sou na base dos sentimentos, mas não tenho estrutura o suficiente pra isso. Carrego bagagens maiores do que a mala possa suportar. Embora tenha nascido em mim, o meu eu é maior do que posso ser.
Cuida bem. Observa os detalhes. Olhe nos olhos. Tente reparar no que ninguém repara. Acaricie as mãos. Leve uma flor num dia qualquer. Surpreenda. Ouça. Seja sincero. Amor se constrói na simplicidade. Hoje em dia, ele está tão raro porque não param pra notar que ele não tropeça nas grandes montanhas, e sim nas pequenas pedras.

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