2011/10/16

Dia 686

Talvez seja apenas um pedaço de desastre. Talvez se eu cavar para dentro eu consiga uma consequência. Como é se sentir trancado dentro de outro sonho? Talvez você esteja errado, fudido e superestimado. Talvez eu seja o único com um cérebro. Talvez eu esteja ouvindo as vozes mas tudo que elas fazem é reclamar. E quando fecho meus olhos eu sinto tudo escapando.
É, estamos escondendo esses pequenos pecados de novo. E é ai que essa chuva irá matar todos nós. Ele não sabia de nada. Me parou e me pediu que eu desse tudo. Mas antes que eu conseguisse sacar a minha arma, ele já tinha disparado a dele. Senti o cheiro da pólvora, era pequeno calibre mas o impacto foi maior que um soco. E eu cai.
A principio ocorreu tudo bem. Só depois eu descobri, que aquele dia foi bem o dia que eu morri. Meu coração aplaude dentro dos meus ouvidos, primeiro como uma multidão gritando, depois vai diminuindo, diminuindo, até virar uma única pessoa, batendo palmas com sarcasmo descontrolado.
Pá. Pá.
Pá.
Muito bem.
Adorei as gargalhadas dessa madrugada. É inegável como a verdade pode ser brutal às vezes. Só dá pra admirá-la.
Geralmente passamos a vida acreditando em nós mesmos. "Eu tô bem", dizemos. "Tá tudo bem". Mas às vezes a verdade pega no pé e não tem santo que a faça desgrudar. É aí que percebemos que às vezes ela nem chega a ser uma resposta, mas sim uma pergunta. Mesmo agora, estou aqui pensando até que ponto minha vida foi convincente. Será que todo sorriso esconde uma mentira? Sorria sempre. Seus lábios não precisam traduzir o que acontece no seu coração. E aí está. A estupidez em sua forma mais pura.
Ás vezes, pra você morrer, não precisa nem de arma. Nem de balas. Só das palavras e de uma garota. Todo dia eu morria. Mas todo dia eu nascia de novo.
Ouço meu coração batendo, mas eu não quero. Odeio as batidas do meu coração. São muito altas naquela rua. Elas caem. Direto de mim. Mas então voltam, igualzinho como eram.
Eu ouço.
Eu imagino.
Estou vivo.

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