Dia 624

Trabalhar cansa, mas não trabalhar limita.
Ás vezes tudo que eu queria era ficar em perigo. Ás vezes minha mente projeta cenas catastróficas das quais participo. E ás vezes, isso fica de verdade. Minhas cicatrizes são prova disso. E depois, minha mente fica supernova. Eu vejo a lua. E volto a trabalhar na minha vida. Das chuvas de junho até as folhas secas de outubro. Por que adoro o tapete que elas fazem na rua.
Ás vezes penso, que carrego uma cruz maior que consigo carregar. E ás vezes tudo que eu mais preciso é descansar. Preciso me concentrar. Talvez voltar ao inicio. Entender meu final.
Ás vezes tudo que eu vejo é o vidro estilhaçado. E o mundo girando ao contrário, todo despedaçado. Ninguém entende. Ninguém vai compreender. Por que o carro virou, por que o muro apareceu... Enquanto meu maxilar é estourado no volante, logo depois eles tentando salvar o resto de mim. Tudo fica em câmera lenta. E o que estamos esperando? Vai parecer clichê de filme americano, mas agente entende muito da vida quando chega a hora da morte.
O ponteiro ligado vira. O pé força. A mão segura. Os dentes mordem o lábio... Então o vento faz um eco no ouvido. E o que você pensa? Você não pensa. Mas pela primeira vez você se viu livre. Livre de tudo e todo mundo. É como tocar um instrumento musical sozinho. Só há você e as melodias. Fantasiadas com suas idéias e sentimentos. Transvestidas com suas emoções. Por que tudo no mundo é sentimento.
Mas uma hora chega. O que esta por vir é só mais uma dança, mais um passo. Nada de tão relevante.
Então, apenas prometa pra mim, que pensa em nós toda vez que olha o céu.
Por que depois, do vidro quebrado, do frio mal cobrido e da risada forçada. Tudo que sobra é você. Vestindo fantasias de mundo, para ser personagem da própria vida. Fundindo mundos, pra ser feliz. Então deixa eu brincar de ser quem eu quiser. Por que eu acredito!