2016/06/16

Dia 2279

Então, estamos grávidos. Loucura né? Eu também não acreditei quando ela me contou. Achei que era brincadeira, mas a cara que ela fez quando cheguei em casa era muito séria pra ser brincadeira. Mas é isso. Vamos ter um bebê. Loucura isso né? 
Tenho que contar como foi. Pra começar, ela ficou semanas estranha comigo. Ficou de mal humor, mal podia encostar nela. Tudo a irritava. Pra conversar era igual. Ficou mais seca e distante. De inicio achei que era apenas a famosa visita da TPM. Mas depois comecei a achar que estava fazendo alguma coisa errada. Sei lá, será que era o perfume? Nem comer direito ela queria. Fiquei preocupado mas sempre dei espaço pra ela dizer as coisas. Só em extremos que encostava ela na parede e perguntava o que estava acontecendo. Não queria fazer isso então tive que ter paciência.
Depois de umas três semanas enjoada e com dores fortes de cabeça e de muito eu insistir ela aceitou ir ao médico. Tirou atestado do dia todo e disse que o médico havia pedido alguns exames. De sangue completo e aquele padrão todo, como sempre - imaginei. Avisou que ia para casa, eu ainda ia trabalhar por duas horas. Perguntei se ela queria que eu a buscasse e ela disse que estava bem. Quando deu meu horário fui embora rapidinho. Passei em uma loja de doces que por sorte estava aberta pra pegar um que ela gostava muito. Vai que ela dava uma animada né?
E enfim em casa. Não era como nos outros dias. Deu pra sentir na porta antes mesmo de eu entrar. Aquele barulho do molho de chaves que eu coloco todo dia dentro do enfeite em cima da mesa de canto em frente a porta da frente. Ela esta sentada no sofá da sala. Me olha com aquele olhar de felicidade e preocupação. Fico meio tenso. Dai ela começa a falar de lar, de estabilidade, dinheiro, de família... Eu desconfiava já, mas dentro de mim começou um trilhão de coisas se mexendo. Tive que sentar, ela começou a sorrir mas ao mesmo tempo me olhava apreensiva. Não sabia qual seria minha reação. E finalmente ela falou que estava gravida. Um mês e um pouquinho. Acho que não chega a ser cinco semanas. Tenho aquelas bolas de ar passando pelo estomago, fico tão feliz que começo a chorar. Eu! Que nunca choro. Senti vontade de abraçar ela, de gritar, de tanta coisa que nem sei. Ela me abraçou, ficou feliz comigo. Era uma das coisas mais bonitas que tivemos juntos.
Eu sei, eu sei. Tem todo o resto. Toda nossa vida vai mudar. Eu sei. Mas eu tenho ela sabe? Ela tem a mim também. Somos felizes assim. Sei que ela vai ficar triste em alguns momentos, feliz, triste de novo. Vai falar do peso. Vai reclamar de dores. Vai brigar comigo. Mas eu estou aqui, sempre vou estar.

Alguns anos se passaram desde então. Ela tem os olhos da mãe, graças a Deus. Tropeça muito ainda mas logo se levanta. Ela é bem forte. Ri engraçado quando faço careta. Abraça de volta quando abraçamos ela. Manda beijo no ar, é a coisinha mais linda do mundo precisa de ver. Vira e mexe eu fico feliz do nada. Elas me trazem isso. E elas são tudo pra mim. Minha mulher é a mais linda do mundo e a melhor pessoa que já conheci. Fico emocionado toda vez que lembro da nossa história desde o inicio. Ela teve medo, eu também. Mas tentamos mesmo assim. É felicidade que reina nessa casa hoje. E minha filha é o maior presente que Deus poderia ter dado pra gente. Não temos sorte, somos abençoados. E que Deus abençoe sempre. 
- Mamãe! Papai ta fazendo careta de novo.


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