2014/01/29

Dia 1734



Eu nunca fui a pessoa certa. Ela sempre soube. Mas eu, eu sabia exatamente como e quando fazê-la sorrir. Aquela pose de sério e durão acabava quando ela me via chegando perto e sorrindo daquele jeito que ela gostava. E quando ela me abraçava, eu não sentia falta de mais nada. Nem de palavras bonitas, nem que ela gritasse pro mundo que ele sentia o mesmo que eu sentia por ela. Nada, nada, nadinha. Os braços dela em volta do meu corpo era o bastante. E, quando depois de dias, ela me ligava avisando que estava chegando para me buscar e que iríamos dar uma volta na praça, eu poderia estar ocupado ou com raiva o bastante para negar. Sabe o que eu fazia? Largava tudo. Largava tudo e aceitava. Largava tudo e não pensava em mais nada. Só no quanto seria bom ter a companhia dela. Ela podia ser a pessoa mais impaciente do mundo, mas ela nunca deixou de atender alguma ligação minha quando eu ligava de madrugada chorando pedindo para ela ficar comigo. Mesmo que ela não dissesse nada, e eu ficasse apenas ouvindo a respiração dela do outro lado da linha. Ela acreditava em mim. Acreditava que eu poderia ser alguém muito melhor que eu era, do que eu sou. Que eu seria capaz de tudo e qualquer coisa, bastasse eu falar “eu quero”. Mal sabe ela, que a força que havia em mim, era tudo o que ela me fazia sentir. Era ela. E só. Ela segurava minha mão quando estávamos sozinhos. Sorria sem jeito. Nervosa. E eu podia sentir, em cada palavra, em cada beijo na testa ou na ponta do nariz, o quanto eu estava certo em pensar que tanta teimosia era amor. Porque todas as vezes que ela negou ou, ao menos, tentou negar, era uma forma estranha de dizer “eu te amo”. Ela não ficava grudado em mim o tempo inteiro quando saíamos juntos mais alguns amigos, mas os olhares de ciúmes quando eu cumprimentava alguém de um jeito mais terno, me fazia ver que ela se importava, que ela cuidava de mim. Do jeito dela. Mas cuidava. Ela me deixava de lado pelos estudos e nos finais de semana para ficar em casa com os amigos, mas eu quem sabia da vida dela melhor que ninguém. Eu sabia dos problemas, dos medos, das chateações diárias, das inseguranças… tudo. Melhor que ninguém. E ela também sabe. Sabe que nunca vai encontrar alguém que a conheça tão bem quanto eu. Alguém que a suporte e a entenda. Alguém que veja o lado fraco e sensível dela sem julgá-la com nenhuma palavra. Ela sabe. Eu sei que sim. Do mesmo jeito que eu sei que nunca encontrarei alguém que me conheça tão bem quanto ela. Alguém que me ame e me aceite além dos meus defeitos, como ela. Alguém que saiba de todas as minhas necessidades, de todas as minhas manias, de todas as minhas inseguranças e frescuras. Ela sabe que o conforto que eu encontrava nos braços dela, nenhuma outra será capaz de me dar. Ela sabe que nenhuma outra irá acordar com mais de 30 mensagens de uma vez só falando de tudo que eu gosto ou não nela. Ela sabe que nenhuma outra irá achar graça no meu jeito irônico de falar quando estou com ciúmes. Nem quando eu tentar me fazer de bravo só para fazer pirraça. Ela sabe de tudo. De tudo. Porque ela, assim como eu, sabe que é amor. Sempre foi amor… Eu nunca fui a pessoa certa. Eu sempre soube. Só que ela nunca quis uma pessoa certa. E é por isso, por ela ser todo perfeita e eu todo errado, que ela sempre foi a certo para mim.

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