2011/10/24

Dia 695

A ponta do meu marlboro já estava se apagando, quando ali sentado tudo que eu mais queria era dissecar a história dela. Quando foi a última vez que você conheceu de verdade a história de alguém? Tudo que a pessoa lembra, desde a primeira memória de infância até agora. Ou os poucos fragmentos que ela percebe aparecendo na sua cabeça. Você pode dedicar cinco minutos para isso?
O que seria do mundo, se as pessoas dedicassem mais tempo para conhecer a história? Da menina que ama, do cara que dança na estação de mêtro, da mulher parada no ponto de ônibus, do cara de maleta de couro, do menino que engraxa sapato. Quando foi a última vez que você sorriu para eles? Você sorriu para eles?
O que de mais diferente você fez na sua vida? Dançou na avenida mais movimentada da cidade? Fez encenação no vagão do mêtro? Cantou muito alto dentro do museu? Ou apenas abraçou a recepcionista do seu trabalho, da qual você sempre passa e ela sempre sorri? As pessoas estão muito preocupadas com o que é certo e errado. O que pode e não pode ser feito. O que é moral ou... Imoral. Se eu quiser, eu posso ser um idiota e ninguém tem nada a ver com isso. Se eu quiser, eu posso parar o farol do centro, eu posso me sentar no chão da rua. Nunca diga que eu não posso. Só me dirá isso, o dia que alguém conseguir me transcrever de trás pra frente.
O meu marlboro apagou e muito tempo depois eu fiquei fascinado, pela menina colorida de estrelas no rosto. E foi ali que minha história se juntou com a dela.

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