2013/12/25

Dia 1685

Joguei meu corpo pela janela, cai da janela do terceiro andar em cima do latão na rua e depois fui arremessado pra calçada. Levantei meio conturbado e tonto, desnorteado. Mas a rosa estava intacta. 
Eu corri metade da cidade, sentindo meus pulmões ja quase pararem de tanto esforço. E o suor por debaixo da roupa quente. Corri tanto que minhas veias pulsavam fluido de bateria ao invés de sangue. E a rosa continuava intacta. 
Senti cada musculo da minha perna se agitar entre tendões e ossos, mexendo e contraindo, esticando e se regojizando em dor. Cada poro do meu corpo abrir tentando achar ar. A garganta secar e o invisivel oxigenio tentar sugar. A rosa, permanecia intacta. 
Passei por carros e ruas, vielas, desviei de postes, senhoras e hidrantes. Tropecei, me ralei, cai e levantei. Só que a rosa ainda estava intacta.
Quando cheguei mal me reconheci. Os olhos afundaram ao rosto, os braços quase não conseguiam se esticar para tocar a campainha sem ajuda. Sem fôlego algum. Mas a rosa, eu protegi, estava linda como o sorriso dela. 
Era natal.
Relacionamento não é só prazer, não é só festa, viagem, risada, diversão, brinde, sexo, beijo, cumplicidade. Relacionamento tem fase chata, de vez em quando é uma merda, tem briga, discussão, chatices, rotina, implicâncias, ciúme, bate boca. A gente tem que lidar, conviver e amar uma pessoa que veio de outra família, outro mundo, tem outra criação, outros costumes, outro pensamento, outro jeito de viver. Você tem que aceitar aquele outro como ele é e isso dá muito trabalho. Da um trabalho da porra.

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