2013/11/02

Dia 1646

Uma vez eu disse "Quantas pessoas podem fazer você se sentir raro, puro e especial?". Isso foi á dois anos atras. Eu escrevo aqui já fazem 5 anos, rumo ao 6° ano consecutivo. Eu nunca parei. Ás vezes usei aqui como diário, como forma de desabafo, ferramenta de protesto. Já usei pra fazer declaração de amor, pra jogar indireta, pra levantar minha moral, pra tentar ter mais auto-estima, pra inspirar, pra me desafogar... Pra me libertar. Quem lê nem imagina o jeito ou a forma que é ficar sentado na frente do computador digitando essas palavras. Ás vezes é um tanto triste, você faz muitas refeições sozinho, fica acordado até tarde com a companhia de uma xícara de café quente e seu gato ronronando na sua perna pedindo carinho. Ás vezes até você se isola, coloca uma musica e esquece do mundo. Tem dias até que você fica sentado na frente do computador e não sai nada. Você até queria escrever "o" texto. Do tipo que as pessoas leem e pensam 'eu queria ter escrito isso'. Mas ás vezes é bom, você levanta da cadeira até se sentindo mais leve. Mais lucido. Com um pouco mais de verdade dentro da própria vida. 
E ai, quantas pessoas podem fazer você se sentir raro, puro e especial? Como se dá a alguém um pedaço do céu? Como na vida, nos tornaremos imortais na vida de outra pessoa? Acho que prefiro me lembrar de uma vida desperdiçada com coisas frágeis, a uma vida gasta evitando a dívida moral. Porque, tudo que fazemos é escrito em apenas uma sentença. 
Eu poderia passar minhas tardes escrevendo coisas sobre amor, citar Caetano, forjar historias e traquinagens. Pois um escritor nunca esquece a primeira vez em que aceita algumas moedas ou um elogio em troca de uma história. Nunca esquece a primeira vez em que sente o doce veneno da vaidade no sangue e começa a acreditar que, se conseguir disfarçar sua falta de talento, o sonho da literatura será capaz de garantir um teto sobre sua cabeça, um prato quente no final do dia e aquilo que mais deseja: seu nome impresso num miserável pedaço de papel que certamente vai viver mais do que ele. Um escritor está condenado a recordar esse momento porque, a partir daí, ele está perdido e sua alma já tem um preço. A custa de algumas palavras. As palavras certas ditas na hora certa é tão gostoso quanto fazer amor. 
É uma insustentável leveza de ser e estar dentro de si mesmo. Conviver com as suas palavras. Na verdade eu não sei se converso comigo mesmo apenas dentro de mim, se pronuncio em voz alta as coisas que converso comigo e outras pessoas também ouvem achando que estou falando sozinho. Na verdade, sei-o bem que eu me escuto e isso basta. E hoje, afinal há apenas uma página para escrever. Vou enchê-la com palavras de apenas uma sílaba. Eu amo. Eu amei. Eu amarei. Com o tempo, não  há como deixaram de esmagar o coração que os contém.

2 comentários:

Nicolle Lemos disse...

Perfeitoo ^^ ! adoro seus textos e a forma como vc descreve as coisas e seus sentimentos! Parabéns !!

pablo roberto disse...

Realmente perfeito*-*