Dia 809

Quem me ve sentado pacificamente tomando café naquela mesa olhando para a janela, nem imagina quantas coisas se passam na minha cabeça. Ninguém imagina a situação que me levou a estar sentado naquela mesa exatamente naquela hora. Ninguém sabe o caminho todo que eu tive. As coisas que vi, as coisas que deixei de lado. As coisas que ignorei. Ninguém nunca vai saber o turbilhão de sentimentos que eu tive.
Esse é o problema. Ninguém sabe nada, mas ficam de prontidão em pé para apontar.
Eu coloco um sorriso na cara e dou umas risadas, e assim engano todo mundo. Vai todo mundo continuar sem saber de nada. E todos aplaudem.
Olham pra você e questionam por que você fazia tudo aquilo. Por que deixou tudo aquilo de lado? Por que não foi lá e pegou o que era seu? Por que não fez o que realmente queria fazer? Por que não disse o que deveria dizer?
E minha vontade é enorme de responder. Mas ai eu penso no mesmo motivo pelo qual deixei de fazer, deixei de falar, deixei de ir... Outro motivo era bem maior que me fez decidir. O motivo era eu me importar demais. E eu me importei demais. E vou sempre me importar demais. Esse sou eu, muito prazer. Por ser assim, também há um grande problema. Por se importar demais você consequentemente sente demais também. E por sentir demais, quando as pessoas deixam de sentir por você, você fica sozinho.
E eu estou na porra da escuridão agora. Porque eu senti mais do que podia aguentar.
A pior hora agora é quando chega a noite, quando ligava e tudo que era ruim no dia ia embora. E eu não tenho mais isso, então tudo de ruim ainda continua aqui. E esta se acumulando.
Sabe aquele tempo que você sonhava com a eternidade? É, e agora você reza baixinho pra não acordar na manhã seguinte, na esperança que alguém te ouça.
Sempre que acordar, lembre-se: a vida é baseada em sorrisos bobos.
O simples. Não há nada maior.