
Eu lembro do cheiro da chuva. Quando caia um enorme toró e depois o chão ficava molhado, o mato molhado e as folhas no chão trazidas pelo vento. O que eu mais queria era sair pra rua... talvez ir para o outro lado do bairro onde eu ainda não podia ir. Talvez atravessar aquele beco...
Eu me sentia seguro, muito seguro de mim. Eu era meu próprio herói. Não tinha medo de nada... coisa de criança corajosa. A cada coisa que descobria mais coragem eu ganhava. O mundo era meu, eu mandava ali no meu espaço. Tudo que eu via, era tudo que era... desde então o mundo é meu. Meu mundo-mundo meu. Desde então... eu vivo no meu mundo. Lá eu sou corajoso e destemido, ninguém me abala e quando quero me esconder, ninguém me acha. Lá não tem nada igual ao mundo de vocês, por que cada pedacinho de lá foi escrito, produzido e construído pela minha mente. Ninguém nunca deu uma pincelada lá... apenas eu. É a única coisa que posso chamar de minha. Minhas idéias, meus lugares... meu mundo. Só entra lá quem eu deixo, ninguém entra sem permissão. Passei boa parte da minha vida construindo ele... há paredes a serem colocadas lá ainda... outras que devem ser derrubadas e assim vou reformando meu mundinho. Completo e silencioso. Ás vezes recebo ajuda de um ou dois ajudantes, que de muito me valem. Eles pintam as melhores paredes de lá.
Bem... assim como escrevi/escrevo meu mundo até hoje... aqui estou escrevendo de novo, tentando saber como é o funcionamento do meu mundo, mas acima de tudo, como são os funcionamentos dos mundos dos outros.
Deixe-me entrar!
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