2016/04/03

Dia 2235


Lá estava eu, parada na porta da sua casa às 2 da manha, completamente molhada pela chuva que caía e pelas lágrimas que guardei durante muito tempo, ensaiando desculpas.
Assim que bati já me arrependi, você abre a porta com aquela cara de assustado e com o cabelo bagunçado do jeito que mais amo e aquela bermuda que ainda tem pingos de tinta daquele final de semana em que pintamos meu quarto com a cor que você avisou que era horrível.
Tu me chama de louca, pega uma toalha, coloca sob meus ombros e vai buscar uma roupa seca pra mim, meu short favorito e uma camisa sua.
É nesse exato momento que vejo como estamos quebrados, por que você diz que vai me deixar sozinha para trocar minhas roupas. É só meu corpo, meu amor. Aquele corpo que tu conhece tão bem e já amou. Lembra de como eu estremecia quando você me beijava  colocando as mãos na minha cintura?
Fico ali perdida por alguns instantes, ouvindo seu barulho na cozinha e rapidamente você está com uma xícara da minha bebida quente favorita e me dizendo que eu deveria secar melhor o cabelo. Você me entrega a xícara e pega a toalha passando ela pelos meus cabelos longos e fazendo meus olhos encher d’água. Como nos perdemos assim?
Você senta à minha frente, começa a me olhar, começa a passar as mãos pelo cabelo. Entendo que estamos a dois passos de entrar em um desespero quieto.
Você diz: - Moça, são quase 3 da manhã, chove tanto lá fora, ta um frio filho da puta aqui dentro. O que você quer de mim?

- Eu sei que disse várias vezes que não gostava de dormir com você agarrado em mim, mas hoje, quando tentei dormir sem você... A cama ficou tão grande, meu quarto já não era mais meu e aquele escuro me assusta sem suas mãos para me acalmar. Então, eu vim até aqui te pedir, mais uma noite segura. Mais uma noite com você agarrado em mim.

Amanhã, eu vejo o que faço com meus medos.

(B...)


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