2014/06/16

Dia 1880

As pessoas são engraçadas, se não fossem tão estupidas.
Vamos jogar uma linha do tempo. Eu trabalho em um escritório e uma das minhas funções é fazer consulta processual, seja ela trabalhista, civil, criminal, etc. Não faz nem dois meses e eu precisei ir ao arquivo processual da cidade de São Paulo. Nome imponente né? Eu até que gosto de ir la, apesar de ser longe. De dentro do ônibus consigo ver o Monumento á Independência. Famoso por adornar o belo jardim do Museu do Ipiranga, a estátua do italiano Ettore Ximenes foi inaugurada em 1922. São painéis relacionados a vários eventos que fizeram parte do processo de independência, como a Revolução Pernambucana (1817) e a Inconfidência Mineira (1789), e alguns de seus principais personagens, como José Bonifácio e Hipólito Costa. Mas, deixemos a história de lado. Porque se for falar de história, eu fico dias a fio. Enfim, chegando ao arquivo me sento aguardando ser chamado pela senha 27. Nesse dia eu me vestia de social, totalmente correspondente ao lugar cheio de advogados e afins (mesmo eu não sendo nenhum formado em droga nenhuma). Umas cadeiras de distância sentava uma bela loira de pernas bem torneadas. E não querendo me achar nem nada, mas ela olhou algumas vezes pra mim. Meu ego foi pro espaço e voltou por breves 15 segundos. Acho que era a barba, não, não... Era a gravata, certeza! Fui atendido e logo, ir embora dali.
Uns dias depois aconteceu um imprevisto e precisei ir lá com uma certa urgência novamente. Bem, dessa vez não estava nada preparado para tal 'ocasião'. Nada de social, só minhas botas batidas, um jeans azul e minha velha camiseta preta. E o detalhe da corrente pendurada na calça, sem esquecer. Oculos escuros para disfarçar as olheiras da noite anterior estudando... Era, direito empresarial ou a droga da economia? Ja não me lembro. Mas olha só quem estava la, a loira. E acha que ela olhou pro cara que tinha cara de motoqueiro sujo? Não! Isso mesmo. Eu fui invisivel. Meu ego de ir pro espaço foi la pro inferno nesse dia. Não que isso seja muito relevante pra mim sabe? O ego, foda-se. Mas são as coisas como elas são que incomoda. Acho uma puta idiotice tirar foto comendo banana porque um global escroto fez isso num selfie ridiculo e expos na internet. Preconceito começa e termina quando você ja, dentro da sua cabeça repele alguém por causa da roupa, cor, estilo, religião, credo ou opinião. 
Daniel, um ex-BBB (não que eu apoie esse tipo de espetáculo futil na tv aberta mas né), declarou ao vivo: "porque debaixo da pele todo mundo tem sangue, e o sangue é vermelho cara" que foi mais ou menos um tapa na cara da sociedade. E é isso que a maioria faz, trata como escória gente que nem conhece. Era exatamente isso que eu queria para mim. Queria que as pessoas confiassem em mim, apesar de qualquer coisa que tivessem ouvido. E, mais do que isso, queria que me conhecessem. Não aquilo que pensavam saber a meu respeito. Mas eu de verdade. Porque tem uma coisa chamada Ideologia e outra coisa chamada Respeito e elas estão entrando em extinção tanto quanto os pandas no Japão. Ou o rinoceronte branco de... sei la de onde. 
Sabia que no fim do mês eu li uma noticia que dizia o seguinte: "Irã enforca um dos quatro condenados à morte por caso de corrupção financeira". Pensei comigo "Parabéns Irã, dando exemplo de aqui se faz, aqui se paga". Mas logo abaixo dessa noticia, havia outra dizendo "A taxa de estupro no Irã sobe e boa parte da população iraniana acha estupro normal". Dai eu desisti de tentar entender a funcionalidade das coisas no mundo. Mas quem se importa com uma mulher estuprada todos os dias ou apedrejada no Irã, ou até com a porra do panda. A copa do mundo ta ai não é mesmo?
Ás vezes eu sinto revolta mas não por ser brasileiro e viver nesse pais de merda, mas sim por ser humano e existir nessa enorme privada chamada Planeta Terra. E por conhecer tanto as pessoas, eu amo muito os animais. 

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