2013/11/03

Dia 1647

O amor é uma coisa tão tola. Tola demais pra ser compreendida. Os anos passam e bem, a gente nunca vai entender. Chega domingo á tarde. Fim de tarde. A aurora se põe e deixa o céu todo amarelo. As nuvens dão conta de desenhar la em cima de branco. Talvez estejam num parque sentados na grama ou, sentados todos em volta da mesa. Quem sabe vendo os mesmos programas de domingo na tv. Mas espera, calma ai.
Ela vai sentir falta dele alguns dias a noite, quando se lembrar da piada contada na hora do almoço e quiser contar para alguém. Quando quiser ter uma voz ou uma frase pra finalizar o dia antes de dormir ao telefone. Quando ouvir um 'eu te amo' pronunciado na letra da musica do rádio e não ter pra quem dizer a mesma frase. Ela vai sentir falta dele num domingo, é, num domingo que quase ninguém sair e ninguém for pra nenhum lugar. Quando se encontrar no quarto sozinha, porque a gente sabe. Alguns lugares ficam 2, 3x maior quando não tem ninguém com a gente. Vai sentir falta dele, quando a foto do porta-retrato tiver que ser substituida por qualquer outra de férias anos antes dele aparecer. Quando se deparar com o ursinho de pelucia na prateleira que foi ele que deu. Porque cara, não tem nada mais triste que um ursinho de pelucia como lembrança. Ao olhar os olhos dele, mesmo sendo um serzinho sem vida e ser apenas pano e trapos por dentro, você vai ver uma historia inteira. Ela vai chorar, ela é uma grande chorona. 
Sabe a parte mais foda disso tudo? É que eles se gostam. Pior de tudo é que eles se gostam. O mundo pode não gostar deles, mas eles se gostam. Se gostam pra caralho.
Ele vai sentir falta dela todos os dias. De ouvir o som da risada dela invadindo o silêncio dele. De brincar com as mãos dela. Dos olhos dela, ele ama os olhos dela. Do cheiro do perfume dela na roupa dele. Dele inventar historias absurdas de coisas que não vão acontecer só pra ela ficar com ciumes, porque ela fica tao linda ciumenta. De ver ela sair do banho com os cabelos molhados. De dar beijo de bom dia. De incluir a proteção dela nas poucas orações que ele faz. De pentear o cabelo dela enquanto ela esta deitada, pra ver o brilho daqueles fios loiros sobre a cama enquanto ela fica quase dormindo, é tão bonito. Escrever cartas de amor, beijar os labios dela. E sem ela pedir ou perceber, chegar perto do ouvido dela e dizer 'eu te amo'.
Eles jamais pegaram um avião a jato e fugiram daqui. Eles jamais viveriam juntos. Jamais iram se casar. Jamais teriam um filho. Jamais, jamais, jamais... Mas eles se amavam, fazer o que!

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