2015/12/28

Dia 2181


Escrevo cenas bonitas para que todas as pessoas pensem "Nossa, eu queria ter isso na minha vida", mas não se preocupem. Eu não tive isso também, você não esta sozinho. Escrevo porque de alguma forma queria que essas sensações existissem, nem que fossem no papel fora da minha cabeça.
Bebo para afogar as mágoas. Mas as danadas aprenderam a nadar. A gente sempre sabe quando está acabando, ainda que admitir possa ser um problema na maioria das vezes. Alguns até percebem o exato momento em que tudo começa a mudar, minguar, morrer. Por mais sútil que seja. É a cabeça distante, os olhos distraídos, a boca emitindo silêncios discretos. Uma falta de interesse que surge do nada, aos poucos. De repente, você não é mais cativante o suficiente para aquele alguém. Pensa só, que comédia, - ou drama, no caso. Como pode, não é? Em que ponto tudo começa a ruir? Quanto tempo leva pro amor despencar em queda livre e virar um suicida?
Meus dias cansados, terminam sempre em uma punheta sem graça e a cama vazia. É tão difícil assim ser feliz? É tão difícil se sentir bem sem que alguém te ponha para baixo? Será que alguém sabe me dizer o porque a cada dia a gente perde a vontade de querer se sentir vivo?
Meus dias já foram mais produtivos, em todos os sentidos. Meus sorrisos já foram mais largos e duradouros. Minha disposição para ir em busca de novas pessoas, ou para fazer qualquer coisa que me distraía, já foi mais ativa. Minha agenda telefônica já esteve mais numerada. Minha caixa de entrada hoje já não precisa mais ser checada. Minha janela totalmente trancada. O escuro do quarto, o largo espaço vago na cama, me faz se sentir mais incompleto do que já sou. Sentava-me sempre sobre o fino tapete frio durante horas, imóvel. Devo ter esquecido como me reciclar, é o mesmo pensamento insano sobre o que fazer com a poeria, com o que sobrou de mim. Olha só pra mim, perdido, rodeado de diálogos mortos, procurando algo que viva. Pedindo atenção ao rádio que toca música antiga.

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