2014/01/26

Dia 1725

Quer falar de marcas? Então vamos lá...
32 pontos pelo corpo. Costela quebrada. Úmero esquerdo com fratura exposta. Lesão no joelho esquerdo. Leve traumatismo craniano. Perda parcial da memória. E um coração magoado mais de uma vez.
Eu quis contar essas historias e transformei-as em desenhos. É, também tenho marcas na pele colega, marcas que nem o tempo pode apagar. Mas toda vez que olho para as minhas cicatrizes eu penso que são uma coisa boa. Cicatrizes, são boas porque tem o poder de nos dizer que o passado foi real. 
"Factum et transactum" do latim, "Feito e passado". Aconteceu. No antes. 
O que vale agora é o que você pode fazer com as drogas que aprendeu. Concertei meu corpo, agora tenho desenhos que contam historias mas o coração... Ah cara, o coração é foda. Geralmente um amor remenda os buracos que o amor anterior deixou. A menos que você faça como eu dessa vez, faça aquela cirurgia e um transplante é a solução. Um coração limpo e puro, sem magoa, ressentimento ou raiva. Prontinho para sofrer de saudade, angustia, solidão, ansiedade e sobre tudo a maior droga de todas: o amor. Então que me venha uma overdose disso, pois ja coloquei o soro na veia. 
Eu estava me acompanhando esses dias. Volta e meia numa madrugada qualquer eu acordo assustado lembrando da buzina do carro e o para-brisa girando, o gosto do asfalto na minha boca, as sirenes da ambulancia, o poliflix na minha veia, aquela cama do pronto socorro. Aquela bendita cama de pronto socorro. Quando só com uma das mãos eu anunciei que ia ficar afastado aqui. Bem, enfim... Minha tragetória é constante. Anos atras, sem nenhuma barba, sem nenhuma tatuagem. E também quase nenhuma historia pra contar. E agora veja só, tenho um montão. Conheci muita gente, visitei vários lugares. Teve um tempo que virei andarilho, nada convencional. A idéia vinha, eu me programava e simplesmente ia. Agora vamos sonhar alto, Machu Picchu é logo ali. Dubai? Porque não? E a Inglaterra, tomar café em frente ao Big Ben. Vamos viver, tendo aquela sede insaciavel de sentir-se parte de alguma coisa. Nascemos nesse mundo totalmente ignorantes e ao invés de obter conhecimento espiritual pro nosso próprio bem, preferimos a briga, a chateação, a brutalidade de nos castigar de não deixar aproveitar tudo o que há de mais bonito.
Todos nós temos algo bonito dentro de nós, que veio conosco desde o primeiro suspiro e vai com a gente embora no ultimo também. Então vamos pegar isso de mais bonito e passar por ai, achar alguém que nos complete, fazer amigos... Rir e ainda mais, sorrir. 
Crianças parem de falar sobre sofrimento. Dor de verdade não é fim de namoro ou unha quebrada. Dor mesmo é você não ter mais chances de concertar sua vida e ser feliz. Pare de se preocupar com qualquer coisa.
Namastê.

Um comentário:

Anônimo disse...

Reclamar não muda nada, o que muda são as atitudes. O passado a gente enfrenta ou inventa.. mas a gente nunca esquece o que foi um passado real.

Sua fã! sz